segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Beatles, uma volta ao futuro

Ricardo Pires de Mello
Para os que pensam que ir a uma exposição dos Beatles seria mais uma volta ao passado, seja o nosso próprio ou o dos nossos pais, uma surpresa os aguarda em São Paulo. Nada de exibições convencionais, nada de peças de museu tratadas como tal para frequentadores idem. Na Beatlemania Experience montada no Shopping Eldorado, relíquias se revelam mais atuais, visíveis e palpáveis do que uma caça a Pokemons e ambientes de época surgem tão reais como deveriam ser naquelas máquinas do tempo dos filmes de ficção científica.

A cada passo, um mergulho no que a tecnologia tem de melhor, posta a serviço de uma boa e nobre causa: a música dos Beatles. De repente, o velho caminhão improvisado em palco, que mal aparecia em uma ou duas fotos dos futuros Beatles do final dos anos 50, cria vida e assume, em tamanho real, o papel de arauto dos sonhos de todos nós. Metros adiante e já estamos caminhando na Mathew Street, a Liverpool do Cavern Club e das margens plácidas do rio Mersey, primeiras a ouvir o brado retumbante que logo se tornou o ‘big-bang’ do universo pop.

Não vou aqui antecipar os próximos movimentos para não estragar as surpresas, mas adianto que nunca pensei um dia me ver dentro do submarino amarelo, olhando pelo periscópio do velho Capitão Fred. Ou me sentir espremido em um estádio para assistir a um ‘show’, em plena beatlemania, através dos modernos óculos de realidade virtual. Ou ser um simples ‘voyeur’ na íntima experiência bioscópica dos Beatles, como anunciava o cartaz do filme “Let It Be”, devidamente empoleirado no telhado vizinho ao da Apple.

A experiência vale para todos os gostos: instrumentos musicais, roupas, discos raros que vão da Colômbia a Taiwan, fanzines, álbuns de fotos – enfim, um acervo cuidadosamente colecionado por um pequeno grupo de apaixonados e agora compartilhado com milhares de súditos fiéis ou simples curiosos, para que encham os olhos com lágrimas de felicidade.

Sai de lá certo de que, quando se trata dos Beatles, nada pode ser mais futurista do que a preservação do passado como uma doce continuidade do presente.

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