Paul McCartney diz que o melhor modo de lembrar seu amigo George Harrison é criar um centro de meditação. O ex-Beatle disse que George não gostaria de nenhuma agitação - mas, se tiver que haver um memorial, deve ser em algum lugar "calmo, quieto e longe da confusão".
Autoridades em Liverpool querem homenagear George criando um memorial permanente. Mas, de acordo com Sir Paul, ele deveria ser construído sob a forma de um centro de meditação ou uma área de jardins. Numa entrevista ontem no programa North West Tonight da BBC, Sir Paul falou sobre a última vez em que viu George, que faleceu há duas semanas nos Estados Unidos, após uma longa luta contra o câncer.
Ele falou sobre como segurou por duas horas a mão de seu amigo da vida inteira, desde sua infância em Liverpool. Sir Paul disse: "Em todo esse tempo em que o conheci, eu nunca havia segurado sua mão - não é o tipo de coisa que você faz quando é parte de um grupo".
Mike Storey, de Liverpool, disse que um dos possíveis locais para o memorial é o orquidário de Harthill, em Allerton. O conselho da cidade pensa em abrir novamente o local à visitação pública, após mais de 10 anos. O jardim para meditação deve ser incorporado nesse mesmo esquema.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2001
segunda-feira, 3 de dezembro de 2001
George Harrison deixa álbum gravado em segredo
O Beatle George Harrison estava gravando um último álbum em segredo nos meses que antecederam à sua morte, disse a mídia britânica no domingo. O jornal The Sunday Times informou que Harrison fez sua família ouvir faixas do álbum no domingo passado, num hospital em Los Angeles, quatro dias antes de sua morte por câncer aos 58 anos.
O Beatle teria dado ao álbum o título temporário de "Portrait of a Leg End'', que seria uma referência jocosa a sua relação complicada com a fama. Ainda segundo o jornal, Harrison teria trabalhado sobre 25 faixas inéditas num estúdio montado em sua mansão na zona rural inglesa. "Algumas das canções novas são muito comoventes e falam de sua vida nos últimos anos'', teria afirmado o músico californiano Jim Keltner, que tocou bateria em algumas das faixas, segundo o Sunday Times. "O CD estava muito perto de ficar pronto.''
O tablóide Sunday Express disse que a mulher de Harrison, Olivia, vai decidir se o álbum será lançado e quando, já que George Harrison não tinha contrato com nenhuma gravadora. Ele gravou uma de suas últimas canções, "Horse to Water'', no dia 1º de outubro, ao lado de seu filho, Dhani, para uma compilação que será lançada pelo músico britânico Jools Holland. A canção contém referências à luta física e espiritual de Harrison contra o câncer.
Enquanto isso, políticos britânicos estão pedindo que Harrison receba uma condecoração póstuma com o título de cavaleiro, informou o Sunday Express. A iniciativa exigiria uma mudança no sistema britânico de títulos honorários, pelo qual apenas militares podem receber o título "sir'' após sua morte.
"Considerando o tipo de pessoa que anda sendo condecorado como cavaleiro, como deixar de dar o título ao homem que compôs 'Here Comes the Sun'?'', teria dito o deputado conservador (oposicionista) Boris Johnson, segundo o Sunday Express.
O Beatle teria dado ao álbum o título temporário de "Portrait of a Leg End'', que seria uma referência jocosa a sua relação complicada com a fama. Ainda segundo o jornal, Harrison teria trabalhado sobre 25 faixas inéditas num estúdio montado em sua mansão na zona rural inglesa. "Algumas das canções novas são muito comoventes e falam de sua vida nos últimos anos'', teria afirmado o músico californiano Jim Keltner, que tocou bateria em algumas das faixas, segundo o Sunday Times. "O CD estava muito perto de ficar pronto.''
O tablóide Sunday Express disse que a mulher de Harrison, Olivia, vai decidir se o álbum será lançado e quando, já que George Harrison não tinha contrato com nenhuma gravadora. Ele gravou uma de suas últimas canções, "Horse to Water'', no dia 1º de outubro, ao lado de seu filho, Dhani, para uma compilação que será lançada pelo músico britânico Jools Holland. A canção contém referências à luta física e espiritual de Harrison contra o câncer.
Enquanto isso, políticos britânicos estão pedindo que Harrison receba uma condecoração póstuma com o título de cavaleiro, informou o Sunday Express. A iniciativa exigiria uma mudança no sistema britânico de títulos honorários, pelo qual apenas militares podem receber o título "sir'' após sua morte.
"Considerando o tipo de pessoa que anda sendo condecorado como cavaleiro, como deixar de dar o título ao homem que compôs 'Here Comes the Sun'?'', teria dito o deputado conservador (oposicionista) Boris Johnson, segundo o Sunday Express.
domingo, 2 de dezembro de 2001
Beatles: Sua Mística Viagem Mágica
Ocorrida neste período de perdas, a morte de George Harrison nos faz recordar que apesar de os Beatles serem mortais, a sabedoria deles ainda nos toca.
Ele foi o beatle calado apenas por estar ao lado de duas enormes personalidades extrovertidas e à frente de um sujeito que tocava bateria. Ele tinha muitas opiniões fortes - sobre a beatlemania, sobre a pobreza mundial, sobre seu direito à privacidade, sobre Deus - e as expressou de forma firme. Mas George Harrison certamente foi o beatle mais relutante, desejando sair quase ao mesmo tempo em que entrou. Várias vezes ele disse que sua maior sorte foi entrar para a banda e a segunda maior foi sair dela. Certa vez ele disse: "Ser um beatle foi um pesadelo, uma história de horror. Eu nem mesmo gosto de pensar nisso". Ele realmente nunca pareceu à vontade naquele terno e corte de cabelo, nem mesmo no divertido "Os Reis do Ié, Ié, Ié" (A Hard Day's Night), e nisto talvez ele tenha sido o beatle mais honesto, o menos convincente quando usava uma máscara. O comentário padrão é que George Harrison era um enigma, mas talvez ele fosse transparente: um guitarrista excelente, um ótimo compositor, um prodígio, um buscador e, acima de tudo, uma celebridade que odiava e temia a celebridade.
Harrison morreu na semana passada na casa de um amigo em Los Angeles aos 58 anos, perdendo sua última batalha contra o câncer. Em 1997 ele teve um tumor canceroso removido de sua garganta; no início deste ano ele foi operado de um câncer encontrado no pulmão e subseqüentemente recebeu tratamento para combater um tumor no cérebro, incluindo uma forma controversa de terapia de radiação no Hospital da Universidade de Staten Island em Nova York. "George era muito diferente de muitas pessoas que vêm aqui, pois ele não temia a morte", disse Gil Lederman, um de seus médicos. "Para ele, vida e morte faziam parte do mesmo processo". A morte de Harrison deixa apenas Paul McCartney e Ringo Starr como integrantes sobreviventes do "Fab Four"; John Lennon foi assassinado em Nova York em 1980.
Olivia, a mulher de Harrison, e o filho Dhani, de 23 anos, estavam ao lado dele no momento de sua morte, e, à medida que a notícia era divulgada, Harrison foi lamentado e elogiado por multidões que se reuniram do lado de fora dos estúdios Abbey Road, em Londres, e em Strawberry Fields, a área no Central Park em Manhattan do outro lado da rua onde Lennon foi morto, e por seus ex-companheiros de banda. "Ele era um sujeito maravilhoso. Ele era como um irmão caçula para mim", disse sir Paul, que perdeu sua mulher, Linda, para o câncer de mama em 1998. Ringo Starr, o melhor amigo de Harrison na banda, disse: "Nós sentiremos falta de George pelo seu senso de amor, seu senso musical, e senso de humor".
Tais louvores para George Harrison, que nasceu filho de um motorista de ônibus de Liverpool durante os dias mais sombrios da Segunda Guerra Mundial, estão de acordo com os tipos de milagres que os Beatles fizeram para si mesmos. A mais famosa das manobras do destino ligadas aos Beatles envolve um passeio de Paul McCartney a um festival de verão na Igreja de São Pedro, no distrito de Woolton, em Liverpool, em um dia quente de 1957, no qual se impressionou com uma banda de skiffle chamada Quarrymen. Por acaso Paul tinha trazido sua guitarra, com a qual também impressionou o líder da banda, um rapaz convencido chamado John Lennon, com interpretações roucas de canções de Eddie Cochran e Little Richard. Esse foi o grande momento cósmico, mas na história dos Beatles há um acontecimento anterior. Ele ocorreu em 1955. George Harrison, na época com apenas 12 anos, era um estudante pobre que viajava diariamente no ônibus de seu pai, indo da casa de sua família em Speke até o Liverpool Institute. Certo dia ele começou a conversar com um menino que estava um ano adiante na escola, o filho de um vendedor de algodão de Allerton. Paul McCartney era tão apaixonado por guitarras e astros do rockabilly americano quanto Harrison, e logo ele se juntaria ao jovem George para praticar à noite suas versões de "Don't You Rock Me Daddy-O" e "Besame Mucho".
Deixando de lado as muitas transformações pelas quais passaram os Quarrymen no final dos anos 1950 - os Moondogs, os Silver Beatles, e o número interminável de bateristas - nós chegamos ao Reeperbahn, o famoso distrito de cabarés de Hamburgo, Alemanha, no início dos anos 1960, com uma banda cuja linha de frente era Lennon-McCartney-Harrison porque Lennon, em sua sabedoria, optou por abrir mão de seu predomínio para formar o grupo mais forte. Uma forma de encarar os Beatles no início é como uma das mais toscas, rudes e melhores bandas punk de todos os tempos, ganhando entrosamento e aperfeiçoando seu som noite após noite, durante apresentações que podiam durar oito horas. "Nós espumávamos pela boca", lembrou Harrison em "The Beatles - Antologia", um álbum de fotos e recordações publicado no ano passado, "porque nós tínhamos que tocar todas aquelas horas e os donos dos clubes nos davam preludins, que eram pequenos tabletes. Eu não acho que eram anfetaminas, mas eram estimulantes. Assim costumávamos estar lá em cima espumando, mandando ver". Em muitas ocasiões ele disse que os melhores shows dos Beatles ocorreram nos clubes de Hamburgo.
Harrison era o bebê da banda, e se a dinâmica interna dos Beatles fosse diferente, sua idade poderia ter lhe custado seu lugar na história. Durante a primeira temporada de cinco meses na Alemanha, as autoridades descobriram que Harrison, então com 17 anos, era jovem demais para trabalhar nos clubes noturnos de Reeperbahn. Elas o deportaram. Guitarristas podem ser substituídos, mas na época McCartney e Lennon gostavam de proteger o irmãozinho deles - os Beatles era uma família unida tanto quanto uma banda de rock - e poucas semanas depois os rapazes estavam novamente tocando juntos na Inglaterra. Soando melhores do que nunca, e muito melhores do que qualquer outra banda de Liverpool, os Beatles se tornaram lendas locais pelos shows que realizaram no Cavern Club. Eles conseguiram um contrato de gravação, substituíram seu baterista pelo talentoso Ringo Starr e tomaram o rumo do sucesso.
Mas para Harrison, muito mais rapidamente do que para os outros, a magia do momento tremeluziu e desapareceu. "A princípio todos nós pensávamos que queríamos a fama e tudo mais", disse ele em 1988. "Pouco depois nós percebemos que a fama não era exatamente o que estávamos buscando, mas sim os frutos dela. Após a empolgação inicial ter passado, eu fiquei deprimido. Isto é tudo o que procuramos na vida? Sermos perseguidos por uma multidão de lunáticos de um quarto de hotel ruim para outro?"
Durante a grande conquista da América pelos Beatles em 1964, quando a primeira aparição deles no programa The Ed Sullivan Show atraiu impressionantes 73 milhões de espectadores e os transformou em fenômenos da noite para o dia, Harrison passou seus dias isolado no Plaza Hotel, com febre alta, enquanto os outros três integrantes do quarteto desfilavam pela cidade, surpreendendo a imprensa mundial com sua vitalidade e sagacidade. Então seguiram para Washington para o concerto no Coliseum diante de mais de 7 mil fãs que não paravam de gritar. "Foi horroroso", Harrison contou para o biógrafo Geoffrey Giuliano. "Algum jornalista aparentemente desenterrou uma antiga citação de John de que eu gostava de "jelly babies" (doces em forma de bebês) e escreveu em sua coluna. Naquele noite nós fomos absolutamente apedrejados... Imagine ondas de balas duras chovendo sobre você. A toda hora uma atingia uma corda da minha guitarra, fazendo soar uma nota ruim enquanto eu tentava tocar. Dali em diante, para onde quer que fôssemos era exatamente a mesma coisa".
Os ídolos da guitarra de Harrison incluíam não apenas o roqueiro Carl Perkins, mas também Andrés Segóvia, e ele se esforçou muito para dominar uma técnica complexa, precisa (suas experiências posteriores com guitarras de 12 cordas, sem contar a cítara, seriam enormemente influentes no rock). Só que naquele momento os freqüentadores dos shows não podiam ouvi-lo, e pior, nem se importavam. Harrison, que fez 21 anos após aquela primeira e breve turnê americana, perguntou aos demais durante o vôo de volta para casa: "Que estúpido é tudo isto. Tanta confusão para preparar, apenas para terminar como pulgas amestradas".
Não demorou muito para os demais Beatles compartilharem sua opinião, e o último concerto público da banda ocorreu no Candlestick Park de San Francisco em 29 de agosto de 1966. (A cidade queria promover um desfile com o grupo, mas os rapazes disseram não à idéia. Eles estavam assustados com o empurra-empurra dos beatlemaníacos e pensaram não apenas no assassinato de John F. Kennedy, mas também nas ameaças de morte que os Beatles vinham recebendo após o recente comentário de Lennon, "nós somos mais populares que Jesus"). Com o fim das apresentações ao vivo, a banda, e Harrison em particular, passou a tratar de empreendimentos que considerava mais sérios. Seu casamento com Patti Boyd no início de 1966 alterou sua perspectiva, assim como o que ele chamou de "a experiência dental", que, segundo ele, "nos fez ver a vida sob uma luz diferente".
A experiência dental aconteceu em 1964. Os gerentes dos clubes de Hamburgo apresentaram os estimulantes para os Beatles, e Bob Dylan os fez se interessarem pela maconha. Mas em um jantar na casa do dentista de George em Londres, o anfitrião botou cubos de açúcar com LSD no café pós-jantar servido para George e Patti, John e sua esposa Cynthia. Em questão de meses, todos os Beatles estavam experimentando o ácido, e eventualmente Paul passou para a cocaína, John para a heroína e George se tornou fã de haxixe (pelo qual foi preso em março de 1969). A música que continuavam produzindo em estúdio mudou. Ela se tornou mais densa, viajante. O compacto "Strawberry Fields Forever" foi seguido pelo álbum seminal "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", e os Beatles guiaram sua geração para o mundo psicodélico. À medida que Harrison começava a despontar como compositor, suas composições com arranjos requintados -"Within You, Without You", "Love You Too", "Blue Jay Way"- marcavam não apenas o uso de drogas, mas sua melodia e mensagem também mostravam o crescente interesse pela religião, cultura e música orientais.
Tal interesse, que se tornaria a força propulsora de sua vida, surgiu quando o roteiro do segundo filme dos Beatles, "Help!", exigiu cenas de perseguição envolvendo vilãos hindus caricatos, e citaristas indianos foram trazidos para fornecer a música para as seqüências. George começou a brincar com o instrumento e a fazer perguntas. Isso levou à sonoridade exótica da balada "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)" de Lennon e posteriormente a um aprendizado com o mestre citarista Ravi Shankar, que deu a Harrison não apenas lições sobre o instrumento, mas também sobre a vida. "Ele foi um amigo, um discípulo e um filho para mim", disse Shankar, que visitou Harrison pela última vez na quarta-feira. "George foi uma alma bela e corajosa, cheia de amor, humor infantil e uma profunda espiritualidade. Nós passamos o dia anterior com ele, e mesmo naquele instante ele parecia em paz, cercado de amor".
A famosa viagem dos Beatles para Índia em 1968, onde eles meditaram sob a orientação do Maharishi Mahesh Yogi, foi em grande parte obra de Harrison. Ele e Patti se tornaram devotos do líder religioso e arranjaram para que a banda passasse algum tempo no ashram do Maharishi na base do Himalaia. Outras celebridades - Mia Farrow, o cantor Donovan, Mike Love dos Beach Boys - também fizeram um retiro lá, e o episódio é lembrado como um dos momentos chaves, e dos mais peculiares, do Flower Power dos anos 60. Alguns dos inquestionavelmente belos frutos da escapada foram as canções compostas lá. John disse que compôs "centenas"; Paul voltou com pelo menos 15; e grande parte do "Álbum Branco" e do "Abbey Road" foi concebido em Rishikesh. George contribuiu com quatro canções, incluindo a ladainha pró-vegetariana "Piggies" e as belíssimas "Here Comes the Sun" e "Something". Com mais de 150 versões gravadas, "Something" é a canção mais gravada dos Beatles depois de "Yesterday", mas uma medida da obscuridade de Harrison dentro da banda é o fato de que Frank Sinatra costumava apresentar "Something" como sua canção favorita de Lennon e McCartney.
Tal confusão terminaria com a separação acrimoniosa da banda, anunciada em 1970. Para Harrison, a separação abriu a porta da liberdade artística. Ele acumulava canções havia meses - anos - canções que não encontravam espaço nos álbuns dos Beatles, repletos dos esforços de Lennon e McCartney. Naquele momento, em um trabalho que é a própria definição de magnum opus, Harrison lançou o álbum triplo "All Things Must Pass". (O relançamento de 30º aniversário ocorrido no início deste ano apenas confirmou que essa foi a obra-prima de Harrison.)
A caixa chegou ao primeiro lugar em 1971, impulsionada por sucessos como "My Sweet Lord" e "What Is Life". Harrison tinha encontrado um novo mentor espiritual, Srila Prabhupada, da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, e sentimentos e sons hindus permeavam o álbum, estimulando a venda de cítaras e incitando o interesse de muitos ouvintes pelas religiões orientais. Logo após o fim dos Beatles, Harrison, a revelação, passou a rivalizar com Lennon e McCartney como ícone pop, e Shankar percebeu que seu amigo poderia ser o homem de frente perfeito para uma boa causa. Em agosto de 1971, Harrison e os amigos Bob Dylan, Ringo Starr, Leon Russell e Eric Clapton realizaram dois concertos no Madison Square Garden de Nova York para levantar dinheiro para o subcontinente indiano, devastado por enchentes e pela fome. O Concerto para Bangladesh estabeleceu Harrison como pioneiro na filantropia do rock, e estabeleceu o modelo para esforços futuros para arrecadação de fundos envolvendo celebridades como o Live Aid, o disco "We Are the World" e o Concerto para Nova York, promovido por Paul McCartney seis semanas atrás no Madison Square Garden, em auxílio às vítimas dos ataques ao World Trade Center.
Com George agora no centro, seus fãs passaram a conhecê-lo melhor. Ficou evidente que, na verdade, o beatle calado possuía a mesma sagacidade direta, sarcástica pela qual Lennon era conhecido. (Durante uma sessão de gravação dos Beatles com o produtor George Martin em 1962, este lhes perguntou: "Alguma coisa com a qual não estejam satisfeitos?" Foi George, e não John, quem respondeu: "Para começar, eu não gostei de sua gravata"). Harrison, com o sucesso individual, pareceu mais à vontade, e sua cordialidade ao longo dos anos 1970 transformou sua imagem na de um místico feliz.
Clapton, assim como Dylan, tornou-se um dos melhores amigos de Harrison, e é surpreendente o fato de a amizade deles não ter sido destruída quando Patti se tornou a sra. Clapton em 1979, dois anos depois de ela ter se divorciado de George e um ano depois de este ter se casado com a americana Olivia Arias. No final dos anos 1970, Harrison era um empreendedor tanto quanto músico. Ele abriu sua própria gravadora (a Dark Horse, em 1974) e sua própria produtora de cinema, a HandMade Films, que ele criou para ajudar seu amigo Eric Idle a concluir seu filme do Monty Python, "A Vida de Brian". Outras produções da HandMade incluem a fantasia "Bandidos do Tempo" de 1981, e o drama "Mona Lisa" de 1986, que lançou o ator Bob Hoskins. O envolvimento de Harrison com o cinema também incluiu uma ponta no falso documentário de Idle, "All You Need Is Cash", sobre os Rutles. Segundo George, a paródia contava a história dos Beatles "muito melhor do que os habituais documentários tediosos".
Assustado até se tornar quase um recluso após o assassinato de Lennon por Mark David Chapman em dezembro de 1980, Harrison passou grande parte do seu tempo meditando, produzindo música, cuidando de jardinagem e assistindo a corridas de Fórmula 1 na televisão em Friar Park, sua extraordinária propriedade em Henley-on-Thames, e no seu refúgio na ilha havaiana de Maui. Ele saiu ocasionalmente para gravar e tocar com os Traveling Wilburys, um supergrupo que incluía Dylan, Tom Petty e outros. Mas várias batalhas legais cada vez mais tomavam seu tempo. Em 1976 ele teve de pagar US$ 587 mil (cerca de R$ 1,47 milhão) por "plagiar inconscientemente" o antigo sucesso dos Chiffons, "He's So Fine", na melodia de "My Sweet Lord". Em 1991, ele processou o tablóide "The Globe" por difamação por ter publicado uma história o chamando de "Grande Fã dos Nazistas". E em 1996 ele venceu um julgamento de US$ 11,6 milhões (cerca da R$ 29 milhões) contra seu ex-sócio na HandMade Films, Denis O'Brien, por não assumir a divisão acertada das dívidas da empresa. Naquele mesmo ano Harrison pediu para as autoridades investigarem uma série de ameaças de morte.
Não foi provada que alguma ameaça tenha vindo de Michael Abram, mas foi Abram, um obcecado pelos Beatles de 33 anos de um subúrbio de Liverpool, que, na madrugada de 30 de dezembro de 1999, passou pelos alarmes e proteções de Friar Park e invadiu a casa de Harrison. George levou uma facada no peito antes que Olivia nocauteasse Abram com um abajur. Harrison recuperou-se, e Abram foi enviado para um hospital psiquiátrico.
Apesar de Harrison ter conseguido sobreviver às pressões de ser um beatle e a um ataque de um maníaco, ele não conseguiu derrotar o câncer. Ele, entretanto, tornou a passagem para a morte mais fácil para si mesmo ao acreditar fervorosamente por tanto tempo em uma vida após esta. Sua amiga Mia Farrow disse na semana passada: "Uma das coisas mais inspiradoras foi sua busca durante toda a vida para conhecer o Deus dele. E se Deus existir, eu não tenho dúvida de que George terá um lugar perto dele". Se ela estiver certa, Harrison está feliz. Ele pode ter tido medo de multidões de fãs, mas ele nunca teve medo de partir.
Por Richard Lacayo (TIME)
Tradução: George El Khouri Andolfato
Ele foi o beatle calado apenas por estar ao lado de duas enormes personalidades extrovertidas e à frente de um sujeito que tocava bateria. Ele tinha muitas opiniões fortes - sobre a beatlemania, sobre a pobreza mundial, sobre seu direito à privacidade, sobre Deus - e as expressou de forma firme. Mas George Harrison certamente foi o beatle mais relutante, desejando sair quase ao mesmo tempo em que entrou. Várias vezes ele disse que sua maior sorte foi entrar para a banda e a segunda maior foi sair dela. Certa vez ele disse: "Ser um beatle foi um pesadelo, uma história de horror. Eu nem mesmo gosto de pensar nisso". Ele realmente nunca pareceu à vontade naquele terno e corte de cabelo, nem mesmo no divertido "Os Reis do Ié, Ié, Ié" (A Hard Day's Night), e nisto talvez ele tenha sido o beatle mais honesto, o menos convincente quando usava uma máscara. O comentário padrão é que George Harrison era um enigma, mas talvez ele fosse transparente: um guitarrista excelente, um ótimo compositor, um prodígio, um buscador e, acima de tudo, uma celebridade que odiava e temia a celebridade.
Harrison morreu na semana passada na casa de um amigo em Los Angeles aos 58 anos, perdendo sua última batalha contra o câncer. Em 1997 ele teve um tumor canceroso removido de sua garganta; no início deste ano ele foi operado de um câncer encontrado no pulmão e subseqüentemente recebeu tratamento para combater um tumor no cérebro, incluindo uma forma controversa de terapia de radiação no Hospital da Universidade de Staten Island em Nova York. "George era muito diferente de muitas pessoas que vêm aqui, pois ele não temia a morte", disse Gil Lederman, um de seus médicos. "Para ele, vida e morte faziam parte do mesmo processo". A morte de Harrison deixa apenas Paul McCartney e Ringo Starr como integrantes sobreviventes do "Fab Four"; John Lennon foi assassinado em Nova York em 1980.
Olivia, a mulher de Harrison, e o filho Dhani, de 23 anos, estavam ao lado dele no momento de sua morte, e, à medida que a notícia era divulgada, Harrison foi lamentado e elogiado por multidões que se reuniram do lado de fora dos estúdios Abbey Road, em Londres, e em Strawberry Fields, a área no Central Park em Manhattan do outro lado da rua onde Lennon foi morto, e por seus ex-companheiros de banda. "Ele era um sujeito maravilhoso. Ele era como um irmão caçula para mim", disse sir Paul, que perdeu sua mulher, Linda, para o câncer de mama em 1998. Ringo Starr, o melhor amigo de Harrison na banda, disse: "Nós sentiremos falta de George pelo seu senso de amor, seu senso musical, e senso de humor".
Tais louvores para George Harrison, que nasceu filho de um motorista de ônibus de Liverpool durante os dias mais sombrios da Segunda Guerra Mundial, estão de acordo com os tipos de milagres que os Beatles fizeram para si mesmos. A mais famosa das manobras do destino ligadas aos Beatles envolve um passeio de Paul McCartney a um festival de verão na Igreja de São Pedro, no distrito de Woolton, em Liverpool, em um dia quente de 1957, no qual se impressionou com uma banda de skiffle chamada Quarrymen. Por acaso Paul tinha trazido sua guitarra, com a qual também impressionou o líder da banda, um rapaz convencido chamado John Lennon, com interpretações roucas de canções de Eddie Cochran e Little Richard. Esse foi o grande momento cósmico, mas na história dos Beatles há um acontecimento anterior. Ele ocorreu em 1955. George Harrison, na época com apenas 12 anos, era um estudante pobre que viajava diariamente no ônibus de seu pai, indo da casa de sua família em Speke até o Liverpool Institute. Certo dia ele começou a conversar com um menino que estava um ano adiante na escola, o filho de um vendedor de algodão de Allerton. Paul McCartney era tão apaixonado por guitarras e astros do rockabilly americano quanto Harrison, e logo ele se juntaria ao jovem George para praticar à noite suas versões de "Don't You Rock Me Daddy-O" e "Besame Mucho".
Deixando de lado as muitas transformações pelas quais passaram os Quarrymen no final dos anos 1950 - os Moondogs, os Silver Beatles, e o número interminável de bateristas - nós chegamos ao Reeperbahn, o famoso distrito de cabarés de Hamburgo, Alemanha, no início dos anos 1960, com uma banda cuja linha de frente era Lennon-McCartney-Harrison porque Lennon, em sua sabedoria, optou por abrir mão de seu predomínio para formar o grupo mais forte. Uma forma de encarar os Beatles no início é como uma das mais toscas, rudes e melhores bandas punk de todos os tempos, ganhando entrosamento e aperfeiçoando seu som noite após noite, durante apresentações que podiam durar oito horas. "Nós espumávamos pela boca", lembrou Harrison em "The Beatles - Antologia", um álbum de fotos e recordações publicado no ano passado, "porque nós tínhamos que tocar todas aquelas horas e os donos dos clubes nos davam preludins, que eram pequenos tabletes. Eu não acho que eram anfetaminas, mas eram estimulantes. Assim costumávamos estar lá em cima espumando, mandando ver". Em muitas ocasiões ele disse que os melhores shows dos Beatles ocorreram nos clubes de Hamburgo.
Harrison era o bebê da banda, e se a dinâmica interna dos Beatles fosse diferente, sua idade poderia ter lhe custado seu lugar na história. Durante a primeira temporada de cinco meses na Alemanha, as autoridades descobriram que Harrison, então com 17 anos, era jovem demais para trabalhar nos clubes noturnos de Reeperbahn. Elas o deportaram. Guitarristas podem ser substituídos, mas na época McCartney e Lennon gostavam de proteger o irmãozinho deles - os Beatles era uma família unida tanto quanto uma banda de rock - e poucas semanas depois os rapazes estavam novamente tocando juntos na Inglaterra. Soando melhores do que nunca, e muito melhores do que qualquer outra banda de Liverpool, os Beatles se tornaram lendas locais pelos shows que realizaram no Cavern Club. Eles conseguiram um contrato de gravação, substituíram seu baterista pelo talentoso Ringo Starr e tomaram o rumo do sucesso.
Mas para Harrison, muito mais rapidamente do que para os outros, a magia do momento tremeluziu e desapareceu. "A princípio todos nós pensávamos que queríamos a fama e tudo mais", disse ele em 1988. "Pouco depois nós percebemos que a fama não era exatamente o que estávamos buscando, mas sim os frutos dela. Após a empolgação inicial ter passado, eu fiquei deprimido. Isto é tudo o que procuramos na vida? Sermos perseguidos por uma multidão de lunáticos de um quarto de hotel ruim para outro?"
Durante a grande conquista da América pelos Beatles em 1964, quando a primeira aparição deles no programa The Ed Sullivan Show atraiu impressionantes 73 milhões de espectadores e os transformou em fenômenos da noite para o dia, Harrison passou seus dias isolado no Plaza Hotel, com febre alta, enquanto os outros três integrantes do quarteto desfilavam pela cidade, surpreendendo a imprensa mundial com sua vitalidade e sagacidade. Então seguiram para Washington para o concerto no Coliseum diante de mais de 7 mil fãs que não paravam de gritar. "Foi horroroso", Harrison contou para o biógrafo Geoffrey Giuliano. "Algum jornalista aparentemente desenterrou uma antiga citação de John de que eu gostava de "jelly babies" (doces em forma de bebês) e escreveu em sua coluna. Naquele noite nós fomos absolutamente apedrejados... Imagine ondas de balas duras chovendo sobre você. A toda hora uma atingia uma corda da minha guitarra, fazendo soar uma nota ruim enquanto eu tentava tocar. Dali em diante, para onde quer que fôssemos era exatamente a mesma coisa".
Os ídolos da guitarra de Harrison incluíam não apenas o roqueiro Carl Perkins, mas também Andrés Segóvia, e ele se esforçou muito para dominar uma técnica complexa, precisa (suas experiências posteriores com guitarras de 12 cordas, sem contar a cítara, seriam enormemente influentes no rock). Só que naquele momento os freqüentadores dos shows não podiam ouvi-lo, e pior, nem se importavam. Harrison, que fez 21 anos após aquela primeira e breve turnê americana, perguntou aos demais durante o vôo de volta para casa: "Que estúpido é tudo isto. Tanta confusão para preparar, apenas para terminar como pulgas amestradas".
Não demorou muito para os demais Beatles compartilharem sua opinião, e o último concerto público da banda ocorreu no Candlestick Park de San Francisco em 29 de agosto de 1966. (A cidade queria promover um desfile com o grupo, mas os rapazes disseram não à idéia. Eles estavam assustados com o empurra-empurra dos beatlemaníacos e pensaram não apenas no assassinato de John F. Kennedy, mas também nas ameaças de morte que os Beatles vinham recebendo após o recente comentário de Lennon, "nós somos mais populares que Jesus"). Com o fim das apresentações ao vivo, a banda, e Harrison em particular, passou a tratar de empreendimentos que considerava mais sérios. Seu casamento com Patti Boyd no início de 1966 alterou sua perspectiva, assim como o que ele chamou de "a experiência dental", que, segundo ele, "nos fez ver a vida sob uma luz diferente".
A experiência dental aconteceu em 1964. Os gerentes dos clubes de Hamburgo apresentaram os estimulantes para os Beatles, e Bob Dylan os fez se interessarem pela maconha. Mas em um jantar na casa do dentista de George em Londres, o anfitrião botou cubos de açúcar com LSD no café pós-jantar servido para George e Patti, John e sua esposa Cynthia. Em questão de meses, todos os Beatles estavam experimentando o ácido, e eventualmente Paul passou para a cocaína, John para a heroína e George se tornou fã de haxixe (pelo qual foi preso em março de 1969). A música que continuavam produzindo em estúdio mudou. Ela se tornou mais densa, viajante. O compacto "Strawberry Fields Forever" foi seguido pelo álbum seminal "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", e os Beatles guiaram sua geração para o mundo psicodélico. À medida que Harrison começava a despontar como compositor, suas composições com arranjos requintados -"Within You, Without You", "Love You Too", "Blue Jay Way"- marcavam não apenas o uso de drogas, mas sua melodia e mensagem também mostravam o crescente interesse pela religião, cultura e música orientais.
Tal interesse, que se tornaria a força propulsora de sua vida, surgiu quando o roteiro do segundo filme dos Beatles, "Help!", exigiu cenas de perseguição envolvendo vilãos hindus caricatos, e citaristas indianos foram trazidos para fornecer a música para as seqüências. George começou a brincar com o instrumento e a fazer perguntas. Isso levou à sonoridade exótica da balada "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)" de Lennon e posteriormente a um aprendizado com o mestre citarista Ravi Shankar, que deu a Harrison não apenas lições sobre o instrumento, mas também sobre a vida. "Ele foi um amigo, um discípulo e um filho para mim", disse Shankar, que visitou Harrison pela última vez na quarta-feira. "George foi uma alma bela e corajosa, cheia de amor, humor infantil e uma profunda espiritualidade. Nós passamos o dia anterior com ele, e mesmo naquele instante ele parecia em paz, cercado de amor".
A famosa viagem dos Beatles para Índia em 1968, onde eles meditaram sob a orientação do Maharishi Mahesh Yogi, foi em grande parte obra de Harrison. Ele e Patti se tornaram devotos do líder religioso e arranjaram para que a banda passasse algum tempo no ashram do Maharishi na base do Himalaia. Outras celebridades - Mia Farrow, o cantor Donovan, Mike Love dos Beach Boys - também fizeram um retiro lá, e o episódio é lembrado como um dos momentos chaves, e dos mais peculiares, do Flower Power dos anos 60. Alguns dos inquestionavelmente belos frutos da escapada foram as canções compostas lá. John disse que compôs "centenas"; Paul voltou com pelo menos 15; e grande parte do "Álbum Branco" e do "Abbey Road" foi concebido em Rishikesh. George contribuiu com quatro canções, incluindo a ladainha pró-vegetariana "Piggies" e as belíssimas "Here Comes the Sun" e "Something". Com mais de 150 versões gravadas, "Something" é a canção mais gravada dos Beatles depois de "Yesterday", mas uma medida da obscuridade de Harrison dentro da banda é o fato de que Frank Sinatra costumava apresentar "Something" como sua canção favorita de Lennon e McCartney.
Tal confusão terminaria com a separação acrimoniosa da banda, anunciada em 1970. Para Harrison, a separação abriu a porta da liberdade artística. Ele acumulava canções havia meses - anos - canções que não encontravam espaço nos álbuns dos Beatles, repletos dos esforços de Lennon e McCartney. Naquele momento, em um trabalho que é a própria definição de magnum opus, Harrison lançou o álbum triplo "All Things Must Pass". (O relançamento de 30º aniversário ocorrido no início deste ano apenas confirmou que essa foi a obra-prima de Harrison.)
A caixa chegou ao primeiro lugar em 1971, impulsionada por sucessos como "My Sweet Lord" e "What Is Life". Harrison tinha encontrado um novo mentor espiritual, Srila Prabhupada, da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, e sentimentos e sons hindus permeavam o álbum, estimulando a venda de cítaras e incitando o interesse de muitos ouvintes pelas religiões orientais. Logo após o fim dos Beatles, Harrison, a revelação, passou a rivalizar com Lennon e McCartney como ícone pop, e Shankar percebeu que seu amigo poderia ser o homem de frente perfeito para uma boa causa. Em agosto de 1971, Harrison e os amigos Bob Dylan, Ringo Starr, Leon Russell e Eric Clapton realizaram dois concertos no Madison Square Garden de Nova York para levantar dinheiro para o subcontinente indiano, devastado por enchentes e pela fome. O Concerto para Bangladesh estabeleceu Harrison como pioneiro na filantropia do rock, e estabeleceu o modelo para esforços futuros para arrecadação de fundos envolvendo celebridades como o Live Aid, o disco "We Are the World" e o Concerto para Nova York, promovido por Paul McCartney seis semanas atrás no Madison Square Garden, em auxílio às vítimas dos ataques ao World Trade Center.
Com George agora no centro, seus fãs passaram a conhecê-lo melhor. Ficou evidente que, na verdade, o beatle calado possuía a mesma sagacidade direta, sarcástica pela qual Lennon era conhecido. (Durante uma sessão de gravação dos Beatles com o produtor George Martin em 1962, este lhes perguntou: "Alguma coisa com a qual não estejam satisfeitos?" Foi George, e não John, quem respondeu: "Para começar, eu não gostei de sua gravata"). Harrison, com o sucesso individual, pareceu mais à vontade, e sua cordialidade ao longo dos anos 1970 transformou sua imagem na de um místico feliz.
Clapton, assim como Dylan, tornou-se um dos melhores amigos de Harrison, e é surpreendente o fato de a amizade deles não ter sido destruída quando Patti se tornou a sra. Clapton em 1979, dois anos depois de ela ter se divorciado de George e um ano depois de este ter se casado com a americana Olivia Arias. No final dos anos 1970, Harrison era um empreendedor tanto quanto músico. Ele abriu sua própria gravadora (a Dark Horse, em 1974) e sua própria produtora de cinema, a HandMade Films, que ele criou para ajudar seu amigo Eric Idle a concluir seu filme do Monty Python, "A Vida de Brian". Outras produções da HandMade incluem a fantasia "Bandidos do Tempo" de 1981, e o drama "Mona Lisa" de 1986, que lançou o ator Bob Hoskins. O envolvimento de Harrison com o cinema também incluiu uma ponta no falso documentário de Idle, "All You Need Is Cash", sobre os Rutles. Segundo George, a paródia contava a história dos Beatles "muito melhor do que os habituais documentários tediosos".
Assustado até se tornar quase um recluso após o assassinato de Lennon por Mark David Chapman em dezembro de 1980, Harrison passou grande parte do seu tempo meditando, produzindo música, cuidando de jardinagem e assistindo a corridas de Fórmula 1 na televisão em Friar Park, sua extraordinária propriedade em Henley-on-Thames, e no seu refúgio na ilha havaiana de Maui. Ele saiu ocasionalmente para gravar e tocar com os Traveling Wilburys, um supergrupo que incluía Dylan, Tom Petty e outros. Mas várias batalhas legais cada vez mais tomavam seu tempo. Em 1976 ele teve de pagar US$ 587 mil (cerca de R$ 1,47 milhão) por "plagiar inconscientemente" o antigo sucesso dos Chiffons, "He's So Fine", na melodia de "My Sweet Lord". Em 1991, ele processou o tablóide "The Globe" por difamação por ter publicado uma história o chamando de "Grande Fã dos Nazistas". E em 1996 ele venceu um julgamento de US$ 11,6 milhões (cerca da R$ 29 milhões) contra seu ex-sócio na HandMade Films, Denis O'Brien, por não assumir a divisão acertada das dívidas da empresa. Naquele mesmo ano Harrison pediu para as autoridades investigarem uma série de ameaças de morte.
Não foi provada que alguma ameaça tenha vindo de Michael Abram, mas foi Abram, um obcecado pelos Beatles de 33 anos de um subúrbio de Liverpool, que, na madrugada de 30 de dezembro de 1999, passou pelos alarmes e proteções de Friar Park e invadiu a casa de Harrison. George levou uma facada no peito antes que Olivia nocauteasse Abram com um abajur. Harrison recuperou-se, e Abram foi enviado para um hospital psiquiátrico.
Apesar de Harrison ter conseguido sobreviver às pressões de ser um beatle e a um ataque de um maníaco, ele não conseguiu derrotar o câncer. Ele, entretanto, tornou a passagem para a morte mais fácil para si mesmo ao acreditar fervorosamente por tanto tempo em uma vida após esta. Sua amiga Mia Farrow disse na semana passada: "Uma das coisas mais inspiradoras foi sua busca durante toda a vida para conhecer o Deus dele. E se Deus existir, eu não tenho dúvida de que George terá um lugar perto dele". Se ela estiver certa, Harrison está feliz. Ele pode ter tido medo de multidões de fãs, mas ele nunca teve medo de partir.
Por Richard Lacayo (TIME)
Tradução: George El Khouri Andolfato
sábado, 1 de dezembro de 2001
Automobilismo, uma grande paixão de George Harrison
Se George Harrison teve nos seus 58 anos de vida alguma grande frustração foi com o automobilismo esportivo. Durante anos, ele freqüentou autódromos na Inglaterra, sonhando um dia pilotar um carro de corrida.
"Sempre gostei de velocidade. Cheguei a acelerar alguns carros de Fórmula Ford em Donington Park. ", disse Harrison quando fez sua única viagem ao Brasil para assistir ao GP do Brasil de Fórmula 1 de 1979, em Interlagos.
Cercado por fotógrafos no autódromo paulista, Harrison tentou argumentar que as estrelas eram os pilotos e não ele. Não foi convincente.
Quando os Beatles se separaram de vez, em 1970, os poucos lugares onde se podia cruzar com Harrison era nas pistas de Fórmula 1.
Convidado especial de Bernie Ecclestone, Jackie Stewart e Émerson Fittipaldi, George esteve em muitos grandes prêmios, torcendo por James Hunt e outros ingleses - e sempre procurando não ofuscar os pilotos.
Na música, a paixão de Harrison pela Fórmula 1 foi traduzida no disco George Harrison, de 1979. A canção Faster traz versos como "Mais rápido do que a bala de um revólver/Ele é mais veloz do que qualquer um/Mais rápido do que a piscada de um olho". Harrison assume na ficha técnica do disco que Faster foi inspirada em Jackie Stewart e Niki Lauda. A música é dedicada a todo o pessoal da Fórmula 1. Com agradecimentos especiais para Jody Scheckter e em memória de Ronnie Peterson, o piloto sueco que morreu em Monza em 1978.
Quando Émerson Fittipaldi sofreu grave acidente em Michigan, em 96, durante corrida da Fórmula Indy, George Harrison animou-o na recuperação de uma lesão na vértebra com uma mensagem gravada: uma versão de Here Comes The Sun, um de seus maiores sucessos da época dos Beatles, com a letra modificada para Here Comes Emerson.
"Sempre gostei de velocidade. Cheguei a acelerar alguns carros de Fórmula Ford em Donington Park. ", disse Harrison quando fez sua única viagem ao Brasil para assistir ao GP do Brasil de Fórmula 1 de 1979, em Interlagos.
Cercado por fotógrafos no autódromo paulista, Harrison tentou argumentar que as estrelas eram os pilotos e não ele. Não foi convincente.
Quando os Beatles se separaram de vez, em 1970, os poucos lugares onde se podia cruzar com Harrison era nas pistas de Fórmula 1.
Convidado especial de Bernie Ecclestone, Jackie Stewart e Émerson Fittipaldi, George esteve em muitos grandes prêmios, torcendo por James Hunt e outros ingleses - e sempre procurando não ofuscar os pilotos.
Na música, a paixão de Harrison pela Fórmula 1 foi traduzida no disco George Harrison, de 1979. A canção Faster traz versos como "Mais rápido do que a bala de um revólver/Ele é mais veloz do que qualquer um/Mais rápido do que a piscada de um olho". Harrison assume na ficha técnica do disco que Faster foi inspirada em Jackie Stewart e Niki Lauda. A música é dedicada a todo o pessoal da Fórmula 1. Com agradecimentos especiais para Jody Scheckter e em memória de Ronnie Peterson, o piloto sueco que morreu em Monza em 1978.
Quando Émerson Fittipaldi sofreu grave acidente em Michigan, em 96, durante corrida da Fórmula Indy, George Harrison animou-o na recuperação de uma lesão na vértebra com uma mensagem gravada: uma versão de Here Comes The Sun, um de seus maiores sucessos da época dos Beatles, com a letra modificada para Here Comes Emerson.
Emerson Fittipaldi: "Harrison morreu acreditando na vida eterna"
O ex-piloto Emerson Fittipaldi, que era amigo do ex-Beatle George Harrison, divulgou hoje uma nota hoje, por meio de sua assessoria de imprensa, sobre a morte do músico.
O piloto Emerson Fittipaldi passou a manhã de hoje inteira em contato por telefone com a família e amigos do músico George Harrison. Muito triste com a notícia da morte de seu grande amigo, Emerson lembrou em seu escritório, que conheceu George Harrison no Grande Prêmio da Inglaterra em Brands Hatch, em 1973. Fã fervoroso da Fórmula 1, depois disso, George passou a se encontrar com Emerson em vários outros GPs. 'Nós ficamos muito amigos e passamos a nos encontrar também fora da pista. Passamos férias com nossas famílias e sempre que ia à Inglaterra, jantávamos juntos', conta Emerson.
Muito emocionado, Emerson Fittipaldi contou que esteve em agosto com George Harrison, quando a doença já estava em estado adiantado. 'Fiquei três dias em Lugarno, na Suíça, com George e sua esposa Olívia, e conversamos muito. Quando eu cheguei senti que ele estava bastante abatido. Aos poucos foi se animando e no último dia ele não queria deixar eu ir embora. Mostrou várias músicas novas que estava gravando em um novo CD. Muitas delas falava de Cristo, o que me deixou muito contente em saber que George aceitou Cristo em seu coração, acreditando na vida eterna'.
Emerson contou que George era uma pessoa que cultivava muito as amizades. 'Quando gostava da pessoa ele se tornava um amigão. Mostrava sempre muito carinho e gestos de amor para com seus amigos. Sua doença o vinha abatendo muito, mas sempre com o espírito de guerreiro mostrava um amor impressionante pela vida. Sua esposa Olívia também sempre foi uma grande guerreira ao lado de George', conta.
Lembrou também que quando sofreu o grave acidente na Fórmula Indy, George Harrison fez uma música enquanto se recuperava, hospitalizado nos Estados Unidos. 'Hoje é um dia bastante triste para mim, mas tenho certeza que George morreu acreditando na vida eterna e que um dia nós estaremos novamente juntos'.
sexta-feira, 30 de novembro de 2001
Lemmy sente a morte de Harrison
Lemmy, do Mötorhead, expressou sua tristeza tardia pela morte de George Harrison. Em entrevista à revista Kerrang!, o roqueiro admitiu que o passamento do ex-Beatle, que perdeu uma batalha contra o câncer em 29 de novembro, o atingiu tanto quanto a morte de Sid Vicious.
"É curioso como isso me atingiu", disse Lemmy, explicando, "A última morte que me afetou foi a de Sid Vicious, porque o cara nunca teve uma chance. Mas a de George Harrison realmente me chateou. Demorou uns 3 dias para eu realmente aboserver isso. É uma pena. Ele era o melhor músico dos Beatles e no final, ele escreveu as melhores músicas. Enquanto Lennon e McCartney estavam longe cuidando de assuntos pessoais, Harrison etsava chegando com grandes músicas".
George e nós
Muita gente vai passar as próximas semanas escrevendo sobre George. Mas duvido que alguém consiga reunir em poucas linhas, um texto tão brilhante quanto esse, do Flávio Gomes. É jornalista e escreve sobre Fórmula 1, uma das paixões do beatle. Boa leitura.
Quando os Beatles se separaram, em 1970, eu tinha seis anos e as únicas músicas que conhecia falavam sobre formigas, cigarras, cabritos e lobos maus. Foi muito depois disso que vim a ter idéia do que eram os quatro de Liverpool, e devo ter escutado muita coisa, sons que ficaram muito bem arquivados em algum canto da minha memória. Não há música dos Beatles que eu não saiba de cor, ou quase, embora não tenha sequer o hábito de ouvir música. Acho que todos nós, que passamos dos 30, em algum momento fomos impregnados por suas guitarras chorando gentilmente.
Nunca haverá algo parecido na história musical do planeta. Nunca mais uma banda vai conseguir revolucionar tanto os costumes, as idéias, o comportamento e os sentimentos de tanta gente. Mas soa ridículo um zé-ninguém como eu escrever sobre os Beatles. Tudo já foi escrito sobre eles e tudo será escrito de novo depois da morte do único Beatle que conheci, George.
Ter conhecido um Beatle é certamente a nota mais honrosa de minha paupérrima biografia. E quando digo que o conheci, estou evidentemente exagerando, quase mentindo. Uso conhecer como sinônimo de ver, o que é uma distorção inaceitável do sentido das palavras.
Mas, para mim, ter trocado olhares com George uma meia-dúzia de vezes nestes anos todos de F-1 basta. Quando ia a autódromos, George sempre dava uma passada na McLaren ou na Jordan, e eu, de vez em quando, também frequentava os mesmos motorhomes por razões profissionais. Um dia disse "hello" a ele, que respondeu sorrindo. Foi o diálogo mais marcante da minha vida. Envergonhado que sou, nunca tive coragem de lhe pedir um autógrafo, ou uma foto. Não me arrependo. A mim, de novo, basta tê-lo visto de perto, ter dito "hello". Nunca vi ou cheguei perto de alguém tão importante na vida e, de novo, a mim basta. Bastou.
Metade das pessoas realmente valiosas que habitaram este mundo já se foi, George e John. Foram os habitantes mais exuberantes da década mais rica da história da humanidade. Restam Paul e Ringo. Diante do que eles fizeram em menos de dez anos como banda, qualquer outra realização humana me parece desprovida de qualquer significado. Nada pode ser mais magnânimo que ouvir os versos de "Let it Be", ou de "Here Comes the Sun", ou de"Yesterday", "Something", "Love me Do", "Eight Days a Week", todas elas, cada nota, cada acorde, cada palavra.
George amava os motores e os carros, o que de certa forma nos aproximava, fazia com que algumas vezes frequentássemos o mesmo ponto do universo. Mas o universo de um Beatle é infinitamente maior que o de um escrevinhador que acompanha corridas. E estar perto de um Beatle é ter a chance, que eu tive, de compreender a própria pequenez e insignificância. Pequenos e insignificantes que somos, curvemo-nos a George Harrison, que se foi rápido demais. Tudo tem ido rápido demais.
Por Flávio Gomes
A chegada de George Harrison no céu
George Harrison faleceu em 29 de novembro de 2001 e chegou aos céus hoje. Demorou um pouco para deixar os Estados Unidos devido ao tráfego aéreo, que anda bastante complicado por lá. Mesmo tendo viajado acompanhado dos anjos de Los Angeles, a maior complicação aconteceu exatamente na porta do céu, pois São Pedro já tinha tomado uns goles por conta do fim de semana e recebeu o Beatle de cara feia.
George foi logo dizendo:
- Good morning, eu sou George Harrison...
Ao que o santo respondeu:
- Eu sei, você está em todos os noticiários de hoje. Naturalmente, tá querendo entrar aqui... mas para adentrar os portões celestiais, você tem que provar que cumpriu a sua tarefa na Terra... e adianto que isso não vai ser muito fácil. Por exemplo, tem um jornalista brasileiro que disse que você saiu de lá deixando uma dívida muito grande com os teus fãs. Ele disse que você, depois que deixou os Beatles, foi ficando tão preguiçoso que nos últimos anos não fez porra nenhuma!
- Injustiça, santidade! Além dos meus últimos anos terem sido marcados pela doença, meu trabalho na banda dos anos 60 era mais relacionado com a estrutura sonora e eu sempre tive dificuldades em colocar minhas canções, devido ao fervor criativo da dupla principal. Veja o senhor que nos 4 primeiros LPs, eu só consegui colocar uma canção, que é Don't Bother Me. Já no "Help!", consegui colocar duas, I Need You e You Like me Too Much. Nas 222 músicas que nós colocamos em 26 LPs, 22 são de minha exclusiva autoria e 2 em parceria com Lennon, Paul e Starkey. Mais tarde, consegui colocar 4 canções no "Álbum Branco" e 4 no "Let It Be". No "Help!" e "Rubber Soul" eu tenho 2 em cada, e no "Revolver" tenho 3. De qualquer forma, 24 músicas significam apenas 10% das 222. Se o tal jornalista disse que eu "trabalhei pouco" por causa deste percentual, está sendo muito injusto e parcial. Pois eu criei, por exemplo, a grande maioria dos solos de quase todas as músicas!
- Eu sei, eu sei... mas eu acho que vocês andaram explorando demais a galera! E você é cúmplice... Olha, dos 26 LPs vocês fizeram, tem muita música repetida! É uma repescagem do cacete! A campeã é Can't Buy Me Love, que aparece em 8 discos. Depois vem as que aparecem em 6 LPs, olha só: A Hard Day's Night, Help, Ticket to Ride e She Loves You. Se formos pegar as que aparecem em 6, veja só o que dá: Alll You Need is Love, Yesterday, Yellow Submarine, Paperback Writer, The Long and Winding Road, Let it Be, I Wanna Hold Your Hand e Hey Jude. Que aparecem em 5 LPs tem um monte: You've Got To Hide Your Love Away, We Can Work it Out... Além disso, aquele LP chamado "Rock'n'roll Music" é todo feito de música outros cantores. Isso é sacanagem! Todo mundo pensa que Twist Shout é de vocês, mas ela é do Medley e do Russell... Afora Long Tall Sally, Bad Boy e Roll over Beethoven... Desse jeito é fácil faturar uma grana preta... e você ainda disse por lá que andou tendo problemas financeiros...
- Santidade, por favor, não me maltrate mais do que tenho sofrido! A intenção de tocar músicas dos outros é simplesmente uma forma de homenagear os nomes que abriram a estrada rock'n'Roll e nos ensinaram a língua da nossa juventude. E eu realmente entrei em dificuldades financeiras, porque além de não ter a mesma participação nos direitos autorais, andei fazendo umas besteiras nos meus negócios, por falta de talento comercial. Meu negócio mesmo é meditação, filosofia... eu sempre gostei disso... pode parecer bobagem, mas nunca fui ligado em fama, poder e grana. Veja minhas canções, eu posso mostrar ao senhor...
- É... Mas nessa misticismo, você fez muita balada no embalo da cuca cheia de fumaça. Você falou dos discos nos quais colocou 2 ou 3 músicas. Mas no "Sgt Pepper's" e no "Magical Mystery Tour" você estava tão doido, que só conseguiu colocar uma música em cada: Whitin You Without you e Blue Jay Way.
- Santidade, nosso caminho, nessa época, era religioso, por incrível que possa parecer...
- Religioso? Você tem coragem de me falar um negócio desses?! Chamar LSD e maconha de religião?! Deixa o Jotacê saber disso!!! Aí é que você não entra aqui nunca mais! Você acha que eu não te conheço? Quer que eu fale rapidinho o nome das tuas 26 músicas da fase beatle, em ordem alfabética? Blue Jay Way, Dig It, Don't Bother Me, For You Blue, Here Comes the Sun, l Me Mine, I Need You, I Want to Tell You, If l Needed Someone, lt's All Too Much, Long Long Long, Love You To, Maggie Mãe, Oíd Brown Shoe, Onty a Northern Song, Piggies, Savoy Truffle, Something, Taxman, The Inner Light, Think for Yourself, While My Quitar Gently Weeps, Whitin You Without You e You Like Me Too Much. Fora isso, você andou fazendo umas outras merrecas, mas nada que valha grande coisa. Pra mim, este é o teu inventário, o balanço da tua vida...
- Santidade, eu nunca gostei muito de ficar brigando com ninguém... e ando muito estressado. Além da doença, há pouco tempo tentaram me meter uma faca na barriga. Estou vendo que o senhor conhece minha vida melhor do que eu. Então não adianta ficar tentando me defender. O negócio seguinte: já vi que a barra aqui tá esquisita... deixa eu ir caçar um outro canto pra ficar...
- Calma lá, Georgin! Você acaba de cair na Pegadinha do Pedroca! Por que você acha que eu conheço tudo dos Beatles e especialmente de você? Eu adoro vocês, cara! Entra logo, vamos lá, que Deus, Khrisna e todas as hordas e habitantes celestes estão loucos prá te ver cantando My Sweet Lord, de alma para alma! E vou te falar mais: esse alvoroço que vocês fizeram na terra mudou muita coisa no céu. Vocês conseguiram o que jamais ninguém havia conseguido antes: vamos lá, que aqui agora tá tudo liberado!
Toninho Buda
Thirty Days - The Ultimate Get Back Sessions Collection
De todas as sessões de gravação dos Beatles, aquela que obteve maior registro foi, sem dúvida, as relativas ao projeto Get Back/Let It Be. E por uma simples razão: eles assim quiseram e se esforçaram para isso. Entre os dias 02/01/1969 e 31/01/1969, o grupo foi impiedosamente filmado pelas câmeras do cineasta Michael Lindsay Hogg e tudo o que tocaram, foi gravado pelas mesas de som dos estúdios Twichenham e Apple. Tal fato resultou ao longo dos anos em uma impressionante profusão de CD's piratas e coleções de discos totalmente dedicados a estas gravações, como é o caso da "Get Back Journal, vol. 1 e 2, Rock Movie Stars, The Complete Twichenham Sessions etc.
Quando porém, tudo levava a crer que nada mais de novo haveria de surgir sob os tetos de Twickenham/Apple, eis que 2 novas séries de discos aparecem no mercado, prometendo vida longa à pirataria beatle no tocante à essas gravações. A primeira coleção chama-se "Day By Day", série ainda em formação, mas que já conta com 24 CDs duplos lançados e que documentam de forma nunca antes ouvida, o que ocorreu durante aquele janeiro de 1969. Está tudo lá, conversas, brigas, discussões, instruções dos operadores de som e música, muita música. "Day By Day" promete terminar com 65 Cd's duplos. A outra série é chamada 30 Days, lançada pelo selo Vigotone, vem com 17 Cd's, sendo 8 Cd's duplos e 1 disco simples, livreto com notas sobre as faixas e fotos, e traz também os registros das gravações feitas pelo grupo em janeiro/69 em Twickenham e Apple Studios. O faz, porém, de uma maneira mais concisa. Limita-se a prestigiar as músicas, só mostrando aquilo que foi gravado de forma completa, ou seja, versões com começo , meio e fim, ainda que algumas durem apenas segundos.
Importante avisar no entanto para os fãs mais incautos, que todos os discos lançados pela pirataria e que documentam essas sessões, possuem aquilo que se convencionou chamar de "padrão Let It Be de qualidade" . Explicando melhor: gravações cheias de improviso, informalidade, muitas vezes em tom de ensaio, ainda que tal fato não desmereça em nada o valor das mesmas, pelo contrário. A série 30 Days primeiramente impressiona pela qualidade de som das faixas. Embora alguns takes já tenham aparecido em outros discos, tudo aqui parece estar com qualidade superior. Em seguida, chama a atenção a imensa quantidade de outtakes que nunca foram lançados em nenhum outro disco e que aqui fazem sua estréia.
E uma outra informação: pra quem quiser acompanhar cada take e Ter informações detalhadas sobre os mesmos, sugerimos adquirir um livro chamado "Get Back- The unathorized chronicles of Let It Be Disaster", de um autor chamado Doug Sulpy ( já comentado em Dentro da Maçã na atualização no. 02). Isto porque todos os discos da série 30 days tem seu track list rigorosamente pautado de acordo com o indice desse livro. É essa série, caro leitor, importantissima para qualquer fã dos Beatles que deseja embrenhar-se pelos labirintos daqueles 30 dias de janeiro de 1969, que começamos a comentar a partir de agora. Detalharemos cada disco, cada take, ressaltando as novidades trazidas por cada CD e contando para os leitores um pouco do que aconteceu com os Fab Four, no decorrer daquelas gravações, às quais John Lennon um dia se referiu como "as mais miseráveis sessões de gravação da Terra". Venha conosco e "feel the wind blow..."
Disc 1/2
No primeiro álbum duplo da série, estão registrados os primeiros dias (à exceção do dia 02/01/69) de gravação do projeto Get Back, estes ocorridos no Twickenham Studios, em Londres.
Disc 3/4
Continuam os registros das gravações do projeto "Get Back", cujas gravações renderam momentos memoráveis, como uma versão de All Things Must Pass com John Lennon ao piano.
Disc 5/6
Primeiro álbum duplo da coleção 30 Days a documentar as gravações do grupo já nos estúdios Apple, e não mais em Twichenham. Músicas do "Let It Be" aparecem em várias versões.
Disc 7/8
Mais um álbum duplo dentro da coleção, mostrando o período entre os dias 24/01 e 27/01/1969, com Billy Preston nos teclados. No disco 2, dezenas de trechos de ensaios para a música "Let It Be".
Disc 9/10
Talvez um dos volumes da série 30 Days com maior número de performances inéditas. Os discos cobrem basicamente os dias 26 e 27/01/69 e trazem a banda trabalhando básica e principalmente 3 canções: The Long and Winding Road, Get Back e Old Brown Shoe.
Disc 11/12
Gravações ocorridas entre os dias 27 e 29/01 nos estúdios Apple, incluindo algumas faixas que apareceriam no álbum Abbey Road.
Quando porém, tudo levava a crer que nada mais de novo haveria de surgir sob os tetos de Twickenham/Apple, eis que 2 novas séries de discos aparecem no mercado, prometendo vida longa à pirataria beatle no tocante à essas gravações. A primeira coleção chama-se "Day By Day", série ainda em formação, mas que já conta com 24 CDs duplos lançados e que documentam de forma nunca antes ouvida, o que ocorreu durante aquele janeiro de 1969. Está tudo lá, conversas, brigas, discussões, instruções dos operadores de som e música, muita música. "Day By Day" promete terminar com 65 Cd's duplos. A outra série é chamada 30 Days, lançada pelo selo Vigotone, vem com 17 Cd's, sendo 8 Cd's duplos e 1 disco simples, livreto com notas sobre as faixas e fotos, e traz também os registros das gravações feitas pelo grupo em janeiro/69 em Twickenham e Apple Studios. O faz, porém, de uma maneira mais concisa. Limita-se a prestigiar as músicas, só mostrando aquilo que foi gravado de forma completa, ou seja, versões com começo , meio e fim, ainda que algumas durem apenas segundos.
Importante avisar no entanto para os fãs mais incautos, que todos os discos lançados pela pirataria e que documentam essas sessões, possuem aquilo que se convencionou chamar de "padrão Let It Be de qualidade" . Explicando melhor: gravações cheias de improviso, informalidade, muitas vezes em tom de ensaio, ainda que tal fato não desmereça em nada o valor das mesmas, pelo contrário. A série 30 Days primeiramente impressiona pela qualidade de som das faixas. Embora alguns takes já tenham aparecido em outros discos, tudo aqui parece estar com qualidade superior. Em seguida, chama a atenção a imensa quantidade de outtakes que nunca foram lançados em nenhum outro disco e que aqui fazem sua estréia.
E uma outra informação: pra quem quiser acompanhar cada take e Ter informações detalhadas sobre os mesmos, sugerimos adquirir um livro chamado "Get Back- The unathorized chronicles of Let It Be Disaster", de um autor chamado Doug Sulpy ( já comentado em Dentro da Maçã na atualização no. 02). Isto porque todos os discos da série 30 days tem seu track list rigorosamente pautado de acordo com o indice desse livro. É essa série, caro leitor, importantissima para qualquer fã dos Beatles que deseja embrenhar-se pelos labirintos daqueles 30 dias de janeiro de 1969, que começamos a comentar a partir de agora. Detalharemos cada disco, cada take, ressaltando as novidades trazidas por cada CD e contando para os leitores um pouco do que aconteceu com os Fab Four, no decorrer daquelas gravações, às quais John Lennon um dia se referiu como "as mais miseráveis sessões de gravação da Terra". Venha conosco e "feel the wind blow..."
Disc 1/2
No primeiro álbum duplo da série, estão registrados os primeiros dias (à exceção do dia 02/01/69) de gravação do projeto Get Back, estes ocorridos no Twickenham Studios, em Londres.
Disc 3/4
Continuam os registros das gravações do projeto "Get Back", cujas gravações renderam momentos memoráveis, como uma versão de All Things Must Pass com John Lennon ao piano.
Disc 5/6
Primeiro álbum duplo da coleção 30 Days a documentar as gravações do grupo já nos estúdios Apple, e não mais em Twichenham. Músicas do "Let It Be" aparecem em várias versões.
Disc 7/8
Mais um álbum duplo dentro da coleção, mostrando o período entre os dias 24/01 e 27/01/1969, com Billy Preston nos teclados. No disco 2, dezenas de trechos de ensaios para a música "Let It Be".
Disc 9/10
Talvez um dos volumes da série 30 Days com maior número de performances inéditas. Os discos cobrem basicamente os dias 26 e 27/01/69 e trazem a banda trabalhando básica e principalmente 3 canções: The Long and Winding Road, Get Back e Old Brown Shoe.
Disc 11/12
Gravações ocorridas entre os dias 27 e 29/01 nos estúdios Apple, incluindo algumas faixas que apareceriam no álbum Abbey Road.
quinta-feira, 29 de novembro de 2001
George Harrison - Do efêmero ao eterno
Morte de George Harrison emociona o mundo e destaca seu legado
A morte do ex-Beatle George Harrison não cessa de comover o mundo, suscitando um sentimento inesgotável de perda, tanto maior quanto mais se faz perceptível a rica e complexa personalidade e o legado daquele que foi um dos principais sustentáculos da revolução musical e de costumes que sacudiu o século XX, criando um novo paradigma de estilo e compreensão do viver, na sociedade contemporânea.
Diz-se que quando os tempos estão grávidos de mudança parem os avatares que encarnam sua mensagem mais profunda. O parto, no entanto, é precedido de sinalizações que deixam entrever a revolução ainda silenciosa que avança pelas entranhas mais profundas do meio social e cultural a serem abalados.
Essas sinalizações são como fios da intricada teia de eventos-troncos que abrem caminho para uma infinidade de possibilidades que se emulam na busca de ser a portadora do ato final de deflagração da metamorfose perseguida. Geralmente, são atos despidos de portentosidade: pode ser um banho de tina, cuja água transborda e faz o banhista gritar: Eureka! - resolvendo uma equação há muito buscada.
Pode ser também um pai que, fugindo aos rígidos preceitos disciplinares, consuetudinários, deixa-se levar por um ímpeto de liberdade e cede sua estimada garagem para que o filho dê curso a suas "treslouquices"... e surge o Machintosh, primeiro computador individual, pelas mãos do irrequieto Steven Jobs.
Ou pode ser ainda o motorista de ônibus que dá de ombros para moral vitoriana e deixa que o filho George Harrison exploda o porão com os acordes frenéticos de sua guitarra...e o mundo vira de ponta cabeça e descobre, maravilhado, que é possível viver sem amarras mentais e mergulhar na euforia estonteante da liberdade, da espontaneidade e do respeito ao diferente.
Que têm esses jovens - John, Paul, George e Ringo - transgressores, cabeludos e irreverentes que cativam corações e mentes, ao menor contacto com suas melodias febricitantes, como sereias sedutoras de contemporâneos odisseus? Terão chegado os últimos dias anunciados pelos profetas?: "Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão" (At 2,17-18).
Os que ouviram estas palavras de Pedro, no romper do Pentecostes, diziam estupefatos: "Como é que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos?" (At 2, 8-9) - pois eram pessoas procedentes de várias nações.
E eis que diante dos olhos céticos e racionalistas dos filhos do século XX, uma nova glossolalia irrompe sob forma musical, fazendo-se entender simultaneamente por anglo-saxões, latinos, japoneses, hindus, malaios, turcos, gregos, árabes, nepaleses... - todos tocados pela mesma emoção e embalados pela mesma poesia, já que identificados com sua linguagem musical.
Que outro meio poderia ser mais adequado para fazer explodir as fronteiras artificiais que separam os homens pela nacionalidade, cor da pele, classe social, religião, ideologia? Foram eles - os Beatles - o instrumento providencial para fazer cair as escamas dos olhos do preconceito, da discriminação e do exclusivismo e levar os homens a enxergarem que a Humanidade é una e uno é o Cosmo e todo o criado.
Uma conscientização fundamental, no preciso momento da História em que o poder adquirido sobre a Natureza cegava os poderosos do mundo e lançava-os na jactância de ameaçar com destruição o planeta, num arroubo de arrogância e estupidez.
A dinamitação das amarras mentais desencadeou uma revolução paradigmática que enterrou de vez o século XIX (este só veio a morrer, de fato, a partir daí) A revolução dos costumes irrompeu como um maremoto, alcançando todos os quadrantes da Terra. Como toda ruptura, veio acompanhada por um período de excessos.
Os Beatles não escaparam de seus efeitos colaterais e viveram todas as experiências marginais da permissividade. Mas, por serem movidos por uma experiência artística verdadeira, inevitavelmente teriam de abeirar-se do mysterium tremendum. Logo, perceberam que não poderiam encontrar no efêmero e no mundo ilusório das drogas o alimento substancioso capaz de matar sua sede de infinito.
Assim, voltaram-se para a busca interior ("O Reino dos céus está dentro de vós"), indo ao encontro, primeiro (por só terem tido acesso a uma caricatura de Cristianismo) da tradição espiritual do Oriente.
Dessa forma, escaparam das viagens sem volta em que sucumbiram Jimmy Hendrix, Janis Joplin e tantos outros de sua geração. Envolveram-se na luta pela paz, confrontando-se com a lógica amoral do establishment, denunciando, sobretudo, a guerra do Vietnã.
Como prova de que essa procura foi alcançada, aí estão as palavras de George Harrison ao morrer: "Tudo o resto pode esperar, só não a busca de Deus e o amor ao próximo". Descanse em paz, George.
A morte do ex-Beatle George Harrison não cessa de comover o mundo, suscitando um sentimento inesgotável de perda, tanto maior quanto mais se faz perceptível a rica e complexa personalidade e o legado daquele que foi um dos principais sustentáculos da revolução musical e de costumes que sacudiu o século XX, criando um novo paradigma de estilo e compreensão do viver, na sociedade contemporânea.
Diz-se que quando os tempos estão grávidos de mudança parem os avatares que encarnam sua mensagem mais profunda. O parto, no entanto, é precedido de sinalizações que deixam entrever a revolução ainda silenciosa que avança pelas entranhas mais profundas do meio social e cultural a serem abalados.
Essas sinalizações são como fios da intricada teia de eventos-troncos que abrem caminho para uma infinidade de possibilidades que se emulam na busca de ser a portadora do ato final de deflagração da metamorfose perseguida. Geralmente, são atos despidos de portentosidade: pode ser um banho de tina, cuja água transborda e faz o banhista gritar: Eureka! - resolvendo uma equação há muito buscada.
Pode ser também um pai que, fugindo aos rígidos preceitos disciplinares, consuetudinários, deixa-se levar por um ímpeto de liberdade e cede sua estimada garagem para que o filho dê curso a suas "treslouquices"... e surge o Machintosh, primeiro computador individual, pelas mãos do irrequieto Steven Jobs.
Ou pode ser ainda o motorista de ônibus que dá de ombros para moral vitoriana e deixa que o filho George Harrison exploda o porão com os acordes frenéticos de sua guitarra...e o mundo vira de ponta cabeça e descobre, maravilhado, que é possível viver sem amarras mentais e mergulhar na euforia estonteante da liberdade, da espontaneidade e do respeito ao diferente.
Que têm esses jovens - John, Paul, George e Ringo - transgressores, cabeludos e irreverentes que cativam corações e mentes, ao menor contacto com suas melodias febricitantes, como sereias sedutoras de contemporâneos odisseus? Terão chegado os últimos dias anunciados pelos profetas?: "Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão" (At 2,17-18).
Os que ouviram estas palavras de Pedro, no romper do Pentecostes, diziam estupefatos: "Como é que os ouvimos falar, cada um de nós, no próprio idioma em que nascemos?" (At 2, 8-9) - pois eram pessoas procedentes de várias nações.
E eis que diante dos olhos céticos e racionalistas dos filhos do século XX, uma nova glossolalia irrompe sob forma musical, fazendo-se entender simultaneamente por anglo-saxões, latinos, japoneses, hindus, malaios, turcos, gregos, árabes, nepaleses... - todos tocados pela mesma emoção e embalados pela mesma poesia, já que identificados com sua linguagem musical.
Que outro meio poderia ser mais adequado para fazer explodir as fronteiras artificiais que separam os homens pela nacionalidade, cor da pele, classe social, religião, ideologia? Foram eles - os Beatles - o instrumento providencial para fazer cair as escamas dos olhos do preconceito, da discriminação e do exclusivismo e levar os homens a enxergarem que a Humanidade é una e uno é o Cosmo e todo o criado.
Uma conscientização fundamental, no preciso momento da História em que o poder adquirido sobre a Natureza cegava os poderosos do mundo e lançava-os na jactância de ameaçar com destruição o planeta, num arroubo de arrogância e estupidez.
A dinamitação das amarras mentais desencadeou uma revolução paradigmática que enterrou de vez o século XIX (este só veio a morrer, de fato, a partir daí) A revolução dos costumes irrompeu como um maremoto, alcançando todos os quadrantes da Terra. Como toda ruptura, veio acompanhada por um período de excessos.
Os Beatles não escaparam de seus efeitos colaterais e viveram todas as experiências marginais da permissividade. Mas, por serem movidos por uma experiência artística verdadeira, inevitavelmente teriam de abeirar-se do mysterium tremendum. Logo, perceberam que não poderiam encontrar no efêmero e no mundo ilusório das drogas o alimento substancioso capaz de matar sua sede de infinito.
Assim, voltaram-se para a busca interior ("O Reino dos céus está dentro de vós"), indo ao encontro, primeiro (por só terem tido acesso a uma caricatura de Cristianismo) da tradição espiritual do Oriente.
Dessa forma, escaparam das viagens sem volta em que sucumbiram Jimmy Hendrix, Janis Joplin e tantos outros de sua geração. Envolveram-se na luta pela paz, confrontando-se com a lógica amoral do establishment, denunciando, sobretudo, a guerra do Vietnã.
Como prova de que essa procura foi alcançada, aí estão as palavras de George Harrison ao morrer: "Tudo o resto pode esperar, só não a busca de Deus e o amor ao próximo". Descanse em paz, George.
Personalidades falam sobre a morte do George Harrison
Infelizmente chegamos a um dos piores dias na história da Beatlemania. George Harrison partiu para o infinito, vencido por um câncer contra o qual batalhava há anos. A notícia comoveu não apenas a nós, fãs anônimos espalhados pelo mundo, mas também pessoas influentes. Vejam o que eles disseram sobre George hoje de manha:
Sir Paul McCartney: Para mim ele era meu irmãozinho mais novo, nós crescemos juntos na velha Liverpool e tivemos tantos bons momentos juntos, e é isso que eu vou carregar na minha lembrança. Quando eu o vi pela última vez ele estava mal, mas ainda fazendo piadas como sempre, ele vai fazer muita falta. Ele é um homem maravilhoso, o mundo todo sentirá sua falta.
Familia Real: Estamos muito tristes com a notícia da passagem de George Harrison.
Yoko Ono: George trouxe mágica para as vidas daqueles que o conheceram. Meus sentimentos vão para Olivia e Dhani, eles eram a família mais apegada uns aos outros do que você pode imaginar. George nos deu tanto durante a sua vida e ainda continua a nos ensinar depois de sua morte, com sua música, senso de humor e sabedoria. Sua vida foi mágica e todos nos sentimos como se tivéssemos alguma parte disso. Obrigada George, foi ótimo conhecê-lo.
Tony Blair (Primeiro Ministro): Ele não foi somente um grande músico e artista, mas também fez muito pela caridade. Eu nunca tive o privilégio de conhecê-lo, mas a minha geração cresceu com os Beatles, suas músicas foram a trilha sonora de nossas vidas.
Bertie Ahern (Primeiro Ministro da Irlanda): Ele contribuiu tanto para a música! Ele e os Beatles são quase tão populares agora quanto eram há mais de 30 anos.
Michal Palin (integrante do Monty Python e amigo pessoal): George não era o Beatle calado, ele nunca parava de falar quando estávamos juntos! George sempre teve muitos amigos e era muito divertido, ele nunca foi o quietinho que sentava num canto. A morte nunca o aterrorizou, ele ainda aproveitou muito da vida e não havia perdido o senso de humor quando o vi pela última vez, em Agosto.
Sir Bob Geldof: O lugar de George na cultura popular está totalmente assegurado. Lembro de quando os Boomtown Rats estavam começando e ele veio assistir um show nosso em Oxford. Eu fiquei chocado e surpreso quando ele entrou no salão. Ali estava um beatle em pessoa.
Alan Williams (primeiro empresario): Ele era o "baby" do grupo, aos 17 anos. Era um pessoa muito amável. Eu até diria que ele era a mola principal da banda naquela época. Eu tenho tantas lembranças boas dele e sei que ele será feliz onde quer que esteja agora. Eu estou arrasado e muito muito triste. Eu fui visita-lo há algumas semanas e ele estava muito divertido, como sempre foi. Ele é um cara durão. É uma honra falar de alguém tão maravilhoso. Gostaria de mandar meus pêsames para sua esposa e filho, em meu nome e em nome de toda a cidade.
Alan Clayson (biógrafo de George): Ele nasceu como compositor bem próximo ao fim dos Beatles, ele ganhou o jogo porque nos últimos álbuns, as suas letras se sobressaiam. "Here Comes The Sun" e "Something", que foi o único cover dos Beatles gravado por Frank Sinatra.
Simon Bates (radialista): Ele teve uma vida extraordinária, pode-se dizer que ele foi o beatle relutante. Foi uma pessoa que não queria fama, que decidiu fugir da fama. Mas eu sempre achei que ele foi o cara que era realmente a "cola" dos Beatles, eles teriam se separado muito antes se não fosse pela calma de George.
The Beatles Thirty Days - Disc 01/02
No primeiro álbum duplo da série, estão registrados os primeiros dias ( à exceção do dia 02/01/69) de gravação do projeto Get Back, estes ocorridos no Twickenham Studios, em Londres. O grupo privilegia clássicos do Rock'n Roll e faixas de outros compositores, caracterizando ainda mis o tom informal presente no inicio das sessões. O destaque fica por conta das versões inéditas para faixas como Maxwell Silver Hammer, Don't Let Me Down e Get Back.
Qualidade de som: 10
CD 1:
The Best Of The Twickenham Sessions Part One
01 Adagio For Strings 3.1 3:21
02 Adagio For Strings 3.2 0:45
03 Let It Be 3.10 1:15
04 Crackin' Up 3.23 0:35
05 All Shook Up 3.24 1:07
06 Your True Love 3.25 1:44
07 Blue Suede Shoes 3.26 1:30
08 Three Cool Cats 3.27 2:18
09 Lucille 3.29 2:27
10 I'm So Tired 3.30 2:31
11 Ob-La-Di, Ob-La-Da 3.31 1:31
12 The Third Man Theme 3.35 1:51
13 Don't Let Me Down 3.NEW 2:45
14 I've Got a Feeling 3.NEW 4:10
15 The One After 909 3.45 3:15
16 "Because I Know You Love Me So" 3.46 2:30
17 "I'll Wait Til Tomorrow" 3.48 1:05
18 "Won't You Please Say Goodbye" 3.51 1:00
19 Bring It on Home 3.52 1:55
20 Hitch Hike 3.53 1:59
21 You Can't Do That 3.54 2:15
22 Hippy Hippy Shake 3.55 2:35
23 Short Fat Fannie 3.60 3:03
24 Midnight Special 3.61 2:09
25 What Do You Want to Make Those Eyes at Me For (When They Don't Mean What They Say!) 3.64 1:05
26 All Things Must Pass3.80 3:38
27 Maxwell's Silver Hammer 3. NEW 2:27
28 Improvisation) 6.12 6:02
29 You Wear Your Women Out"6.NEW 2:54
CD 2:
The Best Of The Twickenham Sessions Part Two
01 My Imagination" 6.15 7:06
02 Improvisation) - NEW 6.NEW 5:07
03 I'm alking About You 6.25 0:51
04 Dizzy Miss Lizzie 6.162:40
05 Money (That's What I Want) 6.17 2:24
06 Sure to Fall 6.19 2:46
07 Don't Let Me Down 6.35 3:07
08 Two of Us 6.56 2:48
09 Across The Universe 6.65 2:55
10 Hear Me Lord 6.71 1:32
11 All Things Must Pass 6.74 3:33
12 The Long and Winding Road 7.1 3:33
13 Golden Slumbers/Carry That Weight 7.2 2:36
14 Get Back 7.14 1:29
15 Get Back - NEW7. NEW 2:07
16 Get Back -NEW 7.NEW 1:54
17 "Woman Where You Been So Long" 7.37 1:48
18 "Oh Julie, Julia- 7.38 2:17
19 A Shot of Rhythm and Blues7.61 1:57
20 Rock and Roll Music 7.80 2:02
21 Lucille 7.81 1:19
22 Gone, Gone, Gone 7.84 2:08
23 The One After 909 7.88 1:19
24 Don't Let Me Down - NEW 7.NEW 3:35
25 Thirty Days 7.101 0:59
26 Be-Bop-A-Lula 7.104 1:51
27 Lotta Lovin'/Somethin' Else 7.105 0:59
28 She Came In Through the Bathroom Window 7.111 3:02
Qualidade de som: 10
CD 1:
The Best Of The Twickenham Sessions Part One
01 Adagio For Strings 3.1 3:21
02 Adagio For Strings 3.2 0:45
03 Let It Be 3.10 1:15
04 Crackin' Up 3.23 0:35
05 All Shook Up 3.24 1:07
06 Your True Love 3.25 1:44
07 Blue Suede Shoes 3.26 1:30
08 Three Cool Cats 3.27 2:18
09 Lucille 3.29 2:27
10 I'm So Tired 3.30 2:31
11 Ob-La-Di, Ob-La-Da 3.31 1:31
12 The Third Man Theme 3.35 1:51
13 Don't Let Me Down 3.NEW 2:45
14 I've Got a Feeling 3.NEW 4:10
15 The One After 909 3.45 3:15
16 "Because I Know You Love Me So" 3.46 2:30
17 "I'll Wait Til Tomorrow" 3.48 1:05
18 "Won't You Please Say Goodbye" 3.51 1:00
19 Bring It on Home 3.52 1:55
20 Hitch Hike 3.53 1:59
21 You Can't Do That 3.54 2:15
22 Hippy Hippy Shake 3.55 2:35
23 Short Fat Fannie 3.60 3:03
24 Midnight Special 3.61 2:09
25 What Do You Want to Make Those Eyes at Me For (When They Don't Mean What They Say!) 3.64 1:05
26 All Things Must Pass3.80 3:38
27 Maxwell's Silver Hammer 3. NEW 2:27
28 Improvisation) 6.12 6:02
29 You Wear Your Women Out"6.NEW 2:54
CD 2:
The Best Of The Twickenham Sessions Part Two
01 My Imagination" 6.15 7:06
02 Improvisation) - NEW 6.NEW 5:07
03 I'm alking About You 6.25 0:51
04 Dizzy Miss Lizzie 6.162:40
05 Money (That's What I Want) 6.17 2:24
06 Sure to Fall 6.19 2:46
07 Don't Let Me Down 6.35 3:07
08 Two of Us 6.56 2:48
09 Across The Universe 6.65 2:55
10 Hear Me Lord 6.71 1:32
11 All Things Must Pass 6.74 3:33
12 The Long and Winding Road 7.1 3:33
13 Golden Slumbers/Carry That Weight 7.2 2:36
14 Get Back 7.14 1:29
15 Get Back - NEW7. NEW 2:07
16 Get Back -NEW 7.NEW 1:54
17 "Woman Where You Been So Long" 7.37 1:48
18 "Oh Julie, Julia- 7.38 2:17
19 A Shot of Rhythm and Blues7.61 1:57
20 Rock and Roll Music 7.80 2:02
21 Lucille 7.81 1:19
22 Gone, Gone, Gone 7.84 2:08
23 The One After 909 7.88 1:19
24 Don't Let Me Down - NEW 7.NEW 3:35
25 Thirty Days 7.101 0:59
26 Be-Bop-A-Lula 7.104 1:51
27 Lotta Lovin'/Somethin' Else 7.105 0:59
28 She Came In Through the Bathroom Window 7.111 3:02
quarta-feira, 28 de novembro de 2001
The Beatles Thirty Days - Disc 03/04
O terceiro e quarto discos da série, retratam as gravações feitas pelo grupo entre os dias 8 e 15 de janeiro de 1969, ainda em Twichenham. Passada a semana inicial no estúdio, pode-se afirmar que a banda entrava agora em seus momentos mais tensos. A idéia de uma apresentação ao vivo norteava as várias discussões internas e dai, surgiriam as mais inusitadas sugestões para um local onde pudesse acontecer um concerto do grupo. Pensou-se em tudo. Desde locais pequenos, onde voltariam às raízes, a um anfiteatro em qualquer país ao norte da África. Yoko Ono, dando palpites como nunca, chegou a sugerir um show em um ginásio totalmente vazio. O clima nesses dias também era marcado principalmente pelo tratamento desdenhoso e, por que não dizer, desrespeitoso, a George Harrison. John e Paul raramente o levavam a sério e ensaiavam suas composições com flagrante desinteresse. Em alguns ensaios de I Me Mine por exemplo, a situação chegou a extremos, chegando John a afirmar em plena sessão, que os Beatles eram uma banda de Rock'n Roll e que não teriam uma valsa em seu track list.
A atmosfera pesada nos estúdios alcançou seu clímax em 10/01/69, quando George Harrison simplesmente avisou que estava deixando a banda. E saiu mesmo, só retornando em 22/01 quando o grupo já transferira suas gravações para os estúdios Apple. Mesmo sem George presente às gravações, Lennon continuava a "pegar pesado", chegando a sugerir, em tom sarcástico, que os outros deveriam chamar Eric Clapton ou Jimi Hendrix para o lugar de Harrison. Paul McCartney completou a piada, dizendo que Maureen Starkey (à época esposa de Ringo), poderia tocar guitarra no grupo se quisesse, contanto que aprendesse a tocar 3 acordes durante o final de semana. As discussões e desentendimentos internos, porém, não conseguiram apagar o brilho de algumas performances ocorridas nestas sessões e presentes neste volume da série 30 Days. Como exemplo, destaca-se a faixa 8, disco 1, única versão até agora conhecida da música All Things Must Pass com John Lennon ao piano.
Ainda do primeiro disco, (faixa 12), Maxwell Silver Hammer, take completo e que tem em 30 Days sua estréia. Citam-se ainda ótimas execuções para Don't Let Me Down e I've Got a Feeling. O 2o. disco deste volume, inicia com George Harrison em 3 versões acústicas para faixas de Bob Dylan, ressaltando-se ainda Get Back e Two of Us. A faixa 11 deste CD , registra o exato momento em que George Harrison, após discussão com o restante da banda, avisa que está deixando o grupo. Ouvem-se o som dos passos de Harrison saindo do estúdio. Outros highlights são as novas versões para I've Got a Feeling e Don't Let Me Down; a faixa The Back Seat of My Car, que Paul só gravaria no disco Ram e Madman, composição de Lennon na qual ele toca piano elétrico e música que somente seria registrada durante essas gravações. Lembra-se que Paul está tocando guitarra na faixa, vez que George ainda estava ausente.
CD 01
The Best Of The Twickenham Sessions Part Three
01 (Improvisation) - NEW 1:46
02 Stand By Me 2:05
03 Two of Us 3:12
04 Don't Let Me Down 3:09
05 I've Got a Peeling 3:27
06 "Queen Says No to Pot-Smoking F.B.I. Members" 0:09
07 Mean Mr. Mustard 1:49
08 All Things Must Pass 3:11
09 Fools Like Me 2:08
10 You Win Again 0:54
11 She Came in Through the Bathroom Window - NEW 2:48
12 Maxwell's Silver Hammer -.NEW 3:38
13 I Me Mine 1:23
14 For You Blue 2:01
15 Two of Us 2:57
16 "Suzy's Parlour" 2:05
17 I've Got a Feeling 3:52
18 Get Back 3:53
19 Across The Universe 3:21
20 Move It 0:54
21 Good Rockin' Tonight 0:50
22 Tennessee 2:01
23 House of the Rising Sun 2:39
24 "Commonwealth" 3:37
25 "Get Off" 5:59
26 For You Blue 0:50
27 "Get Off" 0:52
28 Honey Hush 2:10
29 For You Blue 2:07
CD 02
The Best Of The Twickenham Sessions Part Four
01 "Ramblin' Woman" 2:05
02 I Threw It All Away 2:07
03 Mama, You Been on My Mind 2:03
04 That'll Be The Day 1:02
05 Jenny, Jenny/Slippin' And Slidin' 2:03
06 Let It Be 2:38
07 Hi Heel Sneakers 2:03
08 Hi Heel Sneakers 0:47
09 Get Back 2:05
10 Two of Us 2:01
11 I'm Talking About You 1:17
12 I've Got a Feeling NEW 3:55
13 Don't Let Me Down NEW 3:39
14 Maxwell's Silver Hammer 0:47
15 Maxwell's Silver Hammer 1:11
16 Don't Be Cruel 2:32
17 "On a Sunny lsland''/Tha Peanut Vendor/Groovin'/I Got Stung
18 The Peanut Vendor 0:19
19 It's Only Make Believe 2:44
20 "Through a London Window" 1:06
21 Get Back - NEW 2:40
22 Get Back 2:41
23 (Improvisation) 1:18
24 The Back Seat of My Car 4:12
25 The Back Seat of My Car 0:41
26 "Song of Love" 2:33
27 "Song of Love" 1:03
28 Hello, Dolly 1:29
29 "Madman" 3:15
30 Mean Mr. Mustard 1:22
31 Take This Hammer 2:45
32 Oh! Darling 3:33
A atmosfera pesada nos estúdios alcançou seu clímax em 10/01/69, quando George Harrison simplesmente avisou que estava deixando a banda. E saiu mesmo, só retornando em 22/01 quando o grupo já transferira suas gravações para os estúdios Apple. Mesmo sem George presente às gravações, Lennon continuava a "pegar pesado", chegando a sugerir, em tom sarcástico, que os outros deveriam chamar Eric Clapton ou Jimi Hendrix para o lugar de Harrison. Paul McCartney completou a piada, dizendo que Maureen Starkey (à época esposa de Ringo), poderia tocar guitarra no grupo se quisesse, contanto que aprendesse a tocar 3 acordes durante o final de semana. As discussões e desentendimentos internos, porém, não conseguiram apagar o brilho de algumas performances ocorridas nestas sessões e presentes neste volume da série 30 Days. Como exemplo, destaca-se a faixa 8, disco 1, única versão até agora conhecida da música All Things Must Pass com John Lennon ao piano.
Ainda do primeiro disco, (faixa 12), Maxwell Silver Hammer, take completo e que tem em 30 Days sua estréia. Citam-se ainda ótimas execuções para Don't Let Me Down e I've Got a Feeling. O 2o. disco deste volume, inicia com George Harrison em 3 versões acústicas para faixas de Bob Dylan, ressaltando-se ainda Get Back e Two of Us. A faixa 11 deste CD , registra o exato momento em que George Harrison, após discussão com o restante da banda, avisa que está deixando o grupo. Ouvem-se o som dos passos de Harrison saindo do estúdio. Outros highlights são as novas versões para I've Got a Feeling e Don't Let Me Down; a faixa The Back Seat of My Car, que Paul só gravaria no disco Ram e Madman, composição de Lennon na qual ele toca piano elétrico e música que somente seria registrada durante essas gravações. Lembra-se que Paul está tocando guitarra na faixa, vez que George ainda estava ausente.
CD 01
The Best Of The Twickenham Sessions Part Three
01 (Improvisation) - NEW 1:46
02 Stand By Me 2:05
03 Two of Us 3:12
04 Don't Let Me Down 3:09
05 I've Got a Peeling 3:27
06 "Queen Says No to Pot-Smoking F.B.I. Members" 0:09
07 Mean Mr. Mustard 1:49
08 All Things Must Pass 3:11
09 Fools Like Me 2:08
10 You Win Again 0:54
11 She Came in Through the Bathroom Window - NEW 2:48
12 Maxwell's Silver Hammer -.NEW 3:38
13 I Me Mine 1:23
14 For You Blue 2:01
15 Two of Us 2:57
16 "Suzy's Parlour" 2:05
17 I've Got a Feeling 3:52
18 Get Back 3:53
19 Across The Universe 3:21
20 Move It 0:54
21 Good Rockin' Tonight 0:50
22 Tennessee 2:01
23 House of the Rising Sun 2:39
24 "Commonwealth" 3:37
25 "Get Off" 5:59
26 For You Blue 0:50
27 "Get Off" 0:52
28 Honey Hush 2:10
29 For You Blue 2:07
CD 02
The Best Of The Twickenham Sessions Part Four
01 "Ramblin' Woman" 2:05
02 I Threw It All Away 2:07
03 Mama, You Been on My Mind 2:03
04 That'll Be The Day 1:02
05 Jenny, Jenny/Slippin' And Slidin' 2:03
06 Let It Be 2:38
07 Hi Heel Sneakers 2:03
08 Hi Heel Sneakers 0:47
09 Get Back 2:05
10 Two of Us 2:01
11 I'm Talking About You 1:17
12 I've Got a Feeling NEW 3:55
13 Don't Let Me Down NEW 3:39
14 Maxwell's Silver Hammer 0:47
15 Maxwell's Silver Hammer 1:11
16 Don't Be Cruel 2:32
17 "On a Sunny lsland''/Tha Peanut Vendor/Groovin'/I Got Stung
18 The Peanut Vendor 0:19
19 It's Only Make Believe 2:44
20 "Through a London Window" 1:06
21 Get Back - NEW 2:40
22 Get Back 2:41
23 (Improvisation) 1:18
24 The Back Seat of My Car 4:12
25 The Back Seat of My Car 0:41
26 "Song of Love" 2:33
27 "Song of Love" 1:03
28 Hello, Dolly 1:29
29 "Madman" 3:15
30 Mean Mr. Mustard 1:22
31 Take This Hammer 2:45
32 Oh! Darling 3:33
terça-feira, 27 de novembro de 2001
The Beatles Thirty Days - Disc 05/06
Primeiro álbum duplo da coleção 30 Days a documentar as gravações do grupo já nos estúdios Apple, e não mais em Twichenham. Percebe-se claramente a partir de agora, que a banda está mais a vontade e menos incomodada com a atmosfera de Twichenham. O clima se reflete nas gravações, pois, ainda que as sessões sejam marcadas por vários ensaios, nota-se uma preocupação maior em fazer as coisas com maior seriedade e menos improviso. Como de costume, os Beatles fazem diversos covers de clássicos do Rock'n Roll antes de iniciarem a gravar suas próprias composições. O disco 1, que documenta as gravações ocorridas nos dias 22 e 23 de janeiro de 1969, traz nada menos que 14 takes até então inéditos na pirataria e que fizeram sua estréia em "30 Days". Importante ressaltar que consta no álbum o registro da primeira participação de Billy Preston dentro do projeto Let It Be, ocorrida no dia 23/01.
Destaque para as versões de Dig a Pony e Don't Let Me Down. O disco 2 traz o restante das gravações do dia 23/01 e takes feitos em 24/01. Novamente, mais da metade das faixas aqui apresentadas nunca haviam sido antes lançadas. Este disco é sem dúvida alguma, um dos melhores volumes da série, pois traz impagáveis versões do grupo para a música Oh! Darling, uma inédita versão de John Lennon cantando sozinho o primeiro verso de Two of Us e ainda ótimas e raras performances para faixas como 20 Flight Rock e Her Majesty. A qualidade de som não oscila, é 10 da primeira à última música.
CD 01
The Best Of The Apple Studio Sessions Part One
01 Somethin' Else
02 Daydream
03 You Are My Sunshine
04 Whispering
05 (Improvisation)
06 My Baby Left Me/That's All Right
07 Milk Cow Blues
08 "All I Want is You"
09 In The Middle of an lsland / Gilly Gilly Ossenfeffer Katzenellen Bogen By The Sea
10 (lmprovisation)/Good Rockin' Tonight
11 Forty Days
12 Too Bad About Sorrows
13 Dig a Pony
14 Dig a Pony
15 You've Got Me Thinking
16 I've Got a Feeling
17 Don't Let Me Down
18 "I Dig a Pygmy"
19 Don't Let Me Down
20 Dig a Pony
21 Going Up the Country
22 Dig a Pony
23 I've Got a Feeling
24 "You Want a Session Job?"
25 Dig a Pony
26 Don't Let Me Down
27 Don't Let Me Down
28 Don't Let Me Down
CD 02
The Best Of The Apple Studio Sessions Part Two
01 Dig a Pony
02 Dig a Pony
03 I've Got a Feeling
04 I've Got a Feeling
05 I've Got a Feeling
06 Get Back
07 Get Back
08 Get Back
09 Get Back
10 (Improvisation)
11 Twenty Flight Rock
12 Get Back
13 Oh! Darting
14 Oh! Darting
15 Get Back
16 On the Road to Marrakesh
17 Two of Us
18 Two of Us
19 Two of Us
20 Teddy Boy
21Two of Us
22 Maggie Mae
23 "I Fancy Me Chances"
24 Two of Us
25 Maggie Mae
26 Her Majesty
Destaque para as versões de Dig a Pony e Don't Let Me Down. O disco 2 traz o restante das gravações do dia 23/01 e takes feitos em 24/01. Novamente, mais da metade das faixas aqui apresentadas nunca haviam sido antes lançadas. Este disco é sem dúvida alguma, um dos melhores volumes da série, pois traz impagáveis versões do grupo para a música Oh! Darling, uma inédita versão de John Lennon cantando sozinho o primeiro verso de Two of Us e ainda ótimas e raras performances para faixas como 20 Flight Rock e Her Majesty. A qualidade de som não oscila, é 10 da primeira à última música.
CD 01
The Best Of The Apple Studio Sessions Part One
01 Somethin' Else
02 Daydream
03 You Are My Sunshine
04 Whispering
05 (Improvisation)
06 My Baby Left Me/That's All Right
07 Milk Cow Blues
08 "All I Want is You"
09 In The Middle of an lsland / Gilly Gilly Ossenfeffer Katzenellen Bogen By The Sea
10 (lmprovisation)/Good Rockin' Tonight
11 Forty Days
12 Too Bad About Sorrows
13 Dig a Pony
14 Dig a Pony
15 You've Got Me Thinking
16 I've Got a Feeling
17 Don't Let Me Down
18 "I Dig a Pygmy"
19 Don't Let Me Down
20 Dig a Pony
21 Going Up the Country
22 Dig a Pony
23 I've Got a Feeling
24 "You Want a Session Job?"
25 Dig a Pony
26 Don't Let Me Down
27 Don't Let Me Down
28 Don't Let Me Down
CD 02
The Best Of The Apple Studio Sessions Part Two
01 Dig a Pony
02 Dig a Pony
03 I've Got a Feeling
04 I've Got a Feeling
05 I've Got a Feeling
06 Get Back
07 Get Back
08 Get Back
09 Get Back
10 (Improvisation)
11 Twenty Flight Rock
12 Get Back
13 Oh! Darting
14 Oh! Darting
15 Get Back
16 On the Road to Marrakesh
17 Two of Us
18 Two of Us
19 Two of Us
20 Teddy Boy
21Two of Us
22 Maggie Mae
23 "I Fancy Me Chances"
24 Two of Us
25 Maggie Mae
26 Her Majesty
sábado, 24 de novembro de 2001
The Beatles Thirty Days - Disc 07/08
Os discos cobrem o período de gravações nos estúdios da Apple compreendido entre os dias 24/01 e 27/01/1969. Com Billy Preston presente às sessões e de certa forma ajudando a acalmar os ânimos, o grupo consegue fazer fluir com maior desenvoltura as faixas trabalhadas. Ressalta-se que os registros das gravações ocorridas nesses dias, costumam ser um tanto quanto fragmentados, isso devido ao fato de que estavam sendo realizadas filmagens do grupo e não propriamente o registro do áudio completo das sessões. Mais um ponto para a série 30 Days, que traz a tona performances completas para faixas como Get Back, Dig It, Bad Boy , I Lost My Little Girl ( aqui cantada por John Lennon) e For You Blue. O segundo CD traz basicamente o registro das sessões de gravação da faixa Let It Be, com nada menos que 10 takes inéditos da música. É extremamente interessante para o fã mais atencioso, observar como a banda trabalhava e lapidava as músicas até encontrar o que queria. Qualidade de som 10.
CD 01
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 "There You Are, Eddie" 24.49 2:28
02 Diggin' My Potatoes 24.61 0:50
03 Hey Liley, Liley-Lo 24.62 0:09
04 Rock Island Line 24.63 0:58
05 Michael Row the Boat 24.65 0:58
06 Rock-A-Bye Baby 24.66 0:17
07 Singing The Blues 24.67 2:00
08 Dig It 24.72 4:09
09 Dig It 24.73 5:05
10 Get Back 24.79 3:00
11 Get Back/Little Demon/Maybellene/You Can't Catch Me/ Brown-Eyed Handsome Man 24.80 2:22
12 Short Fat Fannie 24.81 1:26
13 Get Back 24.83 4:11
14 Bad Boy 24.87 2:36
15 Sweet Little Sixteen 24.88 1:46
16 Around and Around 24.89 1:08
17 Almost Grown 24.90 1:04
18 School Day 24.91 1:35
19 Stand By Me/Where Have You Been 24.92 2:36
20 Get Back 24.95 6:10
21 I Lost My Little Girl 24.55 5:08
22 Two of Us 25.NEW 3:39
23 Two of Us 25.NEW 3:22
24 Bye Bye Love 25.8 0:58
25 Two of Us 25.9 3:25
26 For You Blue 25.NEW 2:05
27 For You Blue 25.NEW 2:05
28 For You Blue 25.NEW 2:27
CD 02
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 For You Blue 25.25 3:01
02 For You Blue 25.NEW 2:28
03 For You Blue 25.22 2:35
04 Let It Be 25.NEW 2:21
05 Let It Be 25.NEW 2:13
06 I'm Talking About You 26.18 1:18
07 Let It Be 25.NEW 3:13
08 Let It Be 25.NEW 3:48
09 Isn't It a Pity 26.1 1:48
10 Window, Window 26.2 0:57
11 Octopus's Garden 26.11 1:03
12 High School Confidential 26.22 1:39
13 Great Balls of Fire 26.23 1:28
14 Great Balls of Fire 26.23 0:31
15 Let It Be26.NEW 2:44
16 Let It Be26.NEW 3:46
17 Let It Be26.NEW 3:46
18 Let It Be26.NEW 3:55
19 Let It Be26.NEW 3:40
20 Dig It 26.27 15:04
21 Rip It Up (2:36) - 26.28 2:36
22 Shake, Rattle and Roll 26.29 1:39
CD 01
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 "There You Are, Eddie" 24.49 2:28
02 Diggin' My Potatoes 24.61 0:50
03 Hey Liley, Liley-Lo 24.62 0:09
04 Rock Island Line 24.63 0:58
05 Michael Row the Boat 24.65 0:58
06 Rock-A-Bye Baby 24.66 0:17
07 Singing The Blues 24.67 2:00
08 Dig It 24.72 4:09
09 Dig It 24.73 5:05
10 Get Back 24.79 3:00
11 Get Back/Little Demon/Maybellene/You Can't Catch Me/ Brown-Eyed Handsome Man 24.80 2:22
12 Short Fat Fannie 24.81 1:26
13 Get Back 24.83 4:11
14 Bad Boy 24.87 2:36
15 Sweet Little Sixteen 24.88 1:46
16 Around and Around 24.89 1:08
17 Almost Grown 24.90 1:04
18 School Day 24.91 1:35
19 Stand By Me/Where Have You Been 24.92 2:36
20 Get Back 24.95 6:10
21 I Lost My Little Girl 24.55 5:08
22 Two of Us 25.NEW 3:39
23 Two of Us 25.NEW 3:22
24 Bye Bye Love 25.8 0:58
25 Two of Us 25.9 3:25
26 For You Blue 25.NEW 2:05
27 For You Blue 25.NEW 2:05
28 For You Blue 25.NEW 2:27
CD 02
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 For You Blue 25.25 3:01
02 For You Blue 25.NEW 2:28
03 For You Blue 25.22 2:35
04 Let It Be 25.NEW 2:21
05 Let It Be 25.NEW 2:13
06 I'm Talking About You 26.18 1:18
07 Let It Be 25.NEW 3:13
08 Let It Be 25.NEW 3:48
09 Isn't It a Pity 26.1 1:48
10 Window, Window 26.2 0:57
11 Octopus's Garden 26.11 1:03
12 High School Confidential 26.22 1:39
13 Great Balls of Fire 26.23 1:28
14 Great Balls of Fire 26.23 0:31
15 Let It Be26.NEW 2:44
16 Let It Be26.NEW 3:46
17 Let It Be26.NEW 3:46
18 Let It Be26.NEW 3:55
19 Let It Be26.NEW 3:40
20 Dig It 26.27 15:04
21 Rip It Up (2:36) - 26.28 2:36
22 Shake, Rattle and Roll 26.29 1:39
sexta-feira, 23 de novembro de 2001
The Beatles Thirty Days - Disc 09/10
Talvez um dos volumes da série 30 Days com maior número de performances inéditas de toda a coleção. Os discos cobrem basicamente os dias 26 e 27/01/69 e trazem a banda trabalhando básica e principalmente 3 canções: The Long and Winding Road, Get Back e Old Brown Shoe. Pra se ter uma idéia, saíram desse dia os takes de The Long and Winding Road e Get Back que, após Phil Spector, seriam lançados oficialmente. A presença de Billy Preston nos estúdios torna-se cada vez mais integrada às gravações, ao ponto de por diversas vezes o grupo entregar-se a verdadeiras jam sessions com o músico que duravam quase 15 minutos. A série 30 Days registra essas gravações com o nome de Ï Told You Before" . No segundo disco, excelentes performances para Old Brown Shoe e Get Back e uma verdadeira gema para o fã: lembram-se daquele trecho de Oh Darling lançado oficialmente no álbum Anthology 3 ? Pois bem. Este volume da série traz o take completo, com mais de 6 minutos de duração. Imperdível.
CD 01
The Best Of The Apple Studio Sessions Part Five
01 Miss Ann/Kansas City/Lawdy Miss Clawdy
02 Blue Suede Shoes
03 You Really Got a Hold on Me
04 (Improvisation)
05 (Improvisation)
06 Let It Be
07 Let It Be
08 Let It Be
09 "I Told You Before"
10 "I Told You Before"
11 The Long and Winding Road
12 The Long and Winding Road
13 The Long and Winding Road
14 The Long and Winding Road
15 The Long and Winding Road
16 The Long and Winding Road
17 The Long and Winding Road
18 Strawberry Fields Forever
19 Let It Be
CD 02
The Best Of The Apple Studio Sessions Part Six
01 Let It Be
02 The Long and Winding Road
03 Old Brown Shoe
04 Old Brown Shoe
05 Old Brown Shoe
06 Old Brown Shoe
07 (Improvisation)
08 "I Told You Before"
09 "I Told You Before"
10 Don't Let Me Down
11 Get Back
12 Get Back
13 Get Back
14 Get Back
15 Get Back
16 Get Back
17 Oh! Darling
18 Get Back
19 Get Back
20 Get Back
CD 01
The Best Of The Apple Studio Sessions Part Five
01 Miss Ann/Kansas City/Lawdy Miss Clawdy
02 Blue Suede Shoes
03 You Really Got a Hold on Me
04 (Improvisation)
05 (Improvisation)
06 Let It Be
07 Let It Be
08 Let It Be
09 "I Told You Before"
10 "I Told You Before"
11 The Long and Winding Road
12 The Long and Winding Road
13 The Long and Winding Road
14 The Long and Winding Road
15 The Long and Winding Road
16 The Long and Winding Road
17 The Long and Winding Road
18 Strawberry Fields Forever
19 Let It Be
CD 02
The Best Of The Apple Studio Sessions Part Six
01 Let It Be
02 The Long and Winding Road
03 Old Brown Shoe
04 Old Brown Shoe
05 Old Brown Shoe
06 Old Brown Shoe
07 (Improvisation)
08 "I Told You Before"
09 "I Told You Before"
10 Don't Let Me Down
11 Get Back
12 Get Back
13 Get Back
14 Get Back
15 Get Back
16 Get Back
17 Oh! Darling
18 Get Back
19 Get Back
20 Get Back
quinta-feira, 22 de novembro de 2001
The Beatles Thirty Days - Disc 11/12
Os discos 11 e 12 da série 30 Days documentam as gravações ocorridas entre os dias 27 e 29/01 nos estúdios Apple. Nesses dias, aumentam as discussões acerca de uma apresentação ao vivo da banda e que viria a culminar no famoso e improvisado concerto no teto da gravadora. O CD 1 do álbum traz talvez um dos maiores highlights de toda a série. Neste, consta uma versão completa de "I've Got a Feeling" cantada inteiramente por John Lennon. Também no disco, versão completa do grupo para "Love Me Do" e takes de "Don't Let Me Down" que foram usados no lançamento oficial do single com a música. O 2° disco mostra o grupo ensaiando faixas que só entrariam no disco Abbey Road, além de versões somente agora conhecidas para faixas como "I've Got a Feeling", "One After 909", "Two of Us", "Let It Be" e "The Long and Winding Road". Como dito no início, um dos mais reveladores volumes da 30 Days.
CD 1
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 Get Back
02 Get Back
03 Get Back
04 Get Back
05 I've Got a Feeling
06 "You Won't Get Me That Way''/The Walk
07 I've Got a Feeling
08 "The River Rhine"/The Long and Winding Road
09 I've Got a Feeling
10 I've Got a Feeling
11 I've Got a Feeling
12 Dig a Pony
13 Dig a Pony
14 Get Back
15 Love Me Do
16 Get Back
17 Don't Let Me Down
18 I've Got a Feeling
19 Don't Let Me Down
20 I've Got a Feeling
CD 2
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 One After 909
02 Old Brown Shoe
03 Old Brown Shoe
04 Old Brown Shoe
05 I Want You (She's So Heavy)
06 Something
07 Get Back
08 Teddy Boy
09 All Things Must Pass
10 All Things Must Pass
11 I Want You (She's So Heavy)
12 I Want You (She's So Heavy)
13 Dig a Pony
14 I've Got a Peeling
15 Don't Let Me Down
16 Get Back
17 One After 909
18 She Came in Through the Bathroom Window
19 Two of Us
20 Let It Be
21 The Long and Winding Road
CD 1
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 Get Back
02 Get Back
03 Get Back
04 Get Back
05 I've Got a Feeling
06 "You Won't Get Me That Way''/The Walk
07 I've Got a Feeling
08 "The River Rhine"/The Long and Winding Road
09 I've Got a Feeling
10 I've Got a Feeling
11 I've Got a Feeling
12 Dig a Pony
13 Dig a Pony
14 Get Back
15 Love Me Do
16 Get Back
17 Don't Let Me Down
18 I've Got a Feeling
19 Don't Let Me Down
20 I've Got a Feeling
CD 2
The Best Of The Apple Studio Sessions
01 One After 909
02 Old Brown Shoe
03 Old Brown Shoe
04 Old Brown Shoe
05 I Want You (She's So Heavy)
06 Something
07 Get Back
08 Teddy Boy
09 All Things Must Pass
10 All Things Must Pass
11 I Want You (She's So Heavy)
12 I Want You (She's So Heavy)
13 Dig a Pony
14 I've Got a Peeling
15 Don't Let Me Down
16 Get Back
17 One After 909
18 She Came in Through the Bathroom Window
19 Two of Us
20 Let It Be
21 The Long and Winding Road
quarta-feira, 31 de outubro de 2001
Os Amplificadores usados por George Harrison
O Maestro Beto Iannicelli preparou um resumo de todos os amplis usados pelo Beatle George, desde 1960. É bem sintético e não enche o saco com detalhes muito técnicos e sim, históricos.
SELMER1960: Selmer Truevoice Stadium - TV19TEle comprou esse ampli na Hessey's em 14 de Junho de 1960. Era considerado "o ampli" no final dos anos 50 e começo dos 60. 99% dos grupos ingleses usavam o TV19T.
GIBSON1960: Gibson GA-40 Les Paul - AmplifierO George adquiriu um em 1960 e pode ser visto em muitas fotos do Cavern. Ele utilizou esse ampli de Outubro de 60 até o verão de 62, quando pintaram os Vox AC30.
VOX1962: VOX AC30/6 Twin(esse é o bege clarinho e não o famoso black face)
George comprou esse ampli em Julho de 62 e se apresentou com ele pela 1ª vez, no "Tower Ballroom" em 27 de Julho de 62. Há registros e fotos dele também em ensaios no Cavern.
VOX1963: VOX AC30 Twin(esse é o famoso black face de tela trançada dourada e é o que mais se identifica com os Beatles)
Foi usado até o final de 63, quando surgiu o AC50 - Super Twin.
VOX1963: VOX AC50 - SUPER TWIN(o de tela dourada e cabeçote separado da caixa, que já tinha 2 Celestion T.530)
Um dos primeiros registros foi no "Christmas Shows" de Dezembro de 63, onde tanto o George quanto o John aparecem usando o bichinho. Em 11 Fevereiro de 64 ele aparece no show do Coliseu em Washington e, aliás, foi apelidado de "Washington Cabinet". Foram utilizados também na 1ª apresentação do Ed Sullivan (embora não apareçam) e utilizados também no album A Hard Day's Night.
VOX1964: VOX AC80/100 - SUPER TWIN(é aquele combo com o cabeçote pequeno, com 2 Celestion T-1088 de 12 polegadas)
Eles usaram pela 1ª vez em Julho de 64 na excursão da Suécia.
VOX1964: VOX AC80/100 SDL(aquele grande, todo black face, que também era conhecido como "Super De Luxe Beatles - style cabinet").
George e John receberam esse modelo no início de Agosto de 64, em substituição ao AC80/100 Super Twin) Pode ser visto no Shea Stadium, em 65.
VOX1965: VOX AC100 SDL(com pouquíssimas diferenças cosméticas em relação ao AC80)
Pode ser visto na tour do Japão.
VOX1966: VOX 7120(esse ampli usava um front end solid state pré amp - e valvulado no back end).
O "7" era padrão e o resto, a potência do bicho, ou seja 7 - 120W. Eles iam de 15 até 120W. Atualmente, se não me engano, são totalmente valvulados. Os Betales reeberam esse modelo no início de 66 e foram usados no Revolver e nas tours da Alemamha e Japão.
VOX1966: VOX SUPER BEATLE (240W / 120RMS)Com 4 falantes de 12 polegadas, Celestion (inglês) ou Oxsfords (americano).
Pode ser visto na tour americana de 66.
VOX
1967: VOX CONQUEROR - 730 Speaker CabPode ser visto no promo de Hello Goodbye, tanto com o George quanto com o John. Foram usados nos albuns Magical Mistery Tour e Album Branco, mas há a possibilidade de também ter sido usado o "VOX DEFIANT" que tinha pequenas diferenças cosméticas em relação ao Conqueror.
VOX1968: VOX CONQUEROR(diferença apenas do logo em relação ao 730).
Usado em Hey Bulldog e no Album Branco.
RICK
1964: RICK SUPERSONIC B SERIES.
George comprou esse ampli na 1ª ida aos EUA, em Fevereiro de 64. Há fotos desse ampli no quarto do George, no Hotel, na 1ª excursão à América. (o bichinho até que era simpático)
FENDER
1962: STAR CLUB AMPLIFIERS
Usado no Star Club, na Alemanha. Eram os amplis da casa. (aqueles beges claros que a gente vê nas fotos do Star Club).
FENDER
1965: FENDER BASSMAN (aquele combo gold face, que até hoje é um senhor ampli) e que foi o modelo de transição para o black face. Os Beatles usaram um modelo de 45W, feitos em Junho de 64.
Foram usados em estudio, de 66 a 69, inclusive é visto no filme Let It Be, em Twickenham. Foi usado também no Imagine, mais especificamente em How Do You Sleep.
FENDER
1968: FENDER DELUXE REVERB AMP (silver black face)
Visto no promo Revolution em Setembro de 68
FENDER
1969: FENDER TWIN REVERB AMP (silver black face, 80W, 2 falantes de 12")
O visual "silver face" apareceu foi criado no final de 67. Podem ser vistos no filme Let It Be.
FENDER
1969: FENDER PRINCETON AMP
(silver face de 1 canal só)
Usado nas seções do Abbey Road. Foi usado também na amplificação do moog usado pelos Beatles no Abbey Road.
SELMER1960: Selmer Truevoice Stadium - TV19TEle comprou esse ampli na Hessey's em 14 de Junho de 1960. Era considerado "o ampli" no final dos anos 50 e começo dos 60. 99% dos grupos ingleses usavam o TV19T.
GIBSON1960: Gibson GA-40 Les Paul - AmplifierO George adquiriu um em 1960 e pode ser visto em muitas fotos do Cavern. Ele utilizou esse ampli de Outubro de 60 até o verão de 62, quando pintaram os Vox AC30.
VOX1962: VOX AC30/6 Twin(esse é o bege clarinho e não o famoso black face)
George comprou esse ampli em Julho de 62 e se apresentou com ele pela 1ª vez, no "Tower Ballroom" em 27 de Julho de 62. Há registros e fotos dele também em ensaios no Cavern.
VOX1963: VOX AC30 Twin(esse é o famoso black face de tela trançada dourada e é o que mais se identifica com os Beatles)
Foi usado até o final de 63, quando surgiu o AC50 - Super Twin.
VOX1963: VOX AC50 - SUPER TWIN(o de tela dourada e cabeçote separado da caixa, que já tinha 2 Celestion T.530)
Um dos primeiros registros foi no "Christmas Shows" de Dezembro de 63, onde tanto o George quanto o John aparecem usando o bichinho. Em 11 Fevereiro de 64 ele aparece no show do Coliseu em Washington e, aliás, foi apelidado de "Washington Cabinet". Foram utilizados também na 1ª apresentação do Ed Sullivan (embora não apareçam) e utilizados também no album A Hard Day's Night.
VOX1964: VOX AC80/100 - SUPER TWIN(é aquele combo com o cabeçote pequeno, com 2 Celestion T-1088 de 12 polegadas)
Eles usaram pela 1ª vez em Julho de 64 na excursão da Suécia.
VOX1964: VOX AC80/100 SDL(aquele grande, todo black face, que também era conhecido como "Super De Luxe Beatles - style cabinet").
George e John receberam esse modelo no início de Agosto de 64, em substituição ao AC80/100 Super Twin) Pode ser visto no Shea Stadium, em 65.
VOX1965: VOX AC100 SDL(com pouquíssimas diferenças cosméticas em relação ao AC80)
Pode ser visto na tour do Japão.
VOX1966: VOX 7120(esse ampli usava um front end solid state pré amp - e valvulado no back end).
O "7" era padrão e o resto, a potência do bicho, ou seja 7 - 120W. Eles iam de 15 até 120W. Atualmente, se não me engano, são totalmente valvulados. Os Betales reeberam esse modelo no início de 66 e foram usados no Revolver e nas tours da Alemamha e Japão.
VOX1966: VOX SUPER BEATLE (240W / 120RMS)Com 4 falantes de 12 polegadas, Celestion (inglês) ou Oxsfords (americano).
Pode ser visto na tour americana de 66.
VOX
1967: VOX CONQUEROR - 730 Speaker CabPode ser visto no promo de Hello Goodbye, tanto com o George quanto com o John. Foram usados nos albuns Magical Mistery Tour e Album Branco, mas há a possibilidade de também ter sido usado o "VOX DEFIANT" que tinha pequenas diferenças cosméticas em relação ao Conqueror.
VOX1968: VOX CONQUEROR(diferença apenas do logo em relação ao 730).
Usado em Hey Bulldog e no Album Branco.
RICK
1964: RICK SUPERSONIC B SERIES.
George comprou esse ampli na 1ª ida aos EUA, em Fevereiro de 64. Há fotos desse ampli no quarto do George, no Hotel, na 1ª excursão à América. (o bichinho até que era simpático)
FENDER
1962: STAR CLUB AMPLIFIERS
Usado no Star Club, na Alemanha. Eram os amplis da casa. (aqueles beges claros que a gente vê nas fotos do Star Club).
FENDER
1965: FENDER BASSMAN (aquele combo gold face, que até hoje é um senhor ampli) e que foi o modelo de transição para o black face. Os Beatles usaram um modelo de 45W, feitos em Junho de 64.
Foram usados em estudio, de 66 a 69, inclusive é visto no filme Let It Be, em Twickenham. Foi usado também no Imagine, mais especificamente em How Do You Sleep.
FENDER
1968: FENDER DELUXE REVERB AMP (silver black face)
Visto no promo Revolution em Setembro de 68
FENDER
1969: FENDER TWIN REVERB AMP (silver black face, 80W, 2 falantes de 12")
O visual "silver face" apareceu foi criado no final de 67. Podem ser vistos no filme Let It Be.
FENDER
1969: FENDER PRINCETON AMP
(silver face de 1 canal só)
Usado nas seções do Abbey Road. Foi usado também na amplificação do moog usado pelos Beatles no Abbey Road.
sábado, 20 de outubro de 2001
Os reis do Iê Iê Iê
Chego ao Bruni Ipanema uns vinte minutos antes do início da sessão das quatro. A fila, quilométrica: mar de adolescentes. Na bilheteria, o aviso de lotação esgotada. Aguardo duas horas pra enfim assistir à sessão das seis. Dentro do cinema, algazarra, gritinhos das fanzocas! Todas as filas lotadas, mesmo as primeiras, perto da tela, normalmente evitadas — gente esparramada até pelo chão.
Três décadas e meia depois, revejo o mesmo filme, cópias restauradas, som digital: OS REIS DO IÊ IÊ IÊ. Cinema vazio, sessão tranqüila. Os cabelos compridos dos Beatles já não parecem tão compridos assim. As canções inovadoras de então, hoje, de tão familiares, soam como standards e, após décadas de convívio com o Inglês, consigo entender as letras! Mais cinqüenta anos, serão clássicos, como Lieders de Schubert.
O mundo, então, era outro, dividido em dois blocos antagônicos, luta de vida ou morte: capitalista e comunista. Como no maniqueísmo, um bloco representava o BEM, outro bloco representava o MAL. Qual era qual, dependia do ponto de vista. Mais ou menos uma questão de fé: havia os crentes no Mundo Livre em luta contra a Cortina de Ferro, e os partidários do socialismo na guerra santa contra o imperialismo ianque. Os arsenais nucleares acumulados pelas duas superpotências dariam para destruir várias humanidades. "Depois da morte de Cristo, os apóstolos pensavam que o Juízo Final e o fim do mundo eram iminentes. Embora acreditassem nisso, não havia nenhuma ameaça real de destruição. Atualmente, a situação é inversa: o mundo está mesmo ameaçado de destruição e ninguém acredita", teria dito Jaspers — li esta citação em algum jornal ou revista de 1970 e anotei num caderno.
A descoberta da pílula anticoncepcional foi um "estouro", como se dizia. A camisinha, praticamente relegada ao baú de velharias, indo fazer companhia à galocha e ao pincenê. Mas que ironia, retornar com força total décadas mais tarde, em presença da AIDS! A Igreja não tardou em condená-la, como outrora condenara o heliocentrismo e hoje condena, digamos, a engenharia genética e a eutanásia. Ao libertar o sexo da procriação, a pílula fez a humanidade descobrir os prazeres do então denominado "amor livre". Hoje, transar com quem bem se entende tornou-se tão normal, que parece que sempre foi assim. E as mulheres nem se dão mais ao trabalho de tomar a pílula. Deixai nascer as criancinhas!
Naquela época, a música, tal qual o mundo, dividia-se em dois blocos antagônicos: a música dita clássica — a "verdadeira música", imortal — e a música popular, descartável, "que daqui a alguns anos ninguém mais ouvirá": rock and roll, cha-cha-cha, twist, hully-gully. Só que esses "alguns anos" se passaram e acabamos tendo a surpresa de descobrir que a "música popular" — sobretudo o jazz — foi a "música clássica" do século XX! E a "música clássica" do século XX... quem é que ainda ouve, a não ser um ou outro aficionado, a "música clássica" do século XX?
Acreditava-se que no ano 2000 (caso o mundo fosse poupado do cataclismo previsto por Nostradamus) nos alimentaríamos de pílulas. Em vez de dormir, tomaríamos pílulas também. O céu estaria coberto de aeromóveis, bondes aéreos e táxis celestes. Passaríamos as férias na Lua. O mundo formaria um bloco político único, sem nações. E passaríamos umas cinco horas diárias diante do "telesen", aparelho que substituiria o cinema, teatro, rádio e televisão — vide O Estranho Mundo do Ano 2000, no volume II de Nosso Universo Maravilhoso, do início dos anos 60.
As garotas se dividiam em "direitas" e "piranhas": as direitas, só "davam" depois de terem seu casamento devidamente garantido e agendado. Já as "piranhas" mostravam-se mais generosas — é dando que se recebe. Inveja da galera de hoje, que pode escolher dentre um farto menu de tchutchucas, purpurinadas, popozudas, preparadas, glamourosas, cachorras...
Os carros fabricados no Brasil: o onipresente e simpático Fusca, o Aero Willys, o DKW Wemag, o Gordini, o JK — mas, cá entre nós, a quem interessa isso?
As drogas que a gente curtia eram todas legais: birita, antidistônicos, bolinhas moderadoras de apetite! "Maconha" ainda se chamava "diamba", estranho narcótico consumido por índios e caboclos de, sabia-se lá, que tribos e sertões. Erva maldita, ainda.
A televisão, preto e branco; o computador, um trambolhão que só existia lá nos States; revista de sexo explícito, só na Suécia — berço do amor livre. Lembram? Quem comesse carne na Sexta-feira Santa, ninguém se admiraria se lhe caísse raio na cabeça. Corpus Christi, dia santo, e não feriadão pra se viajar à Região dos Lagos ou Guarujá. Bons católicos freqüentavam a missa aos domingos, bons judeus, a sinagoga nas noites de sexta-feira (sempre fui mau judeu). O casamento no Brasil, indissolúvel — só a morte tinha o poder de rompê-lo.
Mas — posto que sem Internet, sem Viagra, sem filmes pornô — tínhamos um tesouro que não temos mais: os quatro Beatles, juntinhos e todos os quatro vivos.
Que mais no mundo se nos fazia preciso?
Por Ivo Korytowski
Três décadas e meia depois, revejo o mesmo filme, cópias restauradas, som digital: OS REIS DO IÊ IÊ IÊ. Cinema vazio, sessão tranqüila. Os cabelos compridos dos Beatles já não parecem tão compridos assim. As canções inovadoras de então, hoje, de tão familiares, soam como standards e, após décadas de convívio com o Inglês, consigo entender as letras! Mais cinqüenta anos, serão clássicos, como Lieders de Schubert.
O mundo, então, era outro, dividido em dois blocos antagônicos, luta de vida ou morte: capitalista e comunista. Como no maniqueísmo, um bloco representava o BEM, outro bloco representava o MAL. Qual era qual, dependia do ponto de vista. Mais ou menos uma questão de fé: havia os crentes no Mundo Livre em luta contra a Cortina de Ferro, e os partidários do socialismo na guerra santa contra o imperialismo ianque. Os arsenais nucleares acumulados pelas duas superpotências dariam para destruir várias humanidades. "Depois da morte de Cristo, os apóstolos pensavam que o Juízo Final e o fim do mundo eram iminentes. Embora acreditassem nisso, não havia nenhuma ameaça real de destruição. Atualmente, a situação é inversa: o mundo está mesmo ameaçado de destruição e ninguém acredita", teria dito Jaspers — li esta citação em algum jornal ou revista de 1970 e anotei num caderno.
A descoberta da pílula anticoncepcional foi um "estouro", como se dizia. A camisinha, praticamente relegada ao baú de velharias, indo fazer companhia à galocha e ao pincenê. Mas que ironia, retornar com força total décadas mais tarde, em presença da AIDS! A Igreja não tardou em condená-la, como outrora condenara o heliocentrismo e hoje condena, digamos, a engenharia genética e a eutanásia. Ao libertar o sexo da procriação, a pílula fez a humanidade descobrir os prazeres do então denominado "amor livre". Hoje, transar com quem bem se entende tornou-se tão normal, que parece que sempre foi assim. E as mulheres nem se dão mais ao trabalho de tomar a pílula. Deixai nascer as criancinhas!
Naquela época, a música, tal qual o mundo, dividia-se em dois blocos antagônicos: a música dita clássica — a "verdadeira música", imortal — e a música popular, descartável, "que daqui a alguns anos ninguém mais ouvirá": rock and roll, cha-cha-cha, twist, hully-gully. Só que esses "alguns anos" se passaram e acabamos tendo a surpresa de descobrir que a "música popular" — sobretudo o jazz — foi a "música clássica" do século XX! E a "música clássica" do século XX... quem é que ainda ouve, a não ser um ou outro aficionado, a "música clássica" do século XX?
Acreditava-se que no ano 2000 (caso o mundo fosse poupado do cataclismo previsto por Nostradamus) nos alimentaríamos de pílulas. Em vez de dormir, tomaríamos pílulas também. O céu estaria coberto de aeromóveis, bondes aéreos e táxis celestes. Passaríamos as férias na Lua. O mundo formaria um bloco político único, sem nações. E passaríamos umas cinco horas diárias diante do "telesen", aparelho que substituiria o cinema, teatro, rádio e televisão — vide O Estranho Mundo do Ano 2000, no volume II de Nosso Universo Maravilhoso, do início dos anos 60.
As garotas se dividiam em "direitas" e "piranhas": as direitas, só "davam" depois de terem seu casamento devidamente garantido e agendado. Já as "piranhas" mostravam-se mais generosas — é dando que se recebe. Inveja da galera de hoje, que pode escolher dentre um farto menu de tchutchucas, purpurinadas, popozudas, preparadas, glamourosas, cachorras...
Os carros fabricados no Brasil: o onipresente e simpático Fusca, o Aero Willys, o DKW Wemag, o Gordini, o JK — mas, cá entre nós, a quem interessa isso?
As drogas que a gente curtia eram todas legais: birita, antidistônicos, bolinhas moderadoras de apetite! "Maconha" ainda se chamava "diamba", estranho narcótico consumido por índios e caboclos de, sabia-se lá, que tribos e sertões. Erva maldita, ainda.
A televisão, preto e branco; o computador, um trambolhão que só existia lá nos States; revista de sexo explícito, só na Suécia — berço do amor livre. Lembram? Quem comesse carne na Sexta-feira Santa, ninguém se admiraria se lhe caísse raio na cabeça. Corpus Christi, dia santo, e não feriadão pra se viajar à Região dos Lagos ou Guarujá. Bons católicos freqüentavam a missa aos domingos, bons judeus, a sinagoga nas noites de sexta-feira (sempre fui mau judeu). O casamento no Brasil, indissolúvel — só a morte tinha o poder de rompê-lo.
Mas — posto que sem Internet, sem Viagra, sem filmes pornô — tínhamos um tesouro que não temos mais: os quatro Beatles, juntinhos e todos os quatro vivos.
Que mais no mundo se nos fazia preciso?
Por Ivo Korytowski
CHASING THE CHERRY - Poema de Paul McCartney
fragile fragments
clatterring down
the lavish marble staircase
tinkling smithereens
smashing, grabbing
at thechina-stars
bursting in clusters
scattering E-side cats
credit card dropping
from rain-clowds
pour down on the well-polished floor
tortoiseshell hair-combs
and black tape cassettes
rattle the cages of
knife wielding grand dames
and say, are you chasing the cherry ?
the merry go round of the roses
if so, you must know
that the down side
is sink like a ferry
ascending the slope
in a herring bone fashion
holding on chromium steel
lifting the bar bells
with candlestick motion
side steppiing hot wax,
and wheel
flying with lizards
all blown in a gust
through staining glass
windows and covered
with dust blood,
to keep out the rain
and say are you chasing the cherry ?
the merry go round of the roses
if so, you must know
that the down side
is sinklike a ferry
a weapon is not
worth a button
when anti-world
matters explode
and chandeliers
drop from the ceiling
with sharp shooters skill
exhausted collapse
in the playground
apeak epileptic remains
and froth at the mouth
like a river, til
teachers in apple pie beds
reach out their
chalk filled hands
and lift
and lift
and say, are you chasing the cherry ?
the singular red one on top
it gleams with particular pleasure
that may well never stop
if so, you must know
that the high tide
is sunk like a ferry
Este é dos 5 poemas que Paul McCartney enviou a uma revista literária em 1996, com o objetivo de serem avaliadas. Caso não seja lançada no seu livro "Blackbird Singing" este será um dos pouquíssimos lugares onde ela foi publicada.
Colaborou:
Luiz Antonio da Silva (Beatles Cavern Club-SP)
clatterring down
the lavish marble staircase
tinkling smithereens
smashing, grabbing
at thechina-stars
bursting in clusters
scattering E-side cats
credit card dropping
from rain-clowds
pour down on the well-polished floor
tortoiseshell hair-combs
and black tape cassettes
rattle the cages of
knife wielding grand dames
and say, are you chasing the cherry ?
the merry go round of the roses
if so, you must know
that the down side
is sink like a ferry
ascending the slope
in a herring bone fashion
holding on chromium steel
lifting the bar bells
with candlestick motion
side steppiing hot wax,
and wheel
flying with lizards
all blown in a gust
through staining glass
windows and covered
with dust blood,
to keep out the rain
and say are you chasing the cherry ?
the merry go round of the roses
if so, you must know
that the down side
is sinklike a ferry
a weapon is not
worth a button
when anti-world
matters explode
and chandeliers
drop from the ceiling
with sharp shooters skill
exhausted collapse
in the playground
apeak epileptic remains
and froth at the mouth
like a river, til
teachers in apple pie beds
reach out their
chalk filled hands
and lift
and lift
and say, are you chasing the cherry ?
the singular red one on top
it gleams with particular pleasure
that may well never stop
if so, you must know
that the high tide
is sunk like a ferry
Este é dos 5 poemas que Paul McCartney enviou a uma revista literária em 1996, com o objetivo de serem avaliadas. Caso não seja lançada no seu livro "Blackbird Singing" este será um dos pouquíssimos lugares onde ela foi publicada.
Colaborou:
Luiz Antonio da Silva (Beatles Cavern Club-SP)
Preso no mastro do iate dos Beatles
Funchal, 31 Jan (Lusa) - Um praticante alemão de parapente embateu hoje e ficou suspenso num dos mastros do iate "Vagrant", que foi propriedade dos Beatles e agora é um estabelecimento de restauração na marginal do Funchal.
Aquele "parapentista" lançou-se da rampa do Chão da Lagoa (Parque Ecológico do Funchal) com um amigo, num voo que decorreu com toda a normalidade até à zona do Monte, quando foram apanhados pelo vento.
Enquanto um deles ficou suspenso no mastro da embarcação, a cerca de 20 metros do solo, tendo sido retirado por uma equipa de montanhismo dos Bombeiros Voluntários Madeirenses, o outro embateu contra uma árvore da Avenida do Mar e caiu no toldo do restaurante.
Os dois praticantes alemães de parapente, um guia de montanha e outro funcionário do grupo hoteleiro Pestana, residem na Madeira há dois e cinco anos, respectivamente, e saíram ilesos do acidente.
O voo durou cerca de 35 minutos e abrangeu um percurso de oito quilómetros.
EC/AMB
Lusa/Fim
Luis Pinheiro de Almeida
Aquele "parapentista" lançou-se da rampa do Chão da Lagoa (Parque Ecológico do Funchal) com um amigo, num voo que decorreu com toda a normalidade até à zona do Monte, quando foram apanhados pelo vento.
Enquanto um deles ficou suspenso no mastro da embarcação, a cerca de 20 metros do solo, tendo sido retirado por uma equipa de montanhismo dos Bombeiros Voluntários Madeirenses, o outro embateu contra uma árvore da Avenida do Mar e caiu no toldo do restaurante.
Os dois praticantes alemães de parapente, um guia de montanha e outro funcionário do grupo hoteleiro Pestana, residem na Madeira há dois e cinco anos, respectivamente, e saíram ilesos do acidente.
O voo durou cerca de 35 minutos e abrangeu um percurso de oito quilómetros.
EC/AMB
Lusa/Fim
Luis Pinheiro de Almeida
De Ardmore & Beechwood a Michael Jackson
Por que Michael Jackson decide tudo sobre músicas dos Beatles?
Estive a consultar alguns livros sobre o "publishing" das canções dos Beatles e cheguei a algumas conclusões. A versão do texto que se segue não é ainda completamente definitiva, porque me faltam apurar ainda alguns pormenores, porque tudo isto é muito complicado e eu gosto das coisas rigorosas e exactas.
Michael Jackson (Northern Songs) controla os direitos de 263 canções dos Beatles, entre as quais algumas que o grupo, enquanto tal, nunca gravou oficialmente como "Catcall", "Cold Turkey", "Come And Get It", "Cowboy Music", "Dream Scene", "Drilling A Home", "Penina", etc, etc, etc.
Como foi isto possível?
"Love Me Do", "PS I Love You", "Please Please Me" e "Ask Me Why" são as quatro únicas gravadas pelos Beatles que não estão incluídas neste lote de Michael Jackson. Por isso, Paul McCartney fez uma mistura delas, ou de parte delas, com o título "PS Love Me Do", para incluir na edição japonesa de "Flowers In The Dirt". Estas canções pertencem à MPL (Paul McCartney).
Quando os Beatles começaram a gravar oficialmente em 1962, o "publishing" era ainda um negócio pouco conhecido ou, no mínimo, insipiente. Nem os Beatles, nem Brian Epstein, se moviam pelo dinheiro e nada sabiam de "publishing".
Brian Epstein até via os "publishers" como promotores das canções nas rádios, nas televisões ou a arranjar alguém que as cantasse também.
Brian Epstein conheceu George Martin através do "publisher" Sid Coleman que dirigia a empresa de "publising" Ardmore & Beechwood, subsidiária da norte-americana Capitol Records que, por seu turno, era uma subsidiária da britânica EMI Records.
Agradecido a Sid Coleman por lhe ter proporcionado o encontro com George Martin, Brian Epstein ofereceu à Ardmore & Beechwood as duas primeiras canções dos Beatles, "Love Me Do" e "PS I Love You".
Mas desiludido com a falta de promoção de "Love Me Do" (não chegou a primeiro lugar), Brian Epstein deu as duas canções seguintes, "Please Please Me" e "Ask Me Why", a Dick James (antigo cantor que chegou a gravar Beatles), depois de ter analisado outras alternativas, entre as quais Hill & Range, "publishers" de Elvis Presley.
Canções seguintes, do álbum e do terceiro single, foram também para a Dick James Music. Nesta altura, a dupla de compositores era McCartney/Lennon e só depois, por causa da ordem alfabética, é que ficou Lennon/McCartney, independentemente de as canções serem dos dois ou só de um.
Depois do primeiro álbum, numa reunião em Liverpool, os Beatles e Brian Epstein resolveram criar a Northern Songs, a empresa de "publishing" deles próprios, sem saberem muito bem o que isso queria dizer e para que servia.
A Northern Songs foi registada a 22 de Fevereiro de 1963, pertencendo 50 por cento a John, Paul e Brian e os outros 50 por cento a Dick James.
As canções que Dick James já tinha (do primeiro álbum) passaram para a Northern Songs, ficando só com "Please Please Me" e "Ask Me Why", como prova do reconhecimento do seu trabalho.
Em 1986, a PolyGram Music comprou a Dick James Music, por isso possui os direitos destas duas canções.
Dick James ficou presidente da Northern Songs até 10 de Fevereiro de 1973.
Por acordo de 14 de Agosto de 1963, Lennon e McCartney comprometeram-se a entregar à Northern Songs todas as suas canções por um período de três anos. Os lucros destas 56 canções foram pagos à LenMac Enterprises, que pertencia 40 por cento a Lennon, 40 por cento a McCartney e 20 por cento a Brian Epstein.
Por um segundo acordo, em Fevereiro de 1965, a LenMac Enterprises foi substituída pela MacLen Music, detida a 40 por cento por Paul, 40 por cento por John e 20 por cento pela NEMS.
A NEMS era a empresa original de Brian Epstein, detida a 50 por cento por Brian, 40 por cento pelo seu irmão Clive e 2,5 por cento a cada um dos quatro Beatles.
No dia 18 de Fevereiro de 1965, a Northern Songs tornou-se pública com a emissão de 5 milhões de acções na Bolsa. Foi uma novidade (mais uma dos Beatles).
Dick James e o seu parceiro de sempre Emanuel Charles Silver ficaram cada um com 37,5 por cento das acções, John e Paul ficaram, cada um, com 15 por cento e George e Ringo com 0,8 por cento, cada um.
No que é considerada uma decisão financeira desastrosa, a LenMac Enterprises foi vendida à Northern Songs no dia 04 de Abril de 1966. Os dois maiores compositores pop do século depositaram assim os direitos das suas 56 primeiras canções numa empresa cotada na Bolsa.
Quando em 1969 a Northern Songs foi vendida, com ela foi também a LenMac Enterprises. Desde essa altura até aos dias de hoje, Lennon e McCartney não mais viram um tostão de direitos das canções.
No dia 28 de Março de 1969, com os Beatles fora e sem lhes dizer nada, Dick James, "patrão" da Northern Songs, resolveu finalmente vender a sua parte e a de Emanuel Charles Silver na Northern Songs à Associated TeleVision (ATV) de Lew Grade (mais tarde Lord Grade) por três milhões de libras.
Paul e John só souberam da venda das acções quando os jornalistas lhes pediram reacções.
Na altura em que a Northern Songs foi vendida à ATV, os Beatles controlavam apenas 29,7 por cento da empresa. Outros "patrões menores" da empresa eram Pattie Boyd, mulher de George Harrison, Subafilmes (pertencente à Apple Corps) e Triumph Investment Trust, que tinha comprado a NEMS a Clive Epstein e à mãe Queenie Epstein, depois da morte de Brian.
No dia 19 de Setembro de 1969, a ATV comprou as acções de um consórcio liderado por Allen Klein (esse mesmo) e passou a controlar 51 por cento da Northern Songs, derrotando irremediavelmente os Beatles, e em Janeiro de 1970 já controlava 99,3 por cento. Os restantes 0,7 por cento estavam espalhados por 500 fãs dos Beatles em todo o Mundo.
Em Novembro de 1981, Lord Grade, com 75 anos, depois de um desastre financeiro com um filme seu, anunciou que queria vender a ATV Music, que incluia a Northern Songs. Paul McCartney viu ai a oportunidade de reaver as canções dos Beatles, especialmente "Yesterday".
Grade quis 20 milhões de libras e deu uma semana para Paul pensar. Paul ligou a Yoko (John tinha morrido no ano anterior) e propôs o negócio: 10 milhões a cada um e as "baby songs" voltavam à posse de Paul e dos herdeiros de John. Yoko recusou com o argumento de que era muito dinheiro.
Paul desistiu da compra. A ATV (rebaptizada de Associated Communications Corporation) tinha sido entretanto adquirida a Lew Grade pelo australiano Robert Holmes À Court.
Depois de um período de silêncio, Michael Jackson, conforme tinha dito a Paul McCartney, comprou a ATV Music à ACC por 53 milhões de dólares e é, desde então, o seu proprietário, apesar de todas as tentativas, infrutíferas, de McCartney em recuperar as suas "babies".
Em 1995, Michael Jackson alugou a gestão da Northern Songs à EMI na Grã-Bretanha.
No dia 16 de Novembro de 1995, Michael Jackson e a Sony Music anunciaram a constituição de uma nova empresa de "publishing", Sony/ATV Music Publishing, formada pela Sony e pela ATV (que detém a Northern Songs, com as canções dos Beatles).
O anúncio foi feito pelo próprio Michael Jackson e por Michael P. Schulhof, presidente da Sony Corporation Of America, e Thomas D. Mottola, presidente da Sony Music Entertainment.
A nova companhia foi avaliada em 600 milhões de dólares, sendo a terceira maior do Mundo. Michael Jackson recebeu 95 milhões de dólares pela fusão.
A nova Sony/ATV Music Publishing passou a controlar os direitos das canções dos Beatles, Elvis Presley, Bob Dylan, Oasis, Leonard Cohen, Pearl Jam, Stevie Nicks, Sade, Willie Nelson, entre muitos outros.
As canções de Michael Jackson estão de fora, sendo geridas pela Warner Chappell.
A ideia desta "joint venture" surgiu em 1994, quando Michael Jackson pretendeu comprar os direitos de "Heartbreak Hotel", de Elvis Presley, como parte do seu contrato com a Sony para a edição do álbum "History".
"Não vendemos Elvis Presley, mas o que queremos é comprar o catálogo dos Beatles", disse Schulhof. Michael Jackson, por seu turno, fez questão de frisar que não vendeu a ATV, mas que procedeu a uma fusão de companhias, com 50 por cento para cada uma das partes.
Isso mesmo terá dito Michael Jackson a Paul McCartney.
Desde 1998, terminado o período de gestão da EMI, a Sony/ATV Music Publising tem o controlo absoluto da esmagadora maioria das canções dos Beatles.
Luis Pinheiro de Almeida
Fonte principal: "Yesterday & Today", Ray Coleman