segunda-feira, 31 de outubro de 2016
The Beatles - A Hard Day's Night (1964)
No começo de 64, ainda na turnê francesa, e se preparando para invadirem a América, os Beatles começaram a gravar o seu terceiro álbum, enquanto ainda gravavam as versões alemães de I Want To Hold Your Hand e She Loves You. Então, além de aproveitarem para rever a vista (John e Paul estiverem em Paris no ano de 61, quando Mimi, tia de John, deu-lhe dinheiro de presente por seu aniversário de 21 anos e ele resolveu fazer esta viagem de presente ). John e Paul aproveitaram para compor algumas canções no quarto do hotel George V. E talvez por isso, pelo excesso de material é que neste álbum aconteceu um fato inédito que deve ter entristecido muitos fãs de George, ansiosos por ver a continuidade de seu processo de criação iniciado em "Don't Bother Me": só contém composições de Lennon & McCartney, nada de cover ou Harrison's songs.
Possivelmente pelo fato de George não ter desenvolvido seu estilo de compor ainda, pois embora, seja conhecido do público atualmente que You Know What To Do figuraria no terceiro álbum, foi gravada no dia 3 de junho, quando já deviam estar sendo feitas as mixagens. Provavelmente deve ter se perdido, assim como aconteceu com as demos de várias canções que os Beatles gravaram antes de cedê-las para outros cantores como Cilla Black ou Peter & Gordon, uma vez que só havia um take e nas documentações dos Estúdios Abbey Road até os anos 80 não consta nenhuma documentação desta gravação e de No Reply, contudo as mesmas estão no álbum Anthology, data de 3 de junho. Devem ter sido achadas somente agora depois de quase trinta anos.
Bem , mas de qualquer forma este álbum marca a introdução dos rapazes no cinema, mas não como fizera Elvis, aqui eles fazem seus próprios papéis, vivendo experiências muito conhecidas do seu cotidiano na época, tudo regado pelo seu bom humor, característico de sua terra. Já estão consolidados mundialmente, inclusive na terra de origem do rock'n'roll, portanto neste álbum, embora, apresentem a mesma disposição para cantar agitadinhas como "Can't Buy Me Love" ou "You Can't Do That", é nas baladas já com letras mais reflexivas que eles revelam seu atual estado de criação.
Lado 1
A Hard Day's Night
Os rapazes haviam acabado de voltar da bem sucedida turnê americana e já começaram a rodar seu primeiro filme, ainda sem título definido e já tinham que pensar nas canções do álbum e em apresentações nos teatros e TVs inglesas. Foi aí que Ringo falou a famosa frase "It's been a hard day..." e percebendo que já era de noite completou "...night". Então, como esta seria uma ótima idéia para o título de uma canção e do filme pelo fato de traduzir a rotina dos rapazes tão bem, ficou decidido que John e Paul deveriam compor algo com este título, o que não era nada fácil, pois eles estavam acostumados a compor as melodias e depois pensar no título. O título do filme foi anunciado no dia 13 de abril, e no dia 16 eles ficaram o dia inteiro concentrados nesta canção que abriria o primeiro filme e o terceiro disco. Ficou decidido que deveria haver um impacto inicial, então George Martin e Harrison trabalharam até conseguir um acorde que pertencesse à escala e ao mesmo tempo soasse estridente. Logo foi achado o acorde G4, usado mais como acorde final do que inicial, mas todos, inclusive Martin, acharam que ele era exatamente o que queriam. A track 1 foi só de ritmo básico. A track 2 foi a primeira a receber vocais de John (um deles) e Paul. A track 3 recebeu ainda piano, bongôs, bateria, violão e o solo final. Em nove takes estava pronta uma das melhores músicas de todos os tempos !
I Should Have Known Better
Gravada pela primeira vez no dia 25 de fevereiro, quando foram feitos três takes, se apresentava bem diferente da versão final. John fazia um solo mais ao estilo de Bob Dylan (já anunciando o que iria acontecer no próximo álbum) e George finalizava-a com sua guitarra. No dia seguinte, eles refizeram tudo (4-22), sendo o take 9 escolhido o melhor, mesmo sem a harmônica e o vocal dobrado sobrepostos do 22. John toca violão, além da gaita. No filme eles estão em uma espécie de gaiola, num compartimento do trem, jogando cartas e tocando. Do lado de dentro também está Pattie Boyd, futura esposa de George. Do lado de fora, estão algumas garotas.
If I Fell
John de novo toca violão nesta considerada uma progressão de "This Boy", por causa de sua estrutura complexa e por apresentar harmonias vocais intricadas de John e Paul num só microfone. Surpreendentemente foram feitos só 15 takes, sendo que só a partir do terceiro, Martin sugeriu uma bateria mais pesada. E o violão pungente de John na abertura foi introduzido a partir do take 11. John começa praticamente recitando sozinho os primeiros versos, e depois Paul entra com a melodia, deixando para John uma harmonia mais grave, nada fácil de ser reproduzida. Muitos podem até ouvir uma terceira voz, mas são só os dois mesmo, o fato é que eles cantam tão sicronizados que sugerem até uma terceira voz.
I'm So Happy Just To Dance With You
Gravada pela primeira vez no dia 1º de março (quatro takes), sendo os dois primeiros só de ritmo, com os instrumentos normais. No take 4 foram sobrepostos os vocais dobrados de George e os backing vocais vigorosos de John e Paul e o Ringo no tom tom. Foi John quem escreveu esta especialmente para George, provavelmente pelo fato de ele ser conhecido como um pé de valsa, ou melhor de rock'n'roll, o que todos os vídeos dos Beatles confirmam.
And I Love Her
Um bolero bem ao estilo de Paul nesta época. No cinema quando o filme passou, na parte em que Paul aparecia cantando isso, e a câmera dava close em sua face, muitas mocinhas gritavam ou desmaiavam. Gravada também, no dia 25 de fevereiro e refeita no dia seguinte, quando Ringo trocou a bateria por bongôs e claves. Mas o som ainda não agradou aos Beatles que a refizeram no dia 27, sendo que o segundo take do segundo remake foi o melhor.
Tell Me Why
Gravada pela primeira vez em 27 de fevereiro em oito takes, sendo o oitavo o melhor. Aqui John e Paul fazem ao contrário: John canta a melodia aguda (geralmente canta no grave) e Paul faz a harmonia grave (geralmente aguda) demostrando que são realmente virtuosos e que apesar do pouco conhecimento que tinham de técnica vocal na época, eram realmente bons na prática. Só em algumas partes é que Paul para complicar ainda mais, vai ainda mais agudo que John. Aqui novamente homenageiam os grupos femininos em "Is there anything I can do" quando cantam bem agudinho, ao estilo delas.
Can't Buy Me Love
Gravada pela primeira vez em Paris no dia 29 de janeiro, sendo portanto a primeira a ser gravada em 4 takes. Neste dia era bem diferente da versão que ficou conhecida. 1º take Paul canta bem negróide (ao estilo que adotaria para She's A Woman) e John e George adotam backings bem no estilo como Ooh satisfied, ooh just can't buy descartado depois do take 4, quanso ganha vocal duplo e guitarra de George. John e George volta a adotar estes vocais em algumas apresentações ao vivo em 64 (uma delas está no disco The Beatles - Anthology I) Eu particularmente acho até melhor com estes vocais "ooh satisfied". Conta a lenda que antes deste dia eles já haviam gravado num camarim com John, Paul e Ringo apenas, pois George estava no toalete. Ringo "tocou" numa mala, eles começaram direto em "I'll buy you diamond rings" e não em Can't buy me love... A gravação termina e se ouve George dando a descarga, mas não se sabe se esta gravação ainda existe ou se realmente algum dia existiu.
Lado 2
Anytime At All
Gravada em 2 de junho (7 takes só de ritmo e o 1º vocal de John) e deixada para mais tarde por não terem idéia de como fariam no middle-eight. Mas retomada no mesmo dia já com idéias para o miolo com piano, guitarras e a introdução de um vocal resposta de Paul. Sendo o 11º take o melhor.
I'll Cry Instead
John queria incluí-la na trilha sonora do filme, mas parece que ou não ficou pronta ou não agradou a Richard Lester. Foi gravada em duas sessões : A e B. Sendo três takes de cada editados juntos, mais tarde. Embora, muitos achem que soaria melhor na voz de Ringo, pelo estilo, pela letra você percebe por que optou por cantá-la. John troca sua jumbo pelo violão e o pandeiro e George adota um solo misturado de country e rock'n'roll.
Things We Said Today
John de novo toca violão, além do piano, que deveria ser limpo na mixagem, mas, que como não estava bem separado, acabou aparecendo ao fundo. Gravada pela primeira vez em 2 de junho em três takes, sendo o segundo completo e o terceiro, o segundo vocal de Paul, que foi dobrado sobre o segundo take.
When I Get Home
Gravada pela primeira vez em 2 de junho, em 11 takes. John tem sua chance de exercitar sua aparente agressividade vocal numa espécie de soul/rock, sendo mais um tributo ao estilo dos negros.
You Can't Do That
John novamente brinca com o estilo negro de cantar, desta vez mais exatamente Wilson Pickett, de quem eram admiradores , também. Paul toca sino e Ringo bongôs, além dos instrumentos normais e George introduz o violão de 12 cordas no som dos Beatles. O take 9 foi escolhido como o melhor.
I'll Be Back
Aqui eles fazem diferente dos álbuns anteriores : decidem por terminar com uma canção própria, mais bem elaborada e doce, talvez anunciando o estilo dominante do próximo álbum. Uma das canções do álbum que expressam a vontade de retornar ao lar (tipo When I Get Home, e o meio de A Hard Day's Night) Foi gravada pela primeira vez em 1º de junho em 16 takes, sendo 9 de ritmo e os outros 7 dos vocais dobrados de John no miolo e vocalização de Paul. John e George tocam violão e a canção termina com o clima do comerço, dando idéia de uma continuação. Eles realmente iriam voltar.
Foi lançado em 10 de julho.
Parlophone PMC 1230 (mono) e PCS 3058 (stereo), assim como o single "A Hard Day's Night"/"Things We Said Today". Parlophone R 5160
Por Marcelo Scavazza Sanches
Silvio Santos: "Paul McCartney ainda existe? Ele não morreu?"
Silvio Santos chamou Paul McCartney de "velho" e quis saber se ele ainda estava vivo ou aposentado, sem cerimônia e sempre em tom de brincadeira. Durante o seu programa, exibido neste domingo (30), o apresentador e dono do SBT selecionou alguns vídeos enviados por telespectadores que se encontraram com celebridades eventualmente e em determinados lugares públicos.
Num deles, Wesley Neves - morador do Mato Grosso - encontrou com o ex-Beatle nas ruas de Paris, França, fez a selfie e mandou as imagens para a produção do programa do Silvio. "Paul McCartney ainda existe? Ele não morreu? Eu só acredito vendo", disse Silvio. "Para [a imagem]. É esse que é o Paul McCartney? Meu Deus, está parecendo... Está velho, hein, companheiro?", ironizou o apresentador.
Silvio não parou por aí e foi além na brincadeira ao especular sobre o relacionamento do músico com uma mulher 40 anos mais nova. Ainda durante o seu programa, o "homem do Baú" também brincou com Roberto Carlos e debochou da careca do rei. "Está velho, cabelo branco, sem cabelo na testa, está numa pior", afirmou.
sábado, 29 de outubro de 2016
The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)
Em meados de 67, o chamado "Verão do Amor" estava prestes a acontecer, que iria desencadear uma série de festivais musicais ao redor do mundo. De 57 a 67, parecia que haviam passado muito mais que dez nos, pois se até aquele momento a ordem era aproveitar a vida ao máximo, já que a guerra não poderia ser evitada, e as letras ou eram ligeiramente sexuais ou bem puras, sem qualquer contexto político ou pacifista, com um arranjo eletrizante por trás. Ou melhor dizendo, de 64 a 67 a mesma geração já não pensava do mesmo jeito, pois embora ainda houvesse quem sonhasse com a volta dos Beatles à estrada, a grande maioria agora estava voltada para o conhecimento espiritual, ou engajado em manisfestações ou simplesmente curtindo a vida. E logicamente isto refletiu na música.
Quando os Beatles fizeram Rubber Soul, todos acharam que chegara o momento de investir em algo mais profundo, logo veio o Revolver e o fim das turnês. Vários grupos que apenas copiavam à sua maneira, os Fab, estavam agora adquirindo identidade própria, colocando guitarras distorcidas, como os Monkees, o Who e os Stones estavam apostando em linhas mais melódicas como "Ruby Tuesday" e "As Tears Go By", influenciados por "Yesterday", ao mesmo tempo que tocavam a pesada "Satisfaction", os Beach Boys haviam deixado a Surf Music e estava fazendo uma espécie de Surf psicodélico. Haviam ainda os Yarbirds, os Byrds, Mamas & The Papas, e inúmeros outros grupos ingleses e americanos.
Com tanta "concorrência" e sons novos no mercado, o fim das turnês, muita gente pensou que os Beatles já estariam ultrapassados depois de um sucesso de mais três anos. Não havia como alguém fazer sucesso sem apresentar sua música ao vivo, mesmo em meio à histeria, e quem comprava os discos eram os fãs que gritavam e lotavam os estádios e que sem eles a banda acabaria terminando.
Mas enquanto os rapazes estavam compondo e trabalhando no estúdio com a idéia de lançar um disco sobre suas infâncias, mas um lançamento seria necessário, afim de parar os boatos de separação que corria nas ruas, e decidiram por lançar o single "Penny Lane/Strawberry Fields Forever", sem qualquer citação sobre qual era o lado A e o B, o que caberia ao ouvinte. Mas ainda não havia sido suficiente para calar a boca da crítica. Vale lembrar que o rock ainda era tido como música de marginais (será que hoje finalmente ela não é?) e inferior até mesmo ao blues, e que um grupo popular jamais faria sucesso por tanto tempo, ou conseguiria amadurecer seu som, sem que ele soasse "chato". Mais os Beatles seriam pioneiros novamente.
Lado 1
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club BandRuídos, afinação de instrumentos seguidos por uma guitarra abrem triunfantemente o disco e a faixa homônimos. Uma nova revolução provocada pelos FAB estava tendo início... Paul injeta seu baixo direto na mesa de gravação, sem usar um amplificador, abusando do timbre do seu Rickenbacker 4001C, ganho no ano anterior. Foi a primeira vez que alguém ousou fazer isto, o que deu um efeito inovador ao conjunto da música. E ainda toca guitarra base. John toca guitarra solo, assim como George, e fazem vocalizações, Ringo toca bateria e vários músicos foram recrutados da Orquestra Sinfônica de Londres para formar um naipe de metais e recriar o clima das bandas de fanfarras (dos parques de antigamente), sendo James W. Buck, Neil Sanders, Tony Randals, John Burden e G. Martin toca órgão. Foi gravada pela primeira vez em 1º de fevereiro, sendo feitos nove takes, terceira a ser gravada.
With A little Help From My Friends
Desde o início estava decidido que esta canção não iria apenas seguir a faixa título, mas sim segui-la, como se fossem um só tema. John toca sino e faz backing, não há guitarra base, portanto, o ritmo é segurado pelo baixo de Paul, que também toca piano e faz backings, George toca pandeiro e guitarra solo, Ringo dá sua contribuição vocal, numa canção composta basicamente por John para ele cantar. Diz a lenda que havia uma frase "What do you think if I sang out of tune, would you throw tomatos on me?" mas, que Ringo teria pedido que colocassem outra, pois ainda tinha lembranças dos dias em que jogavam jujubas, latas e até cadeiras no palco, e tinha receio que virasse uma nova mania. Dez takes foram feitos logo no dia 29 de março, sendo a décima segunda a ser gravada. O take 10 foi reduzido, criando um novo e várias sobreposições foram feitas.
Lucy in The Sky With Diamonds
Julian, filho de John, chegou em casa um dia com um desenho de uma menina num céu de estrelas, fazendo com que a cabeça de John retinisse e ele criasse uma canção inspirada em Alice no País das Maravilhas, um de seus contos favoritos. Mas isto deu muito pano para manga, pois depois que eles se confessaram usuários de drogas, todas suas canções começaram a ser investigadas, e descobriram que este título em siglas significava L.S.D., e a letra totalmente ao estilo poético de John, reforçava esta opinião. Mas a verdade era que foi realmente Julian, uma criança de quatro anos, na época que fez um desenho sobre sua colega de escola chamada Lucy O'Donnell.
Curiosamente, no primeiro registro da canção no estúdio houve apenas um ensaio e não gravações, uma coisa considerada extravagante, mas necessária neste auge de suas carreiras. Somente no dia 1º é que a canção foi finalmente gravada, em sete takes e uma redução, sendo a oitava a ser gravada.
Getting Better
Paul estava caminhando um dia, parece que com sua cadela Martha, quando lembrou-se de Jimmy Nichols, que tocou com eles em 64, quando Ringo operou as amígdalas, que sempre quando lhe perguntavam como iam as coisas, o otimista baterista respondia: "Está melhorando". O que gerava muitas brincadeiras. Então, a partir daí, teve a idéia principal para a letra.
As primeiras gravações foram feitas no dia 9 de março, quando sete takes foram só de ritmo, com participação de Martin tocando as cordas e não as teclas do piano. Bem inovador, sem dúvida. Reduções feitas do 7 e do 8 até o 12º. George faz um excelente trabalho vocal, roubando a cena dos vocais principais de Paul e toca, além do solo, um instrumento chamado tampura, que só foi adicionada dia seguinte. Ringo toca bateria e bongôs, os outros, os de praxe. Foi a 9ª a ser gravada.
Fixing A Hole
Mais uma vez os "intérpretes" pegaram no pé dos rapazes, dizendo que a letra se referia ao buraco causado pelas drogas injetáveis, contra as quais eles sempre foram contra. Paul estava se referindo ao buraco por onde a chuva entra, numa analogia brilhante entre este buraco e o buraco mental que faz a mente vagar, sem seguir em frente. (Pode servir como conselho a estes intérpretes)
No dia 9 de fevereiro, foi gravada pela primeira vez já com vocais e não só instrumentação. Situação incomum para estes dias. Há dúvidas se quem toca o cravo é Paul, pois embora Neil Aspinall tenha dito que foi ele, há registros de que a obra foi gravada em três takes ao vivo e Paul figura tocando baixo e cravo em todas. Como sabemos que ele é ótimo, mas não tem quatro mãos, então provavelmente o cravo deve ter sido tocado por outra pessoa, ou sobreposto mais tarde. John toca maracas. Foi a quinta a ser gravada.
She's Leaving Home
Paul leu uma estória no Daily Mail, sobre uma jovem de nome: Melanie Cole que abandonou a casa de seus pais ricos. Assim como John, Paul também tirava muito de sua inspiração em meio aos jornais, mas sempre fazendo uso de sua veia lírica.
Foi gravada pela primeira vez em 17 de março, a décima-primeira, em seis takes só de cordas, harpa, violinos, violoncelos e contrabaixo executados por Erich Gruenberg, Derek Jacobs, Trevor Williams, José Luis Garcia, John Underwood, Stephen Shingles, Dennis Vegay, Alan Daiziel, Gordon Pearce e Sheila Bromberg. Sòmente no dia eles adicionaram vozes. Apenas John e Paul cantam nesta faixa e a voz de John foi gravada duas vezes e sobreposta ao backing original, dando um efeito um pouco metálico. Diz a lenda que nesta faixa há uma citação à hora em que Paul teria sofrido o acidente.
Being for The Benefit of Mr. Kite
John se inspirou num cartaz de propaganda de um circo do século XIX de propriedade dePablo Fanque para escrever esta, que recebeu o título de "Salvador Dali Oral" de George Martin.
Gravada pela primeira vez em 17 de fevereiro, no mesmo dia do single Strawberry Fields / Penny Lane", foi a sexta, com 7 takes mais dois de reduções e sobreposições. Os primeiros sete foram apenas instrumentais : baixo, bateria e harmoniuns, tocados por George, Ringo, Mal Evans e Neil Aspinall. Muitas sobreposições foram feitas em vários dias de gravação, com John tocando órgão, Martin órgão Wullitzer e piano, George bateria, Paul baixo e guitarra.
Mas, depois de tantos dias, o resultado ainda não se parecia com o som que John tinha em sua cabeça: ele queria que soasse como um circo e Big George teve que se virar para fazer um arranjo que soasse como isto. Como não encontrou nada, teve a idéia de cortar as fitas em pedacinhos e juntá-las, teoricamente, ao acaso. Teoricamente, pois nada na vida é por acaso. A idéia deu certo e agradou John e os outros Beatles, e a milhares de ouvintes do mundo inteiro, pois soa popular e erudita ao mesmo tempo, e no solo dá até para sentir tontura, digna de um carroucel.
Lado 2
Within You, Without You
George compôs esta obra na casa de Klaus Voormann (amigo alemão dos tempos de Hamburgo, da turma de Astrid Kirschner, desenhista da capa de Revolver, que viria a se tornar baixista da Plastic Ono Band e desenhista das capas dos "Anthology"), em Hampstead, Londres.
Foi gravada a primeira vez em 15 de março, em um take. No estúdio estavam presentes apenas George, Neil Aspinall, os funcionários, Martin e músicos contratados. Violinos: Erich Gruenberg, Alan Loveday, Paul Scherman, Ralph Elman, David Wolshal, Jack Rothenstein e Jack Greene Violoncelos: Reginald Kilbey, Alan Ford e Peter Beaven Tabla, dilruba e sword mandel foram executados por músicos indianos, amigos de George. Neil e George tocam tamboura.
Mas uma vez George recorreu ao ADT, afim de conseguir um efeito incrível para sua única composição no disco, única, mas especial. Nela, George exercita seu lado devocional mais profundamente, mostrando tudo que havia aprendido até ali. De novo, os especuladores "cutucam" uma faixa, dizendo que o título seria sobre Paul, que na verdade, significa: com ou sem você.
When I'm Sixty-Four
Foi gravada pela primeira vez em 6 de dezembro, inspirada nos 64 anos que seu James McCartney, pai de Paul, completara em julho. Por isso, o clima nos leva de volta aos anos das Big Bands dos anos 20 e 30, quando o jazz americano e o vaudeville inglês reinavam absoluto, época em que Mr. McCartney tinha sua banda. Paul toca piano, baixo e faz o vocal e um dos backings, John toca guitarra solo e faz backing, George faz backing, músicos de estúdio tocam clarinetas.
Um detalhe audível incrível que prova a inteligência musical dos rapazes, é no trecho musical que segue na segunda parte: "We shall scrimb and save" quando eles repetem vocalmente o mesmo acorde dado pela guitarra na primeira parte "You'll be older, too". Diz a lenda que a melodia foi composta nos idos de 62, mas não há provas concretas sobre isto.
Lovely Rita
Paul compôs esta, logo após saber que nos EUA chamavam as "parquimeters" de "meter maids" (moças que controlam o estacionamento dos carros e os multam).
Seria uma canção de ódio, pois a tal Rita o multou e levou seu carro embora, mas, sendo um Beatle, ele resolveu amá-la, então na canção ela se tornou uma garota legal (afinal de contas, estava cumprindo a lei). George, John e Paul friccionam pentes contra papéis para produzir um som de "cha cha cha". John e George tocam violões, Paul toca baixo e piano com Martin.
Good Morning, Good Morning
John se inspirou num comercial de flocos de milho para criar esta faixa capaz de acordar qualquer um. No dia 8 de fevereiro, quando foi gravada pela primeira vez, porém, não passava de uma canção bem simplesinha, mas mudou muito depois de sobreposições.
Eles recebem a ajuda de um grupo de Kent, The Sound Incorporated, que eles conheceram no Star Club na Alemanha, e que foram contratados por Epstein em 64: Barrie Cameron, David Glyde, Alan Holmes, saxofones, John Lee e A.N. Other, trombones e Tom French, horn. Paul toca guitarra solo, George toca a rítmica, John faz apenas os vibrantes vocais principais.
Ele tinha a idéia de reproduzir o som de uma fazenda, com sons de todo o tipo de animais (inspirado no "Pet Sounds, do grupo americano Beach Boys)
Então, se você não tinha acordado até agora, não iria escapar, pois o final iria ser mais alucinante ainda, uma cadeia alimentar onde animais maiores engolem musicalmente animais menores e de repente somos conduzidos de volta para o teatro onde a banda do Sgt, Pepper se apresentava.
Sgt Pepper's (Reprise)
George Martin, genialmente traça uma analogia entre o carcarejo do galo e a primeira nota da guitarra da banda. Paul conta até quatro para iniciar esta espécie de bis da primeira faixa, com andamento acelerado, sem os metais da abertura com todos os quatro cantando.
Foi gravada a primeira vez em 1º de abril, em nove takes. John toca maracas e guitarra solo, e os outros seus instrumentos normais. Antes que o som desapareça por completo, em meio aos aplausos, entram os acordes daquela que é a mais polêmica das faixas.
A Day In The Life
Esta canção é na verdade junção de duas canções, uma de John e outra de Paul: John começou, mas não conseguia um miolo que o deixasse satisfeito, então perguntou a Paul se ele tinha algo, e ele coincidentemente tinha um miolo, mas não tinha nem começo nem fim da música. E como mágica as duas se encaixaram e se tornaram uma só.
Como esta faixa é a gravação mais complexa de todas realizadas, tentarei fazer o melhor possível, afim de que os detalhes sejam esclarecidos e a curiosidade saciada:
Em seu primeiro dia de gravação 19 de janeiro - foram feitos 4 takes sob o nome de "In the life of..." sem a parte de Paul, apenas com as letras de John, que foram inspiradas em notícias de jornais. No dia 20 foram feitos mais três takes, já com a parte de Paul, título definitivo e sobreposições de outro vocal de John, o baixo de Paul e bateria de Ringo. Havia muito a ser feito, mas o arranjo não estava satisfazendo Ringo e Paul, então foi feito um outro.
Paul percebeu que o meio pedia uma orquestra. Pensou numa orquestra de 90 músicos tocando a menor nota que um instrumento poderia tocar e terminando com um mi maior. Indo de pianissíssimo a fortíssimo. Não haveria partituras e Paul explicaria a Martin o que queria e ele aos músicos profissionais. Eles seriam independentes, tendo o cuidado de fazer algo diferente do outro.
Depois deve ter achado que esta idéia mais parecia ter saído da cabeça de um dodecafônico (músicos eruditos contemporâneos que acham que as escalas tonais podam a criatividade musical) e a orquestra foi reduzida para 41 músicos regidos pelo próprio Paul, mas com o respeito à escala tonal. Não foram usadas partituras e eles tiveram que contar com seu feeling e Martin, que servia de ponte entre os conhecimentos práticos de ouvido de Paul e os teóricos de músicos de orquestra. Finalmente, eles entenderam tudo e se mostravam ansiosos para começar, depois de colocarem narizes e óculos falsos, para completar o clima de fantasia, com Paul regendo com um avental e tudo sendo registrado em filme e fotos!
Foram gravados quatro takes no dia de fevereiro de orquestra. John toca violão e piano, Paul baixo piano, George bongôs e piano, Ringo bateria, maracas, piano e pandeiro, Martin harmônico, Mal Evans conta o tempo (se você separar os sons em canais, ainda vai ouvir sua voz contando, pois não conseguiram limpar tudo, apenas sobrepuseram os sons) toca piano e coloca o despertador que toca antes de Paul "acordar"
Não seria nem necessário mencionar as polêmicas causadas pela canção, primeiro a notícia do fim das turnês e a mudança de visual, o isolamento em estúdio coincidiram com o posterior acidente de moto de Paul, que por causa da letra da música, todos pensaram que era de carro,que foi na verdade tirada de uma notícia de jornal sobre o acidente de Tara Browne, um jovam irlandês. Para eles esta era uma "prova contundente", uma declaração de John em música.
Além disso, girando a faixa ao contrário alguns tiveram mais certeza disso, mas não passava de uma mensagem inaudível para seres humanos (só audível para cães) mesclada com frases que escaparam durante as festas que ocorriam nas gravações do álbum.
Descobriram, ainda uma alusão as drogas "Eu gostaria de ligar", que na verdade, era uma frase corrente nas ruas de Londres na época, mas que não havia sido usada em música, ainda.
A faixa foi proibida de tocar em várias rádios, assim como Lucy in The Sky..., mas não deixaram de virar clássicos famosos. Pois, quem iria deixar de comprar um álbum dos Beatles e conhecer as faixas ?
Quebrando mais barreiras culturais novamente, o álbum foi lançado em 1º de junho de 67, sendo elogiado por público e crítica. Eles conseguiram também, quebrar o preconceito, pela primeira vez todos até os mais conservadores que os criticaram quando foram condecorados poderiam admitir que gostavam deles, sem serem tido como imaturos e ignorantes. Eles haviam crescido. Todos puderam entender por que foi necessário o fim das turnês, que podava sua criatividade.
Embora, alguns proibissem sua música de tocar nas rádios,por julgarem que incitavam o uso de drogas, eles eram considerados revolucionários, mas, não eram uma ameaça pública. Apenas queriam paz, amor e muita música.
Continuando, depois que Sgt. Pepper's foi lançado, muita gente admitiu que gostaria de tê-lo feito e muito daqueles que estavam fazendo sucesso com seus álbuns, como o Pet Sounds, dos Beach Boys, confessaram que não havia nada melhor, era o auge dos Beatles. Brian Wilson, dos Beach Boys chegou a entrar em depressão, julgando que jamais conseguiriam fazer sucesso novamente com os Beatles como concorrentes (ele é realmente bastante carente e depressivo) e só saiu dela depois que Paul declarou que o álbum havia sido inspirado em Pet Sounds, que por sua vez fora inspirado em Rubber Soul. Talvez não há muita semelhança sonora, mas sem dúvida, foi a atmosfera, confirmando a teoria da cadeia musical, ou seja, uma mínima coisa desencadeia uma coisa grandiosa que pode desencadear uma revolução sonora, pelo menos nesta época dourada. E vale dizer, foi gravado em apenas quatro canais (lembram-se de Please Please Me, em apenas dois ?) e com quatro cabeças pensantes e criativas como esta, aliadas à de George Martin e sua equipe, não há necessidade de mais nada.
Por Marcelo Scavazza Sanches
Ouça a nova música de Paul McCartney
Paul McCartney acaba de lançar uma nova música! Aconteceu nesta sexta-feira, 28, e o novo trabalho chama-se “In The Blink Of An Eye”. A canção faz parte da trilha sonora de um filme chamado Ethel & Ernest, uma animação que conta a história de uma família, desde o casamento, nascimento do primeiro filho, Segunda Guerra Mundial e os dias pós-guerra.
O álbum com a trilha sonora está no Spotify, menos a música de Paul, que apenas pode ser comprada no iTunes. É a primeira música lançada por Paul McCartney desde o álbum NEW, de 2013.
“Eu sabia que Paul era um grande fã de animações e que o livro Fungus, de Raymond Briggs, tinha inspirado a música ‘Bogey Music’", disse Roger Mainwood, diretor do filme. "Então, eu perguntei a Raymond se ele não gostaria de escrever uma carta para Paul e ver se ele estaria interessado em escrever uma música para Ethel And Ernest. Nos encontramos e ele fez um CD que incluía uma canção chamada 'Mum And Dad', que se tornou “Blink Of An Eye”".
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
The Beatles - With The Beatles (1963)
Com o sucesso do primeiro álbum, os singles anteriores "Love Me Do" e "Please Please Me" e os posteriores "From Me To You" e "She Loves You" (que foi o compacto mais vendido de todos os tempos até 78, quando perdeu a posição para "Mull of Kintyre", dos Wings) e fantásticas turnês ao redor da Inglaterra, Martin viu a necessidade de impor a meta de dois LPs por ano, afim de que eles comprovassem que realmente haviam vindo para ficar.
Para isso, ao invés de apenas um dia de gravação foram necessários mais de cinco dias espalhados em quatro meses; pois não tinha como programar mais de cinco dias de gravação em Abbey Road, pois tinha turnês, programas de rádio, entrevistas, e eles ainda "moravam" oficialmente em Liverpool e deveriam ter tempo para compor material novo.
Os jovens e inexperientes meninos de um ano antes que nunca tinham pisado em um estúdio profissional, deram lugar a rapazes espertos e curiosos. Como compositores John e Paul estavam ainda mais profundos e suas características, embora imperceptíveis na época começavam a aparecer, contribuindo para a união neste momento e a definição do estilo de cada um. George, por outro lado também estava despontado como compositor, ainda sem seu estilo característico mas, com um charme inestimável.
Além disso este foi o primeiro álbum ouvido nos paises americanos (tipo Brasil com Beatlemania e EUA com Meet The Beatles) Isto e muito mais fazem de With The Beatles no mínimo marcante, pois a partir daí, à semelhança do que havia acontecido com os singles "Love Me Do" e "Please Please Me", quando Liverpool cedeu seus rapazes para toda a Inglaterra, ela seria obrigada a cedê-los para o mundo.
Lado 1
It Won't Be Long
A explosiva primeira canção levou 23 takes na segunda sessão de gravação (30 de julho) pois, mesmo depois de 10 takes, sendo 2 deles sobreposições, a mesma se apresentava incompleta. Então, eles retornaram a ela mais tarde fazendo mais doze. John entra direto sem introdução, dando o melhor de seu vocal nesta canção que, embora não seja das mais conhecidas é tida por alguns como o melhor início de um álbum. Deve-se destacar as fantásticas harmonias de Paul e especialmente George que, apesar de ter uma voz tão aguda quanto Paul sempre se utilizava de seu registro grave, afim de que John cantasse na sua altura natural e Paul brilhasse no agudo. Este é para mim o melhor backing feito por George, nada fácil de ser reproduzido.
All I've Got To Do
Foi gravada pela primeira vez em 11 de setembro, quando foram feitos 15 takes (sendo oito começos falsos e um overdub). Assim como havia acontecido com Paul desde que começou a compor mais ou menos em 57, e com Lennon & McCartney em 59, John também, estava adquirindo experiência e evoluindo em suas composições, criando belos arranjos, explorando novas tonalidades e desenvolvendo seu próprio estilo de compor, o que iria mudar o som do grupo e ter boas e más consequências... John faz uso de seu característico vocal de balada começando doce e liberando sua agressividade perto do final, mas desta vez ele retorna à doçura inicial na "Boca chiusa" Foi inspirada em Smokey Robinson and The Miracles, grupo vocal negro da Motown, cujo uma das vocalistas era uma mulher, do qual gostavam muito e fingiam ser.
All My Loving
Esta Paul compôs a letra antes da melodia, como um poema. Quatorze takes foram feitos sendo 12-14 só de overdubs e a master foi um overdub do take 14, no take 11. Embora, a maioria só se lembre do vocal principal é no baixo que Paul mostra a que veio. John e George contribuem no "oo..." e George pega a melodia na segunda parte indo Paul para uma voz mais aguda, o que resulta num belo dueto.
Don't Bother Me
Foi gravada em 11 de setembro quando recebeu 7 takes. A primeira composição de George escrita sobre um período em que o músico querendo ficar sozinho (sem repórteres) pede que não o amolem. No dia seguinte eles continuaram até take 19, que recebeu sobreposições do 15 para o 13 (vocal dobrado de George) Paul nas claves John no pandeiro e Ringo num bongô árabe (cortesias do Abbey Road Studios).
Little Child
Começou a ser gravada em 11 de setembro quando foram gravados 2 takes e retomada no dia seguinte (mais 15 takes) sendo o take 7 o melhor, recebendo sobreposições de harmonica (take 13) e piano de Paul (take 15) e o solo do meio de harmonica de John (take 18) dentro deste Sem dúvida um rhythm & blues para ninguém colocar defeito que soa uma mistura de "Clarabella" com "I Saw Her Standing There".
Till There Was You
Começou a ser gravada em 18 de julho. Como o primeiro álbum foi um standard se fazia necessário repetir a fórmula de impacto com novos números, então eles resgataram esta canção das fitas do Decca, por ser uma canção com acordes bem construídos,de inspiração latina, requerer um vocal totalmente doce, assim como "A Taste of Honey" É uma regravação de uma canção do musical "The Music Man". Lógico que é Paul que usa de todo o seu mel vocal para adoçar ainda mais contexto da canção, fazendo muitas mocinhas bem comportadas terem ataques histéricos e suspirarem como no Ed Sullivan Show, em 64. No segundo dia (30 de julho) Ringo optou por um par de bongôs, para não quebrar o clima romântico. Take 8 foi considerado o melhor.
Please Mr. Postman
Apesar de considerarem este número das garotas Marvelettes uma das canções que eles gostariam de ter composto, eles só a gravaram por sugestão dos fãs. A primeira vez foi em 30 de julho, quando foram feitos 9 takes, sendo 9 no take 7, considerado o melhor.
Lado 2
Roll Over Beethoven
Eles resolveram regravar um cover de Chuck Berry que marcou muito a sua época. Mais uma vez contrariando o padrão de regravar apenas desconhecidos. Conta a lenda que John fazia o vocal e que George só começou a cantá-lo na Alemanha. Foram feitos 8 takes, sendo o 5 considerado o melhor.
Hold Me Tight
Primeira a ser gravada ainda nas sessões de "Please Please Me ", quando foram feitos 13 takes, que infelizmente não existem mais. Foi retomada em 12 de setembro quando foram feitos 9 takes, sendo o 29, o melhor. Foi inspirada no vocal dos cantores negros, principalmente o grupo feminino The Shirelles.
You Really Got A Hold On Me
Finalmente uma original de Smokey Robinson and the Miracles. Eles respeitaram o arranjo original apenas trocando o sax por uma guitarra. George faz a harmonia grave para John que desta vez surpreende (realmente seu vocal é surpreendente) e canta aguda, Paul deixa os dois brilharem e só se junta nos backing a partir da segunda parte e o resultado é de deixar qualquer um boquiaberto. Começou a ser gravada no dia 18 quando 7 takes foram feitos, sendo quatro completos.
I Wanna Be Your Man
Foi gravada pela primeira vez em 11 de setembro (1 take) e retomada no dia 12, ficando ainda insatisfatória e tendo sua versão aprovada somente no final de outubro. Foi o segundo single dos Rolling Stones e seu primeiro hit. Conta a lenda que em setembro de 63, Paul e John convidaram o ex-secretário de Brian Epstein, Andrew Oldham, e na época agente dos Stones para uma carona no taxi onde eles estavam. Ele foi e eles acabaram indo a um lugar onde os Stones estavam tocando. Os rapazes e os Stones ainda não eram rivais musicais, pois, eles já estavam consolidados com um album e dois singles batendo recorde de vendagem e os Stones, apesar de um single, ainda eram desconhecidos e precisam encontrar uma canção que estourasse. Não se sabe se eles pediram ou se L&M oferesseu a canção, ainda incompleta, a qual eles aceitaram no ato. Então, a dupla pegou uma guitarra e terminou-a no banheiro, talvez o único local com uma acústica boa ou sem barulho externo. Quando eles voltaram, os Stones não acreditaram e ficaram "petrificados" com sua rapidez. E a partir daí uma nova dupla se fornou : Jagger e Richards e uma nova banda alcançou o primeiro lugar das paradas. Ringo além de cantar e tocar toca maracas.
Devil In Her Heart
Cover do grupo The Donays, sendo um grande hit para elas. George impõe um vocal tranqüilo contrastando com a euforia de John e Paul (de acordo com a letra), sendo necessários só seis takes no dia 18 de julho. Ringo novamente toca bateria e maracas.
Not A Second Time
Foi gravada a primeira vez em 11 de setembro, nove takes, sendo o 6º reduzido no 9º , inclusive o vocal dobrado de John e o piano de Martin. Diz a lenda que muitos críticos perceberam cadências parecidas com as da Canção da Terra de Gustav Mahler, comprovando o amadurecimento musical adquirido com a ajuda de Martin. Mas segundo John serão pássaros exóticos?
Money (That's What I Want)
Se o primeiro álbum foi um estouro, certamente uma das razões foi a escolha minuciosa de cada canção e sua sequência, então seria bom repetir o mesmo tipo de vocal que fechou o primeiro neste aqui. Sendo assim um outro cover de outro artista negro, gravado originalmente por Barret Strong, da Tamla Motown, também, resgatada no repertório do Decca. John novamente põe para fora toda sua agressividade dizendo que amor é bom mas, ele quer dinheiro, o que não conduzia muito com o seu pensamento, pois apesar de ter dito quando adolescente em se casar com uma milionária, John acreditava totalmente no amor. Foram necessários 7 takes, desta vez sem sua garganta doer tanto, pois estavam mais tranqüilos. O trabalho dos rapazes terminara, mas para Martin e os outros ele estava apenas começando, pois ainda seria preciso dias e dias de mixagem. Eles haviam evoluído muito desde seu primeiro disco, já eram jovens astros e a confiança em seu potencial não era infudada. Agora sabiam que Martin os trataria como profissionais e não como aspirantes. E para Martin eles estavam ficando cada vez melhores, e em tão pouco tempo. No final do ano, John e Paul foram eleitos os compositores do ano. Na Europa inteira pessoas se aglomeravam nas portas dos teatros para vê-los, mas, para os americanos eles apenas mais um grupinho estrangeiro querendo vencer na terra do rock'n'roll... até aquele momento.
Por Marcelo Scavazza Sanches
Para isso, ao invés de apenas um dia de gravação foram necessários mais de cinco dias espalhados em quatro meses; pois não tinha como programar mais de cinco dias de gravação em Abbey Road, pois tinha turnês, programas de rádio, entrevistas, e eles ainda "moravam" oficialmente em Liverpool e deveriam ter tempo para compor material novo.
Os jovens e inexperientes meninos de um ano antes que nunca tinham pisado em um estúdio profissional, deram lugar a rapazes espertos e curiosos. Como compositores John e Paul estavam ainda mais profundos e suas características, embora imperceptíveis na época começavam a aparecer, contribuindo para a união neste momento e a definição do estilo de cada um. George, por outro lado também estava despontado como compositor, ainda sem seu estilo característico mas, com um charme inestimável.
Além disso este foi o primeiro álbum ouvido nos paises americanos (tipo Brasil com Beatlemania e EUA com Meet The Beatles) Isto e muito mais fazem de With The Beatles no mínimo marcante, pois a partir daí, à semelhança do que havia acontecido com os singles "Love Me Do" e "Please Please Me", quando Liverpool cedeu seus rapazes para toda a Inglaterra, ela seria obrigada a cedê-los para o mundo.
Lado 1
It Won't Be Long
A explosiva primeira canção levou 23 takes na segunda sessão de gravação (30 de julho) pois, mesmo depois de 10 takes, sendo 2 deles sobreposições, a mesma se apresentava incompleta. Então, eles retornaram a ela mais tarde fazendo mais doze. John entra direto sem introdução, dando o melhor de seu vocal nesta canção que, embora não seja das mais conhecidas é tida por alguns como o melhor início de um álbum. Deve-se destacar as fantásticas harmonias de Paul e especialmente George que, apesar de ter uma voz tão aguda quanto Paul sempre se utilizava de seu registro grave, afim de que John cantasse na sua altura natural e Paul brilhasse no agudo. Este é para mim o melhor backing feito por George, nada fácil de ser reproduzido.
All I've Got To Do
Foi gravada pela primeira vez em 11 de setembro, quando foram feitos 15 takes (sendo oito começos falsos e um overdub). Assim como havia acontecido com Paul desde que começou a compor mais ou menos em 57, e com Lennon & McCartney em 59, John também, estava adquirindo experiência e evoluindo em suas composições, criando belos arranjos, explorando novas tonalidades e desenvolvendo seu próprio estilo de compor, o que iria mudar o som do grupo e ter boas e más consequências... John faz uso de seu característico vocal de balada começando doce e liberando sua agressividade perto do final, mas desta vez ele retorna à doçura inicial na "Boca chiusa" Foi inspirada em Smokey Robinson and The Miracles, grupo vocal negro da Motown, cujo uma das vocalistas era uma mulher, do qual gostavam muito e fingiam ser.
All My Loving
Esta Paul compôs a letra antes da melodia, como um poema. Quatorze takes foram feitos sendo 12-14 só de overdubs e a master foi um overdub do take 14, no take 11. Embora, a maioria só se lembre do vocal principal é no baixo que Paul mostra a que veio. John e George contribuem no "oo..." e George pega a melodia na segunda parte indo Paul para uma voz mais aguda, o que resulta num belo dueto.
Don't Bother Me
Foi gravada em 11 de setembro quando recebeu 7 takes. A primeira composição de George escrita sobre um período em que o músico querendo ficar sozinho (sem repórteres) pede que não o amolem. No dia seguinte eles continuaram até take 19, que recebeu sobreposições do 15 para o 13 (vocal dobrado de George) Paul nas claves John no pandeiro e Ringo num bongô árabe (cortesias do Abbey Road Studios).
Little Child
Começou a ser gravada em 11 de setembro quando foram gravados 2 takes e retomada no dia seguinte (mais 15 takes) sendo o take 7 o melhor, recebendo sobreposições de harmonica (take 13) e piano de Paul (take 15) e o solo do meio de harmonica de John (take 18) dentro deste Sem dúvida um rhythm & blues para ninguém colocar defeito que soa uma mistura de "Clarabella" com "I Saw Her Standing There".
Till There Was You
Começou a ser gravada em 18 de julho. Como o primeiro álbum foi um standard se fazia necessário repetir a fórmula de impacto com novos números, então eles resgataram esta canção das fitas do Decca, por ser uma canção com acordes bem construídos,de inspiração latina, requerer um vocal totalmente doce, assim como "A Taste of Honey" É uma regravação de uma canção do musical "The Music Man". Lógico que é Paul que usa de todo o seu mel vocal para adoçar ainda mais contexto da canção, fazendo muitas mocinhas bem comportadas terem ataques histéricos e suspirarem como no Ed Sullivan Show, em 64. No segundo dia (30 de julho) Ringo optou por um par de bongôs, para não quebrar o clima romântico. Take 8 foi considerado o melhor.
Please Mr. Postman
Apesar de considerarem este número das garotas Marvelettes uma das canções que eles gostariam de ter composto, eles só a gravaram por sugestão dos fãs. A primeira vez foi em 30 de julho, quando foram feitos 9 takes, sendo 9 no take 7, considerado o melhor.
Lado 2
Roll Over Beethoven
Eles resolveram regravar um cover de Chuck Berry que marcou muito a sua época. Mais uma vez contrariando o padrão de regravar apenas desconhecidos. Conta a lenda que John fazia o vocal e que George só começou a cantá-lo na Alemanha. Foram feitos 8 takes, sendo o 5 considerado o melhor.
Hold Me Tight
Primeira a ser gravada ainda nas sessões de "Please Please Me ", quando foram feitos 13 takes, que infelizmente não existem mais. Foi retomada em 12 de setembro quando foram feitos 9 takes, sendo o 29, o melhor. Foi inspirada no vocal dos cantores negros, principalmente o grupo feminino The Shirelles.
You Really Got A Hold On Me
Finalmente uma original de Smokey Robinson and the Miracles. Eles respeitaram o arranjo original apenas trocando o sax por uma guitarra. George faz a harmonia grave para John que desta vez surpreende (realmente seu vocal é surpreendente) e canta aguda, Paul deixa os dois brilharem e só se junta nos backing a partir da segunda parte e o resultado é de deixar qualquer um boquiaberto. Começou a ser gravada no dia 18 quando 7 takes foram feitos, sendo quatro completos.
I Wanna Be Your Man
Foi gravada pela primeira vez em 11 de setembro (1 take) e retomada no dia 12, ficando ainda insatisfatória e tendo sua versão aprovada somente no final de outubro. Foi o segundo single dos Rolling Stones e seu primeiro hit. Conta a lenda que em setembro de 63, Paul e John convidaram o ex-secretário de Brian Epstein, Andrew Oldham, e na época agente dos Stones para uma carona no taxi onde eles estavam. Ele foi e eles acabaram indo a um lugar onde os Stones estavam tocando. Os rapazes e os Stones ainda não eram rivais musicais, pois, eles já estavam consolidados com um album e dois singles batendo recorde de vendagem e os Stones, apesar de um single, ainda eram desconhecidos e precisam encontrar uma canção que estourasse. Não se sabe se eles pediram ou se L&M oferesseu a canção, ainda incompleta, a qual eles aceitaram no ato. Então, a dupla pegou uma guitarra e terminou-a no banheiro, talvez o único local com uma acústica boa ou sem barulho externo. Quando eles voltaram, os Stones não acreditaram e ficaram "petrificados" com sua rapidez. E a partir daí uma nova dupla se fornou : Jagger e Richards e uma nova banda alcançou o primeiro lugar das paradas. Ringo além de cantar e tocar toca maracas.
Devil In Her Heart
Cover do grupo The Donays, sendo um grande hit para elas. George impõe um vocal tranqüilo contrastando com a euforia de John e Paul (de acordo com a letra), sendo necessários só seis takes no dia 18 de julho. Ringo novamente toca bateria e maracas.
Not A Second Time
Foi gravada a primeira vez em 11 de setembro, nove takes, sendo o 6º reduzido no 9º , inclusive o vocal dobrado de John e o piano de Martin. Diz a lenda que muitos críticos perceberam cadências parecidas com as da Canção da Terra de Gustav Mahler, comprovando o amadurecimento musical adquirido com a ajuda de Martin. Mas segundo John serão pássaros exóticos?
Money (That's What I Want)
Se o primeiro álbum foi um estouro, certamente uma das razões foi a escolha minuciosa de cada canção e sua sequência, então seria bom repetir o mesmo tipo de vocal que fechou o primeiro neste aqui. Sendo assim um outro cover de outro artista negro, gravado originalmente por Barret Strong, da Tamla Motown, também, resgatada no repertório do Decca. John novamente põe para fora toda sua agressividade dizendo que amor é bom mas, ele quer dinheiro, o que não conduzia muito com o seu pensamento, pois apesar de ter dito quando adolescente em se casar com uma milionária, John acreditava totalmente no amor. Foram necessários 7 takes, desta vez sem sua garganta doer tanto, pois estavam mais tranqüilos. O trabalho dos rapazes terminara, mas para Martin e os outros ele estava apenas começando, pois ainda seria preciso dias e dias de mixagem. Eles haviam evoluído muito desde seu primeiro disco, já eram jovens astros e a confiança em seu potencial não era infudada. Agora sabiam que Martin os trataria como profissionais e não como aspirantes. E para Martin eles estavam ficando cada vez melhores, e em tão pouco tempo. No final do ano, John e Paul foram eleitos os compositores do ano. Na Europa inteira pessoas se aglomeravam nas portas dos teatros para vê-los, mas, para os americanos eles apenas mais um grupinho estrangeiro querendo vencer na terra do rock'n'roll... até aquele momento.
Por Marcelo Scavazza Sanches
"Revolution" e "The Ballad of John & Yoko"
A partir de 1966, as gravações foram ficando cada vez mais complexas, principalmente naquela fase a partir do Álbum Branco. São dessa fase a maior parte dos bootlegs com gravações alternativas de estúdio. Mas duas músicas sempre foram motivo de muita curiosidade. Quantos outtakes existem da Música "Revolution"? Vamos mais longe ainda: e a música "Ballad Of John & Yoko", famosa por ter contado com a participação apenas de John e Paul, existe alguma gravação alternativa?
Revolution: Começou pelo demo gravado na casa de George, em Maio de 1968. Depois, entre os dias 09 de 12 de Julho, foi gravada oficialmente, em 16 takes, mais overdubs. Foi mixada no dia 15 em versão mono, e só em 05 de Dezembro de 1969 em versão estéreo, pra entrar no LP Hey Jude. No dia 04 de Setembro gravaram o clipe, onde os vocais foram feitos ao vivo, enquanto os instrumentos eram playback do disco. Foi tocada em Janeiro 1969 nos estúdios Twickenham, durante a gravação do LP Get Back.
A outra versão, a acústica, "Revolution 1", foi gravada em 22 Takes, mais overdubs, entre os dias 30 de Maio de 25 de Junho, quando ganhou os mixes definitivos em mono e estéreo.
Quanto aos out-takes, existe alguma coisa. Da elétrica Revolution é possível encontrar:
1. Esher Demo (The 1968 Demos, Vigotone);
2. Tk 13+OVDs (Ultra Rare Trax Vol. 5, Swingin' Pig);
3. Tk 20 Overdub Session (Revolution, Vigotone);
4. Promo Version 1 (Revolution, Vigotone);
5. Promo Version 2 (Hodge Podge Vol. 4, Black Dog);
6. RM21 - mono mix (Compacto original);
7. RS - stereo mix (Past Masters II).
A semi-acústica só existem duas variações: mono mix, que pode ser encontrado na versão mono do LP original; e a versão estéreo nos CDs, tanto no antigo quanto na edição de 30 anos.
The Ballad Of John & Yoko: não há out-takes de verdade... existe um trecho de 20 segundos no bootleg The AM Tape, tocado no violão por John e Yoko no Bed-In, existem as versões em 5.1, extração de canal direito e esquerdo, canal central, isolamento de vocais... que são basicamente os out-takes, levando em conta que a canção foi gravada em vários overdubs. E há o mix em estéreo, que está no CD 1.
Por Vitor Suman
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
Paul McCartney responde Phil Collins: "Vamos seguir em frente"
Após um “mimimi” de Phil Collins, que se queixou na semana passada de Paul McCartney, pelo fato do ex-beatle tê-lo supostamente esnobado, parece que o ex-Genesis conseguiu o que queria: Macca entrou em contato e tentou colocar panos quentes sobre o assunto. O próprio Collins atualizou o assunto na Billboard:
“Ele tem entrado em contato porque ficou irritado. Certamente eu não recebi flores dele; recebi mais uma mensagem do tipo ‘Vamos seguir em frente com as nossas vidas’. E eu sinto muito que ele esteja irritado porque eu meio que disse algo desagradável dele - bem, não foi realmente desagradável. Se as pessoas não disserem às outras que às vezes seu comportamento pode ser um pouco melhor, então você não irá melhorar, sabe?”, disse Phil Collins, que completou: “Eu acho que talvez eu deveria apenas jogar tudo isso para baixo do tapete e me esquecer de tudo que aconteceu, mas aconteceu, sabe?”.
Relembrando o caso:
Na semana passada, o Portal Beatles Brasil publicou a seguinte notícia:
Phil Collins explica por que deixou de ser fã de Paul McCartney
Phil Collins, que acaba de anunciar sua volta aos palcos numa nova turnê prevista para ano que vem, explicou no programa On The Air Tonight como deixou de ser fã de Paul McCartney. Foi em 2002, quando foi 'esnobado' pelo ex-beatle em um evento no Palácio de Buckingham. Phil se sentiu desapontado quando o seu encontro com o ídolo não ocorreu como planejado.
Ele, que é fã dos Beatles desde os anos 60, pediu para Paul McCartney autografar uma cópia do livro The Beatles, de Hunter Davies. "Eu disse: 'Hey, Paul, você se importa de assinar isso para mim?' e ele disse 'Oh, Heather [Mills, sua esposa naquela altura], o nosso pequeno Phil é um fã dos Beatles! Eu pensei: ‘fuck you, fuck you’. Nunca esqueci. McCartney foi um dos meus heróis. Mas ele tem essa coisa quando ele está falando com você, onde ele te faz se sentir ... 'Eu sei que isso deve ser difícil para você, porque eu sou um Beatle. Eu sou Paul McCartney e deve ser muito difícil para você realmente puxar uma conversa comigo'”, contou Collins.
Uma curiosidade: Phil Collins é tão fã dos Beatles que aparece, ainda criança, fazendo figuração na platéia, enquanto os Beatles tocam, no filme A Hard Day's Night.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
The Beatles - Revolver (1966)
Revolver é o nome certo para um álbum que marca o amadurecimento total dos Beatles, pois se no anterior, eles já estavam experimentando outros timbres e estilos - bem, na verdade, eles já fazem isto desde o primeiro álbum! - aqui eles mergulham de vez, deixando o yeah, yeah, yeah e as antigas influências juvenis um pouco de lado. Estão cada vez mais inspirados em sons profundos produzidos pelos mestres eruditos, pelos blues elétricos da Motown, pelos sons espirituais da Índia, pelo jazz, pelo folk, que misturados produzem sons inusitados em suas mentes, sem deixar o bom rock de lado.
Estavam totalmente decididos que era no estúdio e não nas turnês que estava o futuro de suas carreiras, por isso, embora tenha sido feito em meio às suas últimas turnês, Revolver soa como se eles tivessem feito de propósito, não produzindo nada que pudesse ser cantado em meio à gritaria de adolescentes excitados.
O fato é que não foi de propósito e suas cabeças realmente já estavam visualizando o que estava por vir, e só produzia sons que nunca ninguém antes havia pensado em fazer- ou melhor, dizendo, havia tido a coragem de lançar sem ser taxado de doido. Os arranjos eram complexos e levava meses e meses para ser feito um álbum. E não havia como reproduzir estas canções num palco, com amplificadores e instrumentos bons, mas sem caixas de retornos e mesas de sons, tão comuns hoje em dia. Mas se a tecnologia de palco não era suficiente, George Martin e sua equipe tinham criatividade suficiente para que no estúdio eles encontrassem tudo o que era preciso e o que não encontravam, era inventado.
Este álbum é definitivamente o DIVISOR DE ÁGUAS NA CARREIRA DOS BEATLES: felizmente, estão maduros profissionalmente e cada um tem sua característica individual. George está se firmando como compositor com um estilo próprio, sem precisar recorrer ao estilo Lennon-McCartney de composição, ganha mais espaço, ganhando mais uma faixa, abre o disco e ainda convida amigos indianos para acompanhamento. John compõe letras mais complexas, com arranjos as vezes até relativamente simples, mas completamente inusitados, que não permitem que você fique em cima do muro, ou você gosta ou detesta. Paul mostra de vez sua veia erudita, compondo belas melodias, com arranjos complexos, fazendo uso de orquestrações, inovando, sem, portanto, soar convencional, que também o deixam sem opção ou você gosta ou não gosta (mas até mesmo John gostava). Já Ringo reafirma seu jeito bonachão de ser cantando "Yellow Submarine". Mas infelizmente, por outro lado, sabemos que por causa desses estilos musicais diferentes que afloraram depois que nossos adolescentes que amavam o Rock'n'Roll, o blues e o country & western cresceram é que eles se separaram, mas, esta é outra estória. Vamos nessa agora...
Lado 1
Taxman
Foi gravada pela primeira vez em 20 de abril. Foram feitos onze takes só nos dois primeiros dias de gravação, sendo que um deles pode ser conferido no Anthology II com John e Paul dizendo "Anybody got a little bit of money ?", como era a idéia inicial, sendo que só a partir do 12 (take) esta frase foi trocada por "Mister Wilson" (Harold Wilson, primeiro ministro, eleito pelo partido trabalhista) "Mister Heath" (líder da oposição). Aqui George exercita sua veia política, que era tão aflorida quanto a de John Lennon, criticando os impostos exorbitantes cobrado a eles, uma vez que, ao contrário do que todos pensam, nesta época, seu contrato não era tão bom quanto os dois artistas atuais e só davá-lhes direito de comprar casas, instrumentos e o que necessitassem, sendo que dinheiro mesmo, ia para o cobrador de impostos. George inaugura pela pela primeira vez um disco dos Beatles e diz a lenda que John deu-lhe uma força na composição, porém seu nome não aparece nos créditos. Paul toca a guitarra solo novamente, foi a sexta a ser gravada.
Eleanor Rigby
Oitava a ser gravada, no dia 28 de abril, os vocais principais de Paul e o backing de George foram sobrepostos depois da sessão de cordas somente no take 14. Paul contou certa vez que o nome original desta canção era Daisy Hawkins, mas este lhe parecia um tanto irreal para soar como uma pessoa comum, ele precisava de um nome que soasse mais natural. E segundo suas memórias o nome Eleanor Rigby surgiu do nada, mas como o nada não existe, teologicamente falando, se você for ao cemitério da igreja St. Peter's, Liverpool, você poderá visitar o túmulo de Eleanor Rigby e de seu pai. Ou seja, Paul deve ter ido não poucas vezes a este lugar, pois embora não fosse tão perto de sua casa, era perto de John e do lado do lugar onde eles se conheceram, deve ter visto o túmulo e guardou esta imagem no seu subconsciente, de modo que conscientemente não se lembra de ter visto este nome em algum lugar. Pois o fato de ter existido esta pessoa, e o fato de seu túmulo se encontrar na mesma cidade em que nasceram e perto do lugar onde se conheceram, é evidência mais que suficiente.
Já o Padre Mckenzie foi tirado de uma lista telefônica, pois o original Padre McCartney desagradou a Paul, pois poderiam pensar que era sobre seu pai, e não queria ver o nome da família associado à uma estória de solidão. O quarteto de cordas, formado por 4 violinos, 2 violas e 2 cellos, foi conduzido por George Martin.
I'm Only Sleeping
Foi a sétima a ser gravada no dia 27 de abril, em mono. Uma espécie de autobiografia de John, pois diz a lenda que John não gostava de ter que acordar cedo e quando era obrigado, ficava um tempo na cama, pensando ou olhando o teto. Mas também, depois que acordava era difícil fazê-lo parar. Foram feitos uns 11 takes até se conseguir um clima de sonolência, para o qual foram usadas fitas ao contrário e George tocou todo o solo de trás para frente.
Love You To
George faz uso daquela que iria se tornar sua marca : a música indiana misturada com o Rock'n'Roll e o folk, que influenciaria muitas gerações. A letra mescla romantismo e reflexão, pois ele e John são os primeiros a perceber que as coisas estão mudando e o tempo passando. George toca cítara, e Anil Bhagwat, irmão de Ravi Shankar, seu mestre, toca tabla, entre outros músicos indianos. Era chamada "Granny Smith", um tipo de maçã verde (!) no dia 11 de abril, quando foi a terceira gravada, mantendo este nome muitos dias depois.
Here, There and Everywhere
Balada muito bem-construída por Paul, uma das favoritas do companheiro John. Foi gravada pela primeira vez em 14 de junho, sendo a décima-terceira. George e John fazem as belas harmonias em escalas de ooo, não muito fáceis de serem reproduzidas à perfeição. Aqui todos estão em seus instrumentos de costume.
Yellow Submarine
John e Paul tem duas versões diferentes sobre a composição: John disse que a imaginou logo após ter tomado "o café mágico" na casa do dentista de George, já Paul disse que teve esta idéia, um pouco antes de dormir, em meio as suas sonolências. Seja qual for a verdadeira, ou talvez os dois tenham concebido a mesma idéia ao mesmo tempo, o que importa é esta canção nos leva de volta aos nossos dias de infância (pelo menos à infância da época de John, Paul, George e Ringo, com direito a bandinha daquelas dos parques) razão pela qual, decidiram dar o vocal a Ringo, uma vez que ele era o favorito das crianças. Foi gravada pela primeira vez em 26 de maio, sendo a décima-primeira a ser gravada. No coro encontramos os roadies Mal Evans e Neil Aspinall, o produtor Martin, o Stone Brian Jones, entre outros.
She Said, She Said
Foi gravada pela primeira vez em 21 de junho, sendo a décima. Por muito tempo foi denominada "sem título" até receber este nome. Foi baseada numa "viagem"que John teve com Peter Fonda, conhecido ator de cinema, que participou de diversos filmes, entre eles "Easy Rider", (Sem Destino) ao lado de Denis Hopper, que marcou época. Diz-se que Fonda começou a falar "Cara, eu sei o que é estar morto" e outras coisas esquisitas e como John não perderia uma frase dessas por nada, tratou de colocá-la numa cancão. Décima canção a ser gravada em 26 de maio.
Lado 2
Good Day Sunshine
Seu título original era "A good Day's Sunshine". Paul se inspirou no som negro jazzístico de New Orlens, com direito a George Martin, tocando o piano Honk Tonk. Sua primeira gravação data de 8 de junho. Aqui eles retomam o recurso dos álbuns anteriores : fazendo uso das batidas de palmas para que todo o espaço seja preenchiodo com música. Brincam pela primeira vez com o estéreo, de modo que no final da faixa cada voz sai num canal diferente, soando impossível para um ouvinte de primeira viagem descobrir de onde virá o próximo som. Foi a décima-terceira a ser gravada, inspirada em Jane Asher, depois da primeira noite de amor, que aconteceu mais ou menos por esta época, três anos depois de se conhecerem.
And your Bird Can Sing
Apresenta vocais dobrados de John e Paul, que foram mixados para parecerem apenas um de cada. Diz a lenda que gravar estes segundos vocais deu muito pano para manga, pois geramente eles gravavam um vocal por cima do outro, apenas quando cantavam solo e não aqui que fazem um dueto. Na hora de gravarem o segundo vocal, John desatou numa risada e Paul embora estivesse concentrado, não conseguiu se segurar e começou a rir também. Como nenhum engenheiro conseguiu preservar a primeira gravação, uma vez que era a matriz, ficou decidido que voltariam no dia 26 de abril, seis dias depois, mas, não conseguiram fazer tudo igual ao primeiro dia, soando um tanto diferente. George também tocou o solo uma vez e o "retocou" igualzinho e os mixou de uma forma que soassem como um só.
For No One
Foi gravada a primeira vez em 12 de abril, sendo a nona, recebendo dez takes neste dia, mas os vocais e o French Horn só foram sobrepostos nos dias 16 e 19. Paul se exercita no estilo o caracterizaria : o de criador de belas melodias, que o tornaria o favorito de vários maestros, pela sua veia e refinamento eruditos, nesta canção que parece ter sido feita para Jane Asher, depois de uma briga. Paul toca piano, cravo e French Horn (instrumento de sopro), Alan Civil, músico de estúdio, toca trompa. Diz-se que apenas Paul e Ringo estavam presentes.
Dr. Robert
Foi inspirada em Robert Freyman, um médico alemão que trabalhava em Nova York e era conhecido por deixar a cidade "alta", e não no dentista de George, que não se chamava Robert ! John soube dele através dos jornais, mas nunca o conheceu pessoalmente. Além dos instrumentos habituais, George toca maracas, John harmonium e maracas e Paul piano. Foi gravada em 17 de abril, sendo a quarta.
I Want to tell you
Foi gravada pela primeira em 2 de junho, sob o título de "Laxton's Suberb", também um tipo de maçã. e logo mudou para "I don't Know', pois nem mesmo George sabia o nome da obra. De novo o tema é romântico, mostrando um pouco de profundidade nas letras. John toca pandeiro, além dos instrumentos normais de cada um. De novo ouve-se a brincadeira com o estéreo.
Got to Get you Into My life
Segunda a ser gravada em 7 de abril. Foi composta por Paul com a tentativa de fazer uma alusão à maconha apresentada em 64, por Bob Dylan- (inspirado talvez pelas letras de John, que muito gostou da música, dizendo na entrevista da Playboy ser uma letra muito boa) do que à Jane Asher. Criando a linha que seria muito utilada no álbum posterior, um naipe de metais foi chamado, composto por Eddie Thornton, Ian Hamer e Les Conlon, nos trumpetes e Peter Coe no sax tenor, afim de reproduzir o clima das gravações de soul da Motown, que Paul faz juz, pois apesar de ser branco e inglês, consegue aflorar sua veia negra, provando a versatilidade dos Beatles mais uma vez. Martin toca órgão, John pandeiro e os outros seus instrumentos originais.
Os Beatles decidiram assumir serem usuários de drogas do que serem hipócritas, negando o fato, afim de parecerem bonzinhos, como muitos artistas de diversos gêneros de música fazem, inclusive no Brasil. Não pretendiam fazer apologia e apenas serem adultos, assumindo sua responsabilidade, assim como os bluesmen assumiam-se usuários de bebida (e morriam muito jovens) na década de 20 e 30, quando havia a Lei Seca. Portanto, embora tivessem proibido a maconha e o LSD a pouco tempo (assim que viram que os jovens as estavam usando e não só os psicólogos) não havia ainda este conceito de auto-destruição adquirido depois das mortes de Janis Joplin, Jim Morrison e Jimi Hendrix (que poderiam ter morrido bebendo ou fumando tabaco... )
Tomorrow Never Knows
Foi a primeira a ser gravada no dia 6 abril, sob o título de Mark I, já ditando o clima experimental que mandaria neste LP. A exemplo daquela sessão do Rubber Soul, que eu disse que era a primeira, esta também, teve direito a não uma mas várias sessões. Depois das declarações sobre drogas pensaram que esta certamente falava sobre este tema, mas John se inspirou "apenas" no Livro dos Mortos Tibetanos, escrito por ninguém mais que o "papa" do LSD: Timothy Leary.
John tinha a idéia de ter um coro que soasse como macacos cantando, no entanto, humanamente, isto parecia impossível. Mesmo assim, Paul trabalhou junto com Martin e Geoff Emerick para tentar desvendar os mistérisos da mente de John, e agradar a ambos, John e Ringo, que também havia dado umas idéias.
John canta através do alto-falante de um Leslie Organ e toca pandeiro, George toca cítara, Paul toca baixo e piano Honk Tonk, Martin piano e Ringo bateria. Foi de longe a faixa mais difícil de ser gravada, até aquele momento: para isso fizeram uso de toda a tecnologia existente nos Estúdios Abbey Road e principalmente, das inventadas pelo próprio como o ADT.
ADT (Artificial Double Tracking) foi uma espécie de recurso inventado pelos funcionários para simular a "dobragem" de um som sobre outro, que consistia em criar a ilusão que uma voz previamente gravada e uma outra gravada pela mesma pessoa , sobreposta alguns segundos depois e não em cima, como em "And Your Bird Can Sing" na sequência (como num canone). Mas, na verdade, havia apenas uma gravação e outra era uma repetição da primeira que entrava num tempo determinado depois, criando um efeito incrível ! Os Beatles, logicamente amaram esta idéia que era original, provavelmente porque com isso teriam mais tempo para gravar outras coisas e ter outras idéias, ao invés de gravarem a mesma voz diversas vezes. Este recurso foi "imitado" várias vezes, por várias bandas nos últimos 36 anos, até mesmo pelos que se julgam "modernos".
Nota: O Álbum saiu em 05 de agosto de 1966 com o nome de Revolver e não Abracadabra, como havia se pensado anteriormente.Depois deste álbum e a conseqüente extinção das turnês, todos julgaram que o grupo jamais conseguiria produzir algo tão bom ou melhor, e acabaria retornando ao formato inicial ou acabando, pois, nenhum grupo havia conseguido se manter na crista da onda sem excursionar. Mas os Beatles fariam sua tentativa.
Por Marcelo Scavazza Sanches
Review: Do Rio a Abbey Road
O LIVRO DA LIZZIE BRAVO
Existem milhares de livros sobre os Beatles. Sobre a história da banda, segredos por trás das músicas, sobre as gravações. Livros de fotos, livros de fatos, livros de fofocas. Alguns realmente muito bons.
Mark Lewisohn é um mestre, que vai atrás das informações como um Sherlock. O cara tá até escrevendo uma bíblia sobre os Beatles, em 3 volumes. Geoff Emerick escreveu um livro incrível sobre as sessões das gravações. E ainda temos o Anthology, o livro do George Martin e edições de luxo, numeradas e assinadas de editoras como a Genesis-Publications, Taschen ou Curvebender.
Mas para quem gosta da banda, o livro da Lizzie Bravo é um dos mais legais e emocionantes que você vai ler. Ele não fala sobre técnicas de gravação, quem fez o quê, nem conta a história dos Fab Four. Mas o livro da Lizzie consegue fazer o que nenhum outro livro jamais conseguiu: ele leva você, quase literalmente, de volta à 1967, numa Londres efervesente, onde Sgt Pepper’s estava sendo gravado.
O livro é a transcrição do diário de uma adolescente, uma garota, que como eu, amava os Beatles. Que trocou Ipanema por Weybridge. Vieria Souto por Cavendish Av. O Beco das Garrafas pelo Café Wha. A praia de Copacabana pelos estúdios Abbey Road.
O diário de Lizzie é também, de alguma forma, o diário dos Beatles. Vemos ali o dia a dia de Lennon, McCartney, Harrison e Starr. Os Beatles saindo dos estúdios. Visitando as casas uns, dos outros. Tudo registrado por fotos incríveis, pessoais, próximas, muitas mal tiradas, foras de foco, o que só traz mais charme para o livro. Viajar no tempo através do diário de Lizzie é conhecer o dia a dia das Apple Scruffs e o que elas eram capazes de fazer e de passar para ficarem próximas dos garotos de Liverpool. E é incrível ver como elas ficaram próximas, como elas chegaram perto e a relação dos Beatles com elas.
O livro dá inveja, dá saudade, dá vontade de rir e de chorar. Ainda estou na metade da aventura de Lizzie Bravo, ainda nem cheguei na gravação de "Across the Universe". Vou chegar lá devagarinho, para que essa viagem não acabe tão cedo.
Por Ricardo Ribeiro
Leia mais sobre Lizzie Bravo e seu livro: http://www.thebeatles.com.br/new/tag/lizzie-bravo/
Existem milhares de livros sobre os Beatles. Sobre a história da banda, segredos por trás das músicas, sobre as gravações. Livros de fotos, livros de fatos, livros de fofocas. Alguns realmente muito bons.
Mark Lewisohn é um mestre, que vai atrás das informações como um Sherlock. O cara tá até escrevendo uma bíblia sobre os Beatles, em 3 volumes. Geoff Emerick escreveu um livro incrível sobre as sessões das gravações. E ainda temos o Anthology, o livro do George Martin e edições de luxo, numeradas e assinadas de editoras como a Genesis-Publications, Taschen ou Curvebender.
Mas para quem gosta da banda, o livro da Lizzie Bravo é um dos mais legais e emocionantes que você vai ler. Ele não fala sobre técnicas de gravação, quem fez o quê, nem conta a história dos Fab Four. Mas o livro da Lizzie consegue fazer o que nenhum outro livro jamais conseguiu: ele leva você, quase literalmente, de volta à 1967, numa Londres efervesente, onde Sgt Pepper’s estava sendo gravado.
O livro é a transcrição do diário de uma adolescente, uma garota, que como eu, amava os Beatles. Que trocou Ipanema por Weybridge. Vieria Souto por Cavendish Av. O Beco das Garrafas pelo Café Wha. A praia de Copacabana pelos estúdios Abbey Road.
O diário de Lizzie é também, de alguma forma, o diário dos Beatles. Vemos ali o dia a dia de Lennon, McCartney, Harrison e Starr. Os Beatles saindo dos estúdios. Visitando as casas uns, dos outros. Tudo registrado por fotos incríveis, pessoais, próximas, muitas mal tiradas, foras de foco, o que só traz mais charme para o livro. Viajar no tempo através do diário de Lizzie é conhecer o dia a dia das Apple Scruffs e o que elas eram capazes de fazer e de passar para ficarem próximas dos garotos de Liverpool. E é incrível ver como elas ficaram próximas, como elas chegaram perto e a relação dos Beatles com elas.
O livro dá inveja, dá saudade, dá vontade de rir e de chorar. Ainda estou na metade da aventura de Lizzie Bravo, ainda nem cheguei na gravação de "Across the Universe". Vou chegar lá devagarinho, para que essa viagem não acabe tão cedo.
Por Ricardo Ribeiro
Leia mais sobre Lizzie Bravo e seu livro: http://www.thebeatles.com.br/new/tag/lizzie-bravo/
Entrevista: Roberto Gurgel, o Juba (baterista da Blitz)
Se você é Beatlemaníaco e curte o Rock nacional, certamente conhece essa figuraça, grande fã dos Beatles de longa data (desde os anos 60). Comanda as baquetas de uma das maiores bandas do Rock Brasileiro, a Blitz e possui uma fabulosa coleção, que envolve discos, instrumentos e todo tipo de souvenir. Conheça um pouco mais o Juba, nessa rápida entrevista.
Você é considerado um dos maiores fãs dos Beatles entre os roqueiros brasileiros. É capaz de se lembrar como os conheceu?
Conheci junto com minha Tchurrrrma: Mozart Melo, Wander Taffo, João Ascensão... garotos com 10 anos ouvindo a Boys Band predileta, cantando “Love Me Do”. Uma maravilha!
Os Beatles influenciam a banda Blitz de alguma maneira? Mais algum músico da banda é fã deles?
Os Beatles não só influenciaram minha banda, como qualquer músico do século XX. A coisa foi avassaladora. Na Blitz todos gostam, mas o mais apaixonado sou eu.
Como você colocaria Ringo num suposto ranking dos bateristas do Rock?
Ringo é um ícone! Não importa se tem mais ou menos técnica. Se tornou o Baterista mais conhecido no mundo e seu trabalho nos Beatles é brilhante!
Sua coleção de discos e objetos do Rock e dos Beatles é fabulosa. Você seria capaz de citar quais os seus itens favoritos?
É difícil...rs, rs... são 45 anos garimpando na América, Japão, Europa. Tenho em casa 375 artistas de vários gêneros, com todos os discos de carreira e edições especiais. Meu lance é qualidade, não quantidade.
Ringo e Paul fizeram uma boa sequência de shows no Brasil, durante 5 anos. Quantos você viu, o que achou?
Sobre os shows de Paul e Ringo sou suspeito, rs, rs... todos maravilhosos! O número exato não me lembro. Uma coisa interessante a contar foi meu encontro 4 anos atrás, casual, com Paul, perto da sua casa na em St Johns Wood, na Cavendish Avenue. Foi às 10h da manha, caminhando sozinho. Inacreditável! Estava com minha inseparável máquina fotográfica, mas a primeira coisa que ele falou foi "No pictures". Claro, respeitei e, pasme, ele ficou conversando comigo e um amigo beatlemaniaco, o tecladista Elihu Aversari, durante maravilhosos 3 minutos, de forma extremamente simpática. Claro, ficamos chocados!
Caramba! Que sorte!
Bota sorte nisso! Tem gente que monta campana na casa dele há 50 anos e nunca encontrou, kkkkkkk. Detalhe: tava sozinho. Incrivel!
Seria capaz de citar qual o seu beatle favorito? E álbum favorito, você tem?
Seria injusto indicar o Beatle favorito. Tenho banda há quase 50 anos e sei que cada um contribui à sua maneira, com suas influências.
E se fosse fazer um ranking dos seus álbuns favoritos de todos os tempos (e todos os artistas), quais seriam eles?
Difícil, mas vamos lá:
Revolver, Rubber Soul, Sgt. Pepper (Beatles),
Road Work (Edgar Winter),
Live at Carnegie Hall (James Gang),
Led Zeppelin I (Led Zeppelin),
Live (Tower of Power),
Chicago Transit Authority (Chicago),
Child Is Father to the Man (Blood Swear and Tears),
On Time (Grand Funk Railroad),
Machine Head (Deep Purple),
One Way Or Another (Cactus),
Deja-Vu (Crosby Still Nash),
The Yes Album (Yes),
Sellin England by the Pound (Genesis),
Romantic Warrior (Return to Forever).
O conheci através do músico e produtor Edu Henning, de Vitória/ES. Você conhece a banda Clube Big Beatles? Como você analisa o trabalho deles?
Adoro Edu Henning, adoro Big Beatles!
Como estão as atividades da Blitz? Além da sequência de shows, há planos de lançar material novo, um novo álbum, por exemplo?
A Blitz está lancando um CD de inéditas agora em Dezembro, estamos muito felizes por estarmos ha 34 anos na estrada.
Os Beatles foram a ponta de lança do British Rock, assim como a Blitz foi para o Rock Brasileiro nos anos 80. Eu sempre tive essa impressão. Você concorda?
Concordo com você, a Blitz deu o pontapé inicial, colocou o ovo em pé, com muito orgulho.
Juba no Facebook: https://www.facebook.com/roberto.gurgeljuba
Entrevista concedida a José Carlos Almeida
Você é considerado um dos maiores fãs dos Beatles entre os roqueiros brasileiros. É capaz de se lembrar como os conheceu?
Conheci junto com minha Tchurrrrma: Mozart Melo, Wander Taffo, João Ascensão... garotos com 10 anos ouvindo a Boys Band predileta, cantando “Love Me Do”. Uma maravilha!
Os Beatles influenciam a banda Blitz de alguma maneira? Mais algum músico da banda é fã deles?
Os Beatles não só influenciaram minha banda, como qualquer músico do século XX. A coisa foi avassaladora. Na Blitz todos gostam, mas o mais apaixonado sou eu.
Como você colocaria Ringo num suposto ranking dos bateristas do Rock?
Ringo é um ícone! Não importa se tem mais ou menos técnica. Se tornou o Baterista mais conhecido no mundo e seu trabalho nos Beatles é brilhante!
Sua coleção de discos e objetos do Rock e dos Beatles é fabulosa. Você seria capaz de citar quais os seus itens favoritos?
É difícil...rs, rs... são 45 anos garimpando na América, Japão, Europa. Tenho em casa 375 artistas de vários gêneros, com todos os discos de carreira e edições especiais. Meu lance é qualidade, não quantidade.
Ringo e Paul fizeram uma boa sequência de shows no Brasil, durante 5 anos. Quantos você viu, o que achou?
Sobre os shows de Paul e Ringo sou suspeito, rs, rs... todos maravilhosos! O número exato não me lembro. Uma coisa interessante a contar foi meu encontro 4 anos atrás, casual, com Paul, perto da sua casa na em St Johns Wood, na Cavendish Avenue. Foi às 10h da manha, caminhando sozinho. Inacreditável! Estava com minha inseparável máquina fotográfica, mas a primeira coisa que ele falou foi "No pictures". Claro, respeitei e, pasme, ele ficou conversando comigo e um amigo beatlemaniaco, o tecladista Elihu Aversari, durante maravilhosos 3 minutos, de forma extremamente simpática. Claro, ficamos chocados!
Caramba! Que sorte!
Bota sorte nisso! Tem gente que monta campana na casa dele há 50 anos e nunca encontrou, kkkkkkk. Detalhe: tava sozinho. Incrivel!
Seria capaz de citar qual o seu beatle favorito? E álbum favorito, você tem?
Seria injusto indicar o Beatle favorito. Tenho banda há quase 50 anos e sei que cada um contribui à sua maneira, com suas influências.
E se fosse fazer um ranking dos seus álbuns favoritos de todos os tempos (e todos os artistas), quais seriam eles?
Difícil, mas vamos lá:
Revolver, Rubber Soul, Sgt. Pepper (Beatles),
Road Work (Edgar Winter),
Live at Carnegie Hall (James Gang),
Led Zeppelin I (Led Zeppelin),
Live (Tower of Power),
Chicago Transit Authority (Chicago),
Child Is Father to the Man (Blood Swear and Tears),
On Time (Grand Funk Railroad),
Machine Head (Deep Purple),
One Way Or Another (Cactus),
Deja-Vu (Crosby Still Nash),
The Yes Album (Yes),
Sellin England by the Pound (Genesis),
Romantic Warrior (Return to Forever).
O conheci através do músico e produtor Edu Henning, de Vitória/ES. Você conhece a banda Clube Big Beatles? Como você analisa o trabalho deles?
Adoro Edu Henning, adoro Big Beatles!
Como estão as atividades da Blitz? Além da sequência de shows, há planos de lançar material novo, um novo álbum, por exemplo?
A Blitz está lancando um CD de inéditas agora em Dezembro, estamos muito felizes por estarmos ha 34 anos na estrada.
Os Beatles foram a ponta de lança do British Rock, assim como a Blitz foi para o Rock Brasileiro nos anos 80. Eu sempre tive essa impressão. Você concorda?
Concordo com você, a Blitz deu o pontapé inicial, colocou o ovo em pé, com muito orgulho.
Juba e o amigo Marcus Rampazzo. |
Juba no Facebook: https://www.facebook.com/roberto.gurgeljuba
Entrevista concedida a José Carlos Almeida
The Beatles e The Rolling Stones - Amigos, parceiros e rivais
"Os Beatles eram ótimos para abrir portas" - Keith Richards
Os Beatles, ao fazer sucesso, colocando "Please, Please Me" em primeiro lugar nas paradas, abriram um precedente. Até então, nenhuma banda pop ou rock inglesa era levada realmente a sério. Com isso, mais portas abriram para diversas outras bandas daquele país, entre elas, os Rolling Stones.
Uma "rivalidade" entre os dois grupos foi criada em torno deste evento. Na verdade, uma grande jogada de marketing, feita pelo empresário e produtor dos Stones (Andrew Oldham), que havia trabalhado com os Beatles. Para promover os Stones, Andrew decidiu criar uma imagem oposta aos Beatles, que eram tidos pela mídia como uma banda "comportada", e esculpiu aos poucos uma imagem "rebelde" para seu quinteto.
Na verdade, as duas bandas eram amigas. Na primeira vez que se encontraram, foi através de Giorgio, dono de um clube em Londres no qual os Stones se apresentavam com frequência antes de ficarem famosos. Giorgio, querendo fazer um filme sobre os Beatles, conseguiu contato com eles e os convidou ao Crawdaddy para assistirem os Rolling Stones. Ao aparecerem lá no meio do primeiro set, os Stones se sentiram intimidados, pensando "Putz! São os Beatles!". Conversaram depois, entre os sets, todos se dando muito bem.
Os Beatles acabaram ficando e assistiram todo o segundo set também, maravilhados pela música e a atmosfera. Depois foram todos para Edith Grove, onde Brian, Mick e Keith moravam, e ouviram o disco demo dos Stones, alguns discos de Muddy Waters e Jimmy Reed. Conversaram muito sobre a metamorfose que estava se passando entre a juventude e os interesses eclodindo na forma de uma música que a representasse como o rock'n'roll ao invés do jazz, bolero ou polka, que os pais geralmente ouviam.
Brian pediu e ganhou uma foto autografada pelos quatro, que ele colocou em um lugar de destaque na casa e todos foram convidados pelo 'fab four' a assistirem a apresentação no Royal Albert Hall na quinta seguinte. Para não precisar pagar ingresso, Mick, Keith e Brian, os únicos que não tinham empregos, compareceram levando as guitarras de John, Paul e George para dentro do teatro, entrado por uma porta lateral. Neste momento, Brian é confundido com um dos Beatles por uma horda de meninas.
Passado algum tempo, os Stones conseguem fazer sucesso com seu primeiro compacto "Come On". A Decca, gravadora que contratou os Stones por indicação de George Harrison, faz pressão para que eles lancem um segundo single, mas os rapazes não conseguiam escolher uma canção adequada dentro das várias do repertório. Foi quando por um acaso, Andrew, descendo a Jermyn Street a pé, vê um taxi encostando. "Olá Andrew, entre!". Era Paul McCartney, acompanhado de John Lennon, que vinham de um outro compromisso. Como já se conheciam dos tempos em que Andrew trabalhava para Brian Epstein, ele foi logo contando a situação delicada em que os Stones se encontravam em relação ao seu próximo lançamento fonográfico.
Paul então oferece "I Wanna Be Your Man", que ele havia começado a escrever pensando em um número para seu baterista Ringo Starr cantar. O taxi então desvia para o Studio 51, onde a banda ensaiava e prontamente ofereceram a canção. "A letra só tem o refrão" disse John, "mas se vocês gostarem da música, terminamos ela agora mesmo". Com John na guitarra e Paul usando o baixo do Wyman, ensinam a música e cantam o refrão. Sendo canhoto, Paul teve que tocar o instrumento ao contrario, exercendo a difícil tarefa com perfeição, para o espanto de Wyman. Após ouvirem a canção, Brian diz que gostou e então todos concordaram que era uma ótima canção. John e Paul foram então para uma sala ao lado para terminá-la e cinco minutos depois estavam de volta. "Esqueceram algo?", perguntou Bill, "Querem um violão para ajudar?". "Não, está pronta!".
Logo que Lennon e McCartney deixam o recinto, os Stones começaram a mexer na música para enquadrá-la mais ao seu som. Brian, tocando slide guitar, deu outra sonoridade e todos ficaram satisfeitos. No De La Lane Studio, no dia 7 de Outubro, a banda parte para gravar finalmente o seu segundo compacto. Brian abandona a idéia original do slide tradicional, em prol do uso de um gargalo de garrafa na guitarra, o que deu um som totalmente novo dentro da concepção que os Stones tinham da música um mês antes. Esta inclusive é a primeira vez que se grava o chamado 'bottle neck guitar' (guitarra com gargalo de garrafa) no Reino Unido. Como sobrou pouco tempo de estúdio para gravar o lado B, inventaram um tema na hora, fortemente inspirado em "Green Onions", de Booker T. & The MG's. A canção foi batizada "Stoned". O compacto chegou às lojas em 01-NOV-63. Os Beatles só vieram a gravar esta canção, com Ringo nos vocais, posteriormente, para o segundo álbum dos Beatles, With The Beatles, lançado em 23/11/63.
Coincidências
Os Beatles foram responsáveis diretos pelo sucesso dos Stones. No passar dos anos, pode-se notar várias "coincidências" em relação a estas duas bandas:
- A capa do primeiro álbum dos Stones segue o mesmo estilo de With The Beatles, porém com uma inovação: foi omitido o nome da banda, sendo que os Beatles esperaram até Rubber Soul para lançarem um disco, cuja capa não possuía seus nomes;
- "As Tears Go By" sai com arranjos para violão e cordas, imitando "Yesterday";
- Os Beatles usaram sitar hindu em "Norwegian Wood" e os Stones aproveitaram a onda, como várias outras bandas, para lançar "Paint It Black", tendo Brian Jones no sitar;
- Algumas músicas dos Stones lembram outras dos Beatles. O refrão de "I'm Free" inverte o ('hold me, love me') de "Eight Days A Week". "The Singer Not the Song" tem o mesmo início de "Not A Second Time".
- Brian Jones participa nos vocais de "Yellow Submarine" e toca sax em "You Know My Name".
- O LP Between The Buttons tem a ver com Revolver: ambos trazem alusões sutis a drogas e imitações musicais de Bob Dylan e Kinks;
- A parceria de compositores Jagger/Richard nasceu como uma imitação de Lennon/McCartney. A parceria dos Stones é tão fictícia quanto a dos Beatles. Poucas músicas são de Paul e John juntos. E Mick e Keith, ao começarem a compor, realmente o faziam em parceria. Mas en 1967, no LP Between The Buttons, surgem as primeiras músicas compostas somente por Mick ("Yesterday´s Papers") ou Keith ("Connection").
- Sgt Pepper´s e Satanic Majesties. Até o autor das capas de ambos os discos é o mesmo, Michael Cooper. Durante as seções de gravação do Sgt. Pepper, constantemente apareciam Mick Jagger, Brian Jones e Keith Richards. Na capa do Sgt. Pepper há aquela faixa escrita "Wellcome The Rolling Stones";
"We Love You", a música onde os Stones agradecem o apoio recebido durante sua prisão, segue a onda de paz e amor de "All You Need is Love". Também contou secretamente, devido a problemas contratuais entre a EMI, com a participação da dupla Lennon-McCartney nos vocais. Os Stones chegaram a ser severamente criticados por imitar os Beatles até mesmo na voz, pois ninguém sabia que John e Paul haviam participado da gravação;
- Na apresentação na TV em que os Beatles cantam "All You Need is Love", lá está, entre outros, Mick Jagger, fazendo parte dos backing vocals;
- Os dois grupos saem da fase psicodélica no mesmo período: os Beatles com "Lady Madonna" e os Stones com "Jumpin´Jack Flash".
- No Rock and Roll Circus, em 11/12/68, John canta "Yer Blues", acompanhado por Keith Richards no baixo (the soul brother de Mick Jagger, nas palavras de John), Eric Clapton na guitarra solo e Mitch Mitchell (do Jimmy Hendrix Experience) na bateria;
- A capa do LP Beggar´s Banquet teve sua capa original rejeitada pela Decca e saiu com capa branca, lembrando o Álbum Branco;
- Também são semelhantes os títulos de Let It Be e Let It Bleed;
- Na apresentação dos Rollling Stones no Hyde Park, em Londres, em 05/07/69, logo após a morte de Brian Jones, no final do show, a câmera focaliza Paul McCartney, se levantando lá no meio da multidão, e se virando para ir embora;
Apple
No final de 1966, os Beatles foram aconselhados pelo seu departamento de finanças a diversificar seus investimentos gastando um pouco mais do dinheiro ganho para não serem devorados pelo imposto de renda. Uma vez caindo na categoria de super taxação, John, Paul, George e Ringo estavam pagando cerca de 90% dos seus ganhos em imposto. O primeiro entre vários passos que os Beatles tomariam no verão de 1967, em função desta sugestão, seria de criar uma firma prontamente batizada de Beatles Company. Outros projetos incluiriam o de montar uma boutique de modas e a compra de uma ilha.
Paul McCartney convida Mick Jagger a pensar sobre a possibilidade das duas bandas se juntarem como sócios. A notícia chegou a ser divulgada, embora apenas como boato. A proposta é um reflexo do fato de os Beatles estarem sem seu empresário Brian Epstein e os Stones, estando sem representação, presos ao duelo jurídico envolvendo Eric Easton, Andrew Oldham e Allen Klein.
Os Beatles visionam uma firma que irá dar condições para outros artistas produzirem artisticamente, e estes trabalhos chegarem ao mercado de consumo, sem o costumeiro tratamento frio e impessoal das grandes empresas e gravadoras, somente interessadas em lucro. Paul sonha alto e projeta planos para uma firma que irá englobar música e poesia, além de produzir e vender manufaturados. Embora Mick Jagger chegasse a cogitar a possibilidade de os Rolling Stones unirem esforços e fortunas com os Beatles, ele estava na verdade mais interessado em limitar o empreendimento em apenas ser proprietário de um estúdio de primeira linha. Suas conversas com Paul giravam em torno do estúdio para servir às duas bandas, não comprando muito a ideia deles, conseguindo gerenciar uma grande corporação que cuidaria de todos os aspectos dos negócios.
Com a visível diferença entre os ideais dos dois, Mick se desculpou explicando que, na prática, todo capital de giro da banda estava preso na justiça, em função do caso pendente entre Easton e Oldham. Mantendo a mente aberta para o futuro, Jagger autoriza sua secretária particular Jo Bergman a procurar um novo escritório para os negócios dos Rolling Stones, onde teria também um espaço para se montar um estúdio. Solicitou também que fosse registrado o nome Mother Earth, considerando este um nome ideal para o futuro estúdio.
A Beatles Company acabaria se tornando a Apple Corp. e os Stones teriam que aguardar mais três anos até poderem ter em suas mãos, o hoje conhecido selo Rolling Stones Records. De bom, o assunto serviu para colocar os Stones nos jornais sensacionalistas fofocando sobre assuntos mais artísticos, do que os últimos relatos policiais.
Enfim, os anos 60 se foram e os Beatles, infelizmente, não seguiram o exemplo dos Stones de ficarem unidos até hoje, mas a amizade continua.
Por João Lennon
Alan White, o baterista do Yes... e da Plastic Ono Band
Quando John Lennon precisou de um baterista para fazer sua primeira apresentação fora dos Beatles, foi ele que segurou as baquetas. Depois, este grande baterista, mais conhecido pela sua banda principal (Yes), também fez bonito com George Harrison e o próprio John Lennon. Saiba mais sobre esse superastro dos ProgRock.
Alan White começou criança, aprendeu a tocar piano com seu pai, mas depois decidiu mudar para a bateria, influenciado por Ringo Starr. Com 13 anos (1963-1964) tocava no The Downbeats, e começou a aparecer em jornais locais, por ter tanta habilidade com tão pouca idade. Os Downbeats tocavam sete noites por semana, primeiramente fazendo covers dos Beatles.
Um pouco depois formou o Blue Chips, conseguiu contrato com a Polygram e lançou um compacto em 1965. Depois disso, White se juntou a Billy Fury e sua banda The Gamblers, e foram tocar na Alemanha por alguns meses em 1966.
No final dos anos 60, tocou teclado na Ginger Baker's Aiforce, pois o baterista era o lendário Phill Seaman. Depois da desastrosa experiência, tocou no Balls (com Denny Laine e Trevor Burton - do Moody Blues e The Move) por alguns meses. Tocou também com Graham Bond e Joe Cocker (no Woodstock).
Seu talento porém, só foi notado no fim de 1969, quando tocou com a Plastic Ono Band em Toronto. Seu nome vinha creditado, na mesma altura dos de Lennon e Clapton. Tocou também no single de Instant Karma e no LP Imagine. No início dos anos 70 tocou em álbuns de George Harrison, Doris Troy, Gary Wright e Allan Price. Formou o Griffin' (com Colin Gibson).
No fim de 72 entrou para o Yes, após a saída de Bill Bruford. Em 76, após uma decaída de popularidade do Yes, lançou Ramshackled, seu único álbum solo, que por sinal foi surpreendente. Depois voltou ao Yes, e eles lançam discos até hoje.
No fim, Alan White é tão popular, que chega a disputar com Ringo, John Bonham, Keith Moon, Charlie Watts, Nick Mason, Ian Paice e Ginger Baker.
Alan White teve uma breve passagem pelo King Crimson (não gravou nenhuma música, tocou em apenas 2 ou 3 shows). E tocou também com Donovan, Jesse Ed Davis, Paul Kossoff, Johnny Almond, Bell & Arc, Dr. Robert, Squire, Steve Gibbons, Eddie Harris, Steve Howe, Stefan Grossman, Sky e Carl Perkins.