quarta-feira, 12 de outubro de 2016
George Martin: definitivamente, o quinto beatle
George Henry Martin nasceu dia 3 de janeiro de 1926 em Holloway, norte de Londres. Filho de um carpinteiro, ele cresceu em uma família pobre. Nunca teve treinamento musical, aprendeu a tocar piano apenas ouvindo. Aos 16 anos começou sua própria banda de dança na escola, a George Martin and the Four Tune Tellers. De 1943 até 1948, ele serviu a força aérea britânica. Depois do serviço militar Martin estudou composição e orquestração de música clássica em London's Guildhall School of Music. Seu primeiro trabalho depois de formado foi no BBC's music library. Ele entrou na indústria musical em 1950, como assistente do cabeça da EMI Parlophone Records, e logo foi responsável pelo trabalhos de gravações clássicas. Ele trabalhou com artistas com Stan Getz e Judy Garland se estabelecendo como um produtor de jazz, música clássica e leve. Em 1960 os Temperance Seven deram a ele seu primeiro hit a chegar em número 1 nas paradas britânicas com "you are driving me crazy".
Depois de ver subir outro grupo da EMI, Cliff Richard and the Shadows, Martin estava animado para adquirir um grupo de pop para Parlophone. Na mesma época em que Epstein estava desesperado para obter um contrato com uma gravadora para os Beatles. Os Beatles tinham sido recusados pela as maiores gravadora da Inglaterra: Decca, Pye, Phillips e até a EMI- duas vezes. Martin fez um teste em 6 de junho de 1962.
Apesar de achar que a fita de demo dos Beatles tinha sido "meio barulhenta", muito "mal balanceada" e contendo "músicas não muito boas", Martin foi ganho pelo charme liverpudiano dos rapazes. "Eu gostei deles como pessoas antes de qualquer coisa, e fui convencido que nós tínhamos 'fazedores de hits' ", ele disse a revista Melody Maker em 1971. "Mas eu não sabia o que eles tinham em termos de material". Martin disse para eles tirarem o baterista Pete Best, e eles fizeram, o trocando por Ringo. Mesmo sendo apenas 14 anos mais velho que Ringo, o beatle mais velho, George Martin estava anos-luz à frente dos Beatles em termos de sofisticação e técnica.
No começo, Martin não confiava muito no grupo: "Como compositores, ele não eram bons. Eles não tinham mostrado que eles podiam escrever alguma coisa. 'Love me do' Eu achava bem pobre, mas era o máximo que eles podiam fazer". Martin via a formação de algo mas mesmo assim, ele não tinha a menor idéia no fenômeno que ele estava para ajudar a acontecer. Tanto que a primeira música que Martin apresentou para a banda tocar foi "How Do You Do It", uma composição que ele já tinha em mãos, precisando apenas de um intérprete. Os Beatles relutaram, mas gravaram. Só que sem nenhuma vontade e energia, ao contrário do que fizeram com sua música própria "Please Please Me".
Quando ele fizeram "Please Please Me" em fevereiro de 1963, Martin disse a eles que eles gravariam seu primeiro No 1 nas paradas. Ele logo resolveu fazer um álbum dos Beatles, que ele produziu em apenas um dia. Conhecido com um produtor de gravações ao vivo, Martin tentou capturar a Magia de uma performance ao vivo dos Beatles. Ele achou o que ele estava procurando, particularmente, na voz rasgada do John no final, "Twist and Shout".
Em Março, Martin viu que estava certo. "Please Please Me" foi hit No 1 em algumas listas. Nesse ano Martin iria passar incríveis 37 semanas no No. 1 como produtor dos Beatles e outras bandas, incluindo Gerry and the Pacemakers e Billy Kramer and the Dakotas. Em junho, a Parlophone estava dominando as paradas britânicas, apenas 12 meses depois da audição dos Beatles.
Em setembro, John e Paul tocaram para Martin uma canção que eles tinha acabado de compor em um quarto de hotel. Martin sugeriu que eles fizessem um refrão "chiclete" - "She loves you, yeah, yeah, yeah" - Na frente da canção. "She Loves You" não só subiu nas paradas, como explodiu com fúria e foi logo para a primeira posição. Foi o primeiro single da banda que arrecadou milhões. Nos próximos anos, Martin e os Beatles trabalharam sem parar, conseguindo hit após hit. Infeliz com seu salário na EMI, ele formou sua própria companhia de produção chamada AIR (Associated Independent Recording) em 1964 com os produtores Ron Richards, John Burgess and Peter Sullivan. Mesmo sob contrato para fazer discos com a EMI, os Beatles continuaram a ser produzidos pelo Martin. No final dos anos 60, o AIR Studios foi construído e se tornou um dos mais bem sucedidos do mundo.
Seu ofício na época era organizar os começos e finais das canções, harmonia e solos. Ele sugeriu um instrumento de 4 cordas em "Yesterday", uma idéia radical para um grupo de rock, e contribuiu na parte de "In My Life" com o solo do piano elizabetano, o que foi uma ótima idéia. Ele também escreveu a osquestras para filmes dos Beatles, Hard day's Night e HELP! (mais tarde Yellow Submarine e, com McCartNey, The Family Way e Live and Let Die). Seu papel com produtor dos Beatles estava prestes a ganhar uma nova complexidade, graças a nova tecnologia e o desejo dos Beatles de parar com as turnês e se dedicarem totalmente nas gravações de estúdio. Em 1965, Rubber Soul tinha ido além da performances ao vivo de antigamente. Ritmo, vocal e instrumental eram cuidadosamente combinados em semanas. Esse processo, sem falar na música, alterou a direção do rock. Martin também trazia mais músicos para tocar, mudando o som dos Beatles. Ele compôs o lindo acompanhamento de cordas de "Eleanor Rigby".
Mas foi "Strawberry Fields Forever" o maior teste para o talento de Martin. Escrita por John enquanto estava na Espanha fazendo o Filme How I Won The War, duas versões da música foram feitas em estúdio. Uma tinha um pesada mistura de psicodelismo inspirada na cena da música de São Francisco, a outra mais leve e mais tradicional, com tropetes e cellos. Lennon acabou gostando do começo da 1ª versão e do final da 2ª. O problema era que elas estavam em velocidades e tons diferentes. Martin resolveu esse problema aumentando a velocidade de uma e diminuindo a de outra e juntando as duas metades. Essa música foi uma linha divisória para aqueles que gravavam mais ou menos ao vivo, e aqueles que queriam levar um canção ao extremo da criatividade. As sessões do Sgt. Pepper tinham começado.
Inspirado por um poster de circo, John escreveu "Being for the Benefit of Mr. Kite", dizendo a Martin que queria sentir o clima de circo na música. George procurou sons de velhos órgãos vitorianos a vapor. Ele colocou os sons todos em uma fita, cortou em várias partes, e depois misturou e juntou tudo de novo, alguns sons de trás para frente. Para dar uma atmosfera estranha cheia de efeitos, Martin tocou em um órgão Hammond em meia velocidade.
O verdadeiro circo veio na lendária seção de "A Day in the Life." Com 24 batidas para distanciar os versos de John dos de Paul , os dois sugeriram um tremendo guincho começando baixo e terminado com uma barulho incrível. Martin colocou uma orquestra de 41 peças . Ele começou cada instrumento na nota mais baixa e depois de 24 batidas terminava na mais alta. Martin falou para os músicos para fazer o que fosse possível para ir do ponto A para o B. Muitas celebridades estavam lá incluindo Mick Jagger, Marianne Faithfull, Donovan Leitch and Mike Nesmith. McCartney trouxe chapeis engraçados e narizes falsos e Martin distribuiu para toda a orquestra. "Eu tinha um nariz de Cyrano de Bergerac".
Pepper foi feito em 1967. Quatro anos estavam entre o álbum de 9 horas e 45 minutos de sessões, Please Please Me e Sgt. Pepper que foi feito em 700 horas. Os Beatles começaram a lentamente se separar; mesmo o papel de Martin não tendo mudado fundamentalmente, todos estavam se divertindo menos. Durante as sessões do White Album, Lennon e McCartney se isolaram um do outro, raramente os 4 beatles estavam gravando juntos como no início. Na época de Get Back um tentativa dos Beatles de voltarem as raízes Rock'n'roll (mais tarde com o título de Let It Be), eles não estavam nada unidos, o que é evidenciado pelo filme de 1970 onde mostra a gravação do álbum. Posteriormente foi produzido por Phil Spector, George Martin e paul McCartney não gostarm muito do resultado da produção de Spector. A banda decidiu então deixar Martin fazer uma verdadeira produção em Abbey Road. O último trabalho dos Beatles.
Nos anos 70 e 80, Martin produziu álbuns de Mahavishnu Orchestra, America (7 álbuns), Jeff Beck (2), Neil Sedaka, Jimmy Webb, Cheap Trick, Kenny Rogers e Paul McCartney (Tug of War, Pipes of Peace e Give My Regards To Broad Street). Um dos melhores desses foi o de Jeff Beck, Blow by Blow. Foi um sucesso artístico e um álbum muito vendido chagando a hit nº 4 em 1975. Martin abriu AIR Studios em Montserrat em 1979; mas foi destruída por um furacão em 1989. No meio dos anos 90, Martin voltou a desmpenhar seu papel familiar preparando músicas inéditas dos Beatles para os três volumes do Anthology. O primeiro volume entrou nas paradas americanas em 1º lugar.
Ele foi condecorado em 1996 e recebeu um Grammy especial pelo trabalho que desempenhou durante toda a vida. Um ano depois, George Martin produziu seu 30º hit nº 1 na Inglaterra, "Candle in the Wind", de Elton John, um single de caridade gravado após a morte da Princesas Diana, que se tornou o single mais vendido de todos os tempos. Nas palavras de Martin: "Provavelmente meu último single. Não é um ruim para terminar". No mesmo ano Martin fez um concerto beneficente para a Islândia com McCartney, Eric Clapton, Elton John e Sting.
Depois de quatro décadas na indústria da música, Martin lançou em 1999 "In My life", uma coleção de canções dos Beatles gravadas por comediantes como Robin Williams e Jim Carrey e músicos como Jeff Beck and Phil Collin (A versão de Beck de "A Day in the Life" foi nomeada para o Grammy). Martin está com sua esposa desde os anos 60, Judy Lockhart-Smith, sua antiga secretária da Parlophone. Eles tem quatro filhos.
Martin pode não estar produzindo discos, mas não está aposentado; ele ainda cuida da AIR Studios, e se tornou sócio da Garageband.com, uma iniciativa da internet de procurar novos talentos. Os Beatles entraram no Rock and Roll Hall of Fame em 1988. Martin finalmente conseguiu em 1999.
Com problemas auditivos, George Martin se afastou gradativamente dos trabalhos na produção (esse foi o motivo alegado por ele não ter produzido "Free As A Bird" e "Real Love"). Faleceu em Londres, em 8 de março de 2016, mas a 'Dinastia Martin' continua, através do seu filho Giles Martin, que já produziu, entre outros, os álbuns Love, as músicas do game The Beatles: RockBand e o álbum The Beatles Live At The Hollywood Bowl.
"O produtor é a pessoa que lapida o som" (Sir George Martin)
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