A mulher do cantor Paul McCartney, Heather Mills, tirou e mostrou ao apresentador Larry King sua perna mecânica em programa que foi ao ar na última quarta (30) nos EUA, pela CNN. Em 93, Mills teve de amputar a perna esquerda abaixo do joelho depois de ser atropelada por uma motocicleta da polícia.
Desde então, a ex-modelo se engajou em programas de assitência a pessoas que tiveram membros amputados e se tornou porta-voz de um programa das Nações Unidas para o desmonte de minas terrestres. A ex-modelo inglesa está nos EUA para divulgar o lançamento de sua autobiografia "A Single Step" (literalmente "Um Único Passo").
Recentemente, Mills declarou em entrevista a Barbara Walters, da rede ABC, que desde seu casamento com o ex-beatle, em junho, ela vive o pior ano de sua vida, por causa do assédio da imprensa. "Foi ainda pior do que o ano em que perdi minha perna", disse a ex-modelo, "estou casada com o homem mais famoso do mundo, mas para mim é um infortúnio. Eu queria apenas ter uma vida anônima".
quarta-feira, 30 de outubro de 2002
domingo, 20 de outubro de 2002
Entrevista: Luiz Lennon (Beatles Cavern Club)
O paulista Luiz Antônio da Silva é o fundador do Beatles Cavern Club, o mais antigo fã-clube brasileiro ainda em atividade. Aos 49 anos, continua em plena atividade na beatlemania, promovendo sempre eventos e shows com entrada gratuita na capital paulista. Confira um papo com Luiz Lennon sobre Beatles, Beatlemania, George no Brasil, histórias interessantes, folclores, entre outras coisas.
Há quanto tempo existe o Cavern Club, por que e como foi criado?
O BBC foi imaginado em 1.976 após a morte de Newton Duarte, o BIG BOY, um grande cara e uma pessoa que todos nós sonhamos em ser um dia. Ele era fera e após a sua morte criamos o Cavern Club, que sempre visou reunir pessoas, agitar grandes festas e divulgar Beatles. Foi isso que eu sempre fiz, a família sempre ficou em segundo plano, o meu amor à causa beatle sempre foi maior que tudo e continua sendo, pois em 24 anos já realizamos mais de 40 shows em praças públicas sempre com as melhores bandas cover de cada época. Só na Praça de República (centro de SP) realizamos uns 20, sempre de graça. Como Beatles passa de pai para filho, queremos que o Cavern Club consiga o mesmo.
Um dos primeiros sócios do fã-clube foi o conhecido Marco Antonio Mallagoli, que inclusive fazia parte da diretoria, até partir para criar seu próprio clube. Quando aconteceu o rompimento entre vocês e como?
Quando o Mallagoli foi à minha casa querendo saber como ser sócio e participar, o Cavern Club já era conhecido e com muitos sócios e colaboradores. Ficamos unidos durante 1 ano, mais ou menos. Depois, houve um rompimento e cada um foi para um lado. Ele acabou tendo a sorte e o mérito de conhecer o Lennon pessoalmente. Outras coisas só posso dizer que é folclore.
O que exatamente voce diz que é folclore?
Eu considero o Marco Antonio Mallagolli um grande meninâo. Como fã a gente sempre comete exageros e tenho certeza que o que foi publicado dizendo que o john vinha ao Brasil assistir Carnaval e que mandou disco de ouro um pouco de folclore, um pequeno exagero.
Sobre o rompimento só posso dizer que ele não podia ver uma câmera de TV que ficava todo afobado e logicamente gerou ciúmes, pois o pai da idéia era eu, aí então foi um para cada lado e boa sorte aos dois, né? Ficou alguma mágoa de fã pois quando a gente só pensava nos Beatles, o fã clube era muito forte e com o rompimento os dois saíram perdendo. Ele jogava as pessoas contra mim. Lembra-se daquela estória de colocar uma marca de giz no châo? Ele se considerava o quinto beatle, só ele sabia das coisas e vice e versa, porém eu tinha a certeza que as coisas não eram do jeito que ele mostrava. Tem histórias folclóricas para muitos anos, quem sabe um dia, nas minhas memórias?
Você poderia dizer que hoje são amigos novamente?
Foram 14 anos de rompimento e graças ao Jayme Marques, um grande cara, que vivia pegando no pé dos dois, hoje nos falamos novamente e a vida continua.
Os fãs dos Beatles sempre sonharam com uma reunião da banda. E os fãs paulistas, eles podem sonhar com uma união Cavern-Revolution?
De 1.995 para cá eu deixei a polêmica de lado e passei a frequentar e me aproximar mais dos fãs que adoram o Mallagolli e consegui fazer boas amizades. Tem aqueles que acham que só existe o Revolution e evitam bater papo com a gente, mas eu não ligo. Não deveria ser assim, mas tudo bem. Às vezes eu penso comigo: preciso trabalhar mais e tentar sempre fazer coisas legais para que vejam que eu sou boa pessoa.
Você não respondeu: Revolution e Cavern Club podem se unir novamente?
Acredito que pelos fã de hoje não haveria nenhum problema, já pensei em realizar grandes eventos e o Marcos já se prontificou a tocar com a sua banda, mas seria legal nós dois pensando somente em Beatles em um palco, apresentando umas 20 bandas, que tal?
Qual o seu momento máximo como beatlemaníaco?
Graças a Deus foram vários: quando estivemos com o George; quando estivemos com o Paul graças a Claudia Tapety de Recife; quando fui a LONDRES e LIVERPOOL em 95; quando fui convidado a participar do projeto "o artista por ele mesmo" da editora Martin Claret (sp), procurei convence-los que seria fundamental termos um livro sobre os Beatles em catálogo em português e outro sobre o PAUL. Neste momento eu contribui como fã e o fã brasileiro saiu ganhando com os dois volumes, vendidos nas bancas a 5 reais. Isso em 1993.
O nascimento de minha primeira filha cinthya lennon; especial de uma semana na TRANSAMERICA FM sobre os Beatles, em 79; o especial sobre John Lennon na TV Bandeirantes em 1980; conhecer a Cinthya Lennon e o Pete Best em 95; ter nascido a minha filha, Elizabeth Harrison em 2001.... existem ainda dezenas de fatos, mas os mais marcantes estão mencionados acima.
Você esteve com o George quando ele esteve aqui no Brasil em 1997?
Taí algo em que eu não acredito. Mais uma vez ocorreu algum exagero. Gostaria de ver fotos ou outros detalhes da presença dele incógnito em SP em1997 ou outra época. Sempre é bom termos a presença deles por aqui. Cadê o RINGO?
Com muito atraso finalmente o BCC lança o seu website. O que você espera da Internet?
Eu espero o principal, mostrar trabalho, competência, ter novos amigos e contribuir para a grandeza da Beatlemania no Brasil. Em outros países ela sempre foi forte e sempre será.
você irá comercializar beatle-material no site?
Sempre achei legal dividir o pouco que eu tenho com outros fãs, aliás é fundamental difundir a Beatlemania, e esta é uma das formas.
Como surgiu a idéia do website?
Eu tenho tentado criar uma página desde agosto de 2001, porém quem ia fazer a página prometia e depois nunca tinha tempo, até surgir o meu contato com um amigo de longa data o Jose Carlos Almeida (você conhece?).
Qual a sua opinião sobre a fabricação e venda de discos piratas no Brasil?
Uma grande idéia dos anos 80 foi a fabricação em SP de discos de vinil, o famoso bolachão, com gravações inéditas dos Beatles e das carreiras solo. Foram feitos uns 10 titulos diferentes, uma grande sacada para a época. Acredito que muitos de nós tenhamos em casa algum desses. A coisa chata é que foram vendidos como sendo discos importados e por um preço super caro para a época. Depois fizeram um oficial do Michael Jackson, Policia Federal descobriu tudo e deu um rolo danado. A porta da boa idéia se fechou, uma pena.
Você poderia citar algum título entre esses "falsos importados"?
Eu não lembro todos os titulos, mas eram... Complete to the king (Paul Mcartney), Abbey Road (capa dupla), tinha um com a trilha do filme Let It Be (duplo). O selo é branco com uma foto dos Beatles em preto e branco em volta da cadeira e a gravadora era uma tal "Manto Records".
Você produz alguma pirataria?
Inicialmente eu tenho somente transformado do formato vinil para o CD.
Sua família te acompanha nas aventuras do mundo beatlemaníaco?
Em festas sim, nas beatle-correrias não.
Se você pudesse escolher um só momento para reviver, escolheria o encontro com o Paul ou com o George?
Seu eu pudesse reviver, eu escolheria sem dúvida, o contacto com o George. Foi o primeiro, o mais díficil e pela beleza daquela época, onde os valores eram outros e muito mais importante do que hoje. A gente era mais feliz e não sabia.
Concluindo: fale-nos um pouco sobre o evento em homenagem ao George.
Todos os anos eu faço momentos como este, para a gente se reunir com a galera e através da boa musica relembrar e comemorar em grande estilo a presença em nossas vidas deste 4 rapazes de Liverpool, que nos mostraram uma maneira de ser felizes, tendo bons amigos a nossa volta e tendo o prazer de ser beatlemaníaco. Os preparativos e a ansiedade tomam conta da gente, pois vem muita gente de longe e precisamos ser bons hospitaleiros . Teremos 6 bandas ao vivo, sorteios e muitas surpresas. A Thais harrison [N do E: nossa colunista Calico Skies] e o Marcus Rampazzo irão roubar a cena pelo carisma que os dois têm. Ambos são bem tímidos... (risos)
Só pra lembrar:
Tributo a George Harrison
Acontece no dia 23 de fevereiro (sábado), a partir das 21:00h., no Hemisfério Sul Restaurante (Av. Ipiranga 958 - Centro - SP). Participação das bandas Acustic Beatles, Plastic Soul, Beatkids e Zoombeatles. Participação especial de Marcus Rampazzo (Beatles 4ever) e Calico Skies.
Há quanto tempo existe o Cavern Club, por que e como foi criado?
O BBC foi imaginado em 1.976 após a morte de Newton Duarte, o BIG BOY, um grande cara e uma pessoa que todos nós sonhamos em ser um dia. Ele era fera e após a sua morte criamos o Cavern Club, que sempre visou reunir pessoas, agitar grandes festas e divulgar Beatles. Foi isso que eu sempre fiz, a família sempre ficou em segundo plano, o meu amor à causa beatle sempre foi maior que tudo e continua sendo, pois em 24 anos já realizamos mais de 40 shows em praças públicas sempre com as melhores bandas cover de cada época. Só na Praça de República (centro de SP) realizamos uns 20, sempre de graça. Como Beatles passa de pai para filho, queremos que o Cavern Club consiga o mesmo.
Um dos primeiros sócios do fã-clube foi o conhecido Marco Antonio Mallagoli, que inclusive fazia parte da diretoria, até partir para criar seu próprio clube. Quando aconteceu o rompimento entre vocês e como?
Quando o Mallagoli foi à minha casa querendo saber como ser sócio e participar, o Cavern Club já era conhecido e com muitos sócios e colaboradores. Ficamos unidos durante 1 ano, mais ou menos. Depois, houve um rompimento e cada um foi para um lado. Ele acabou tendo a sorte e o mérito de conhecer o Lennon pessoalmente. Outras coisas só posso dizer que é folclore.
O que exatamente voce diz que é folclore?
Eu considero o Marco Antonio Mallagolli um grande meninâo. Como fã a gente sempre comete exageros e tenho certeza que o que foi publicado dizendo que o john vinha ao Brasil assistir Carnaval e que mandou disco de ouro um pouco de folclore, um pequeno exagero.
Sobre o rompimento só posso dizer que ele não podia ver uma câmera de TV que ficava todo afobado e logicamente gerou ciúmes, pois o pai da idéia era eu, aí então foi um para cada lado e boa sorte aos dois, né? Ficou alguma mágoa de fã pois quando a gente só pensava nos Beatles, o fã clube era muito forte e com o rompimento os dois saíram perdendo. Ele jogava as pessoas contra mim. Lembra-se daquela estória de colocar uma marca de giz no châo? Ele se considerava o quinto beatle, só ele sabia das coisas e vice e versa, porém eu tinha a certeza que as coisas não eram do jeito que ele mostrava. Tem histórias folclóricas para muitos anos, quem sabe um dia, nas minhas memórias?
Você poderia dizer que hoje são amigos novamente?
Foram 14 anos de rompimento e graças ao Jayme Marques, um grande cara, que vivia pegando no pé dos dois, hoje nos falamos novamente e a vida continua.
Os fãs dos Beatles sempre sonharam com uma reunião da banda. E os fãs paulistas, eles podem sonhar com uma união Cavern-Revolution?
De 1.995 para cá eu deixei a polêmica de lado e passei a frequentar e me aproximar mais dos fãs que adoram o Mallagolli e consegui fazer boas amizades. Tem aqueles que acham que só existe o Revolution e evitam bater papo com a gente, mas eu não ligo. Não deveria ser assim, mas tudo bem. Às vezes eu penso comigo: preciso trabalhar mais e tentar sempre fazer coisas legais para que vejam que eu sou boa pessoa.
Você não respondeu: Revolution e Cavern Club podem se unir novamente?
Acredito que pelos fã de hoje não haveria nenhum problema, já pensei em realizar grandes eventos e o Marcos já se prontificou a tocar com a sua banda, mas seria legal nós dois pensando somente em Beatles em um palco, apresentando umas 20 bandas, que tal?
Qual o seu momento máximo como beatlemaníaco?
Graças a Deus foram vários: quando estivemos com o George; quando estivemos com o Paul graças a Claudia Tapety de Recife; quando fui a LONDRES e LIVERPOOL em 95; quando fui convidado a participar do projeto "o artista por ele mesmo" da editora Martin Claret (sp), procurei convence-los que seria fundamental termos um livro sobre os Beatles em catálogo em português e outro sobre o PAUL. Neste momento eu contribui como fã e o fã brasileiro saiu ganhando com os dois volumes, vendidos nas bancas a 5 reais. Isso em 1993.
O nascimento de minha primeira filha cinthya lennon; especial de uma semana na TRANSAMERICA FM sobre os Beatles, em 79; o especial sobre John Lennon na TV Bandeirantes em 1980; conhecer a Cinthya Lennon e o Pete Best em 95; ter nascido a minha filha, Elizabeth Harrison em 2001.... existem ainda dezenas de fatos, mas os mais marcantes estão mencionados acima.
Você esteve com o George quando ele esteve aqui no Brasil em 1997?
Taí algo em que eu não acredito. Mais uma vez ocorreu algum exagero. Gostaria de ver fotos ou outros detalhes da presença dele incógnito em SP em1997 ou outra época. Sempre é bom termos a presença deles por aqui. Cadê o RINGO?
Com muito atraso finalmente o BCC lança o seu website. O que você espera da Internet?
Eu espero o principal, mostrar trabalho, competência, ter novos amigos e contribuir para a grandeza da Beatlemania no Brasil. Em outros países ela sempre foi forte e sempre será.
você irá comercializar beatle-material no site?
Sempre achei legal dividir o pouco que eu tenho com outros fãs, aliás é fundamental difundir a Beatlemania, e esta é uma das formas.
Como surgiu a idéia do website?
Eu tenho tentado criar uma página desde agosto de 2001, porém quem ia fazer a página prometia e depois nunca tinha tempo, até surgir o meu contato com um amigo de longa data o Jose Carlos Almeida (você conhece?).
Qual a sua opinião sobre a fabricação e venda de discos piratas no Brasil?
Uma grande idéia dos anos 80 foi a fabricação em SP de discos de vinil, o famoso bolachão, com gravações inéditas dos Beatles e das carreiras solo. Foram feitos uns 10 titulos diferentes, uma grande sacada para a época. Acredito que muitos de nós tenhamos em casa algum desses. A coisa chata é que foram vendidos como sendo discos importados e por um preço super caro para a época. Depois fizeram um oficial do Michael Jackson, Policia Federal descobriu tudo e deu um rolo danado. A porta da boa idéia se fechou, uma pena.
Você poderia citar algum título entre esses "falsos importados"?
Eu não lembro todos os titulos, mas eram... Complete to the king (Paul Mcartney), Abbey Road (capa dupla), tinha um com a trilha do filme Let It Be (duplo). O selo é branco com uma foto dos Beatles em preto e branco em volta da cadeira e a gravadora era uma tal "Manto Records".
Você produz alguma pirataria?
Inicialmente eu tenho somente transformado do formato vinil para o CD.
Sua família te acompanha nas aventuras do mundo beatlemaníaco?
Em festas sim, nas beatle-correrias não.
Se você pudesse escolher um só momento para reviver, escolheria o encontro com o Paul ou com o George?
Seu eu pudesse reviver, eu escolheria sem dúvida, o contacto com o George. Foi o primeiro, o mais díficil e pela beleza daquela época, onde os valores eram outros e muito mais importante do que hoje. A gente era mais feliz e não sabia.
Concluindo: fale-nos um pouco sobre o evento em homenagem ao George.
Todos os anos eu faço momentos como este, para a gente se reunir com a galera e através da boa musica relembrar e comemorar em grande estilo a presença em nossas vidas deste 4 rapazes de Liverpool, que nos mostraram uma maneira de ser felizes, tendo bons amigos a nossa volta e tendo o prazer de ser beatlemaníaco. Os preparativos e a ansiedade tomam conta da gente, pois vem muita gente de longe e precisamos ser bons hospitaleiros . Teremos 6 bandas ao vivo, sorteios e muitas surpresas. A Thais harrison [N do E: nossa colunista Calico Skies] e o Marcus Rampazzo irão roubar a cena pelo carisma que os dois têm. Ambos são bem tímidos... (risos)
Só pra lembrar:
Tributo a George Harrison
Acontece no dia 23 de fevereiro (sábado), a partir das 21:00h., no Hemisfério Sul Restaurante (Av. Ipiranga 958 - Centro - SP). Participação das bandas Acustic Beatles, Plastic Soul, Beatkids e Zoombeatles. Participação especial de Marcus Rampazzo (Beatles 4ever) e Calico Skies.
Entrevista: Vladimir Araújo
Um dos maiores especialistas em raridades dos Beatles no Brasil, o cearense Vladimir Araújo assina 3 colunas no nosso portal: POR DENTRO DA MAÇÃ (com análises de bootlegs, revistas e livros), THE BEATLES 30 DAYS (sobre a série de 18 CDs especiais) e THE BEATLES PROMO (sobre itens promocionais dos Beatles). Ele nos concedeu esta entrevista que é uma verdadeira aula sobre "Beatle Rarities", com tudo que o verdadeiro colecionador deve saber.
Uma pergunta que sempre me fazem: "o Vladimir possui mesmo todos aqueles lançamentos que comenta no portal?". E então, você tem mesmo tantos discos?
Veja bem. Quando tive a iniciativa de fazer uma coluna onde fossem comentados discos piratas e gravações alternativas dos Beatles, procurei firmar comigo mesmo um compromisso: jamais comentar um álbum sem que antes o ouvisse. Jamais falar sobre um livro sem antes tê-lo lido. Dessa forma, sempre procuro adquirir o disco antes de pô-lo na coluna. É mais honesto com quem está lendo. Sempre me impressionou o fato de que vários sites internacionais com pouco tempo no ar já exibiam mais de mil CD's comentados. Depois descobri que a maioria deles funciona com o envio de resenhas feitos por fãs, não necessariamente conhecedores da obra do grupo. Assim fica fácil. É por isso que existe tanta informação errada por aí. Respondendo, pois, a pergunta, sim, os discos em sua grande maioria são meus, adquiridos arduamente no decorrer dos anos.
Como é que dá tempo para ouvir tantos discos, ler tantos livros e assistir tantos vídeos - além de levar uma vida de "gente normal"?
Se estivesse começando agora a colecionar itens dos Beatles, ler sobre o grupo e ouvir tantas gravações, com certeza não daria tempo. Mas é que já estou nesse meio há uns bons vinte anos e antes minha vida não era tão atribulada. Conseguia, pois, ler tudo o que podia e ouvia os discos com maior tranquilidade. Com o tempo, surgem as preocupações do trabalho, família e é normal haver uma espécie de retração. No entanto, sempre sobra um tempinho pra ler um novo livro e escutar os últimos lançamentos do mercado alternativo.
Todo colecionador esconde suas "fontes". Você poderia pelo menos responder através de que métodos você consegue tantas raridades em CD e vídeo?
Quase a totalidade do material é conseguido, é comprado no exterior. Muitas vezes não se trata de esconder as fontes, mas é que os próprios vendedores destas gravações não gostam de ser identificados.
Qual o item mais querido da sua coleção e qual foi o mais difícil de se obter?
Vladimir com o seu Mersey Beat original, ao fundo Poderia listar vários, pois, para o colecionador de material dos Beatles existem alguns itens que simplesmente fazem a diferença. Falando de CD's, um dos meus preferidos é um promo lançado durante a febre do disco "The Beatles 1" e chamado "The Beatles Soundbites". Trata-se de um single onde cada um dos Beatles e ainda o produtor George Martin comenta as faixas do álbum 1. Na época o disquinho chegou a custar em lojas especializadas quase R$ 600,00 e hoje é extremamente raro. Foi um dos mais difíceis de conseguir. Em se tratando de livros, poderia citar as primeiras edições dos dois livros lançados por John Lennon em 1964 e 1965. Adorei consegui-los. Tem também o jornal Mersey Beat, de Liverpool, original, datado de janeiro de 1963 com uma das primeiras publicidades do grupo e onde o nome de Paul McCartney aparece grafado de forma errada. Agora, xodó mesmo, e como não poderia deixar de ser, são os autógrafos de Paul McCartney e George Harrison, todos devidamente emoldurados.
Antes da Internet, como eram feitos os contatos com os outros colecionadores, para aquisição das raridades?
Antes da Internet tudo era mais difícil e demorado. Os contatos eram feitos por carta e não podemos esquecer que o advento da Internet quase que coincide com o aparecimento do CD. Sendo assim, além tudo levar mais tempo, lembro que ficava rezando para o velho vinil chegar para mim em bom estado. Não tinha esse negócio de débito on line ou via cartão de crédito. Era tudo em cash. Uma verdadeira temeridade, mas tinha lá seu charme.
A coluna "Por Dentro da Maçã" completou recentemente 1 ano de vida. Como você vê esse momento? Está satisfeito com o resultado?
Muito. Principalmente por observar pelos comentários dos que acessam o site que o objetivo está sendo atingido. Procuro visar principalmente o fã neófito, aquele que ao se deparar com um álbum pirata não sabe o que é , desconhece a qualidade da gravação e a história do disco. Lembro que quando comecei a adquirir álbuns piratas, a maioria das compras eram feitas no escuro. O acesso a livros sobre bootlegs não era tão fácil como hoje e os que existiam eram importados. Cansei de comprar discos com takes iguais onde só a capa era diferente. O que mais me deixa feliz é quando recebo um e-mail de alguém que comprou um CD pirata e me diz que a coluna o ajudou de alguma forma e que o comentário batia exatamente com o que ele estava escutando no disco. Isso pra mim não tem preço. Ressalto também, que sempre que posso procuro não me ater totalmente ao disco em si, buscando sempre que possível contar um pouco da história das gravações, analisando o contexto em que as faixas foram feitas.
Além dos Beatles, você coleciona material de outros artistas, ou pelo menos gosta? Quais?
Não diria que coleciono, mas compro muitos discos de outros artistas. Desde os seis anos que escuto Rock'n Roll, pois, meus irmãos sempre compraram muitos álbuns. Dai, tenho coisas do Led Zeppelin, The Who, Yes, Pink Floyd, Genesis, Bob Dylan, Rolling Stones enfim, da maioria dos representantes do bom e velho Rock'n Roll .
Apesar de ser tão longe do eixo Rio-SP, Fortaleza parece ter um cenário Beatle bem intenso. Como você analisa essa realidade?
Essa pergunta merece uma resposta cuidadosa. De início, não acho que o cenário beatle em Fortaleza seja tão intenso assim. Poderia ser melhor se tivéssemos espaços para exposições, workshops, apresentações de filmes e tudo mais. No entanto, a cena beatle em Fortaleza resume-se praticamente a algumas bandas cover que tocam músicas dos Beatles e a um programa de rádio (Frequência Beatles) que vai ao ar todo sábado por uma rádio universitária local e do qual participo com um quadro sobre as novidades do mundo beatle. Particularmente acho pouco. Na maioria das vezes as iniciativas partem de colecionadores individuais. Não se vê por aqui , por exemplo, bandas de outros estados, locais onde possa haver troca e venda de material etc.
Todos conhecemos as realizações da dupla Vladimir Araújo/Claudio Teran aí no Ceará. Você incluiria outras pessoas daí como importantes para a Beatlemania nacional? Quem?
Certamente que existem em Fortaleza outras pessoas que compram discos e material relativo aos Beatles. Contudo, e pra não correr o risco de esquecer alguém, gostaria no momento de citar o nome do grande amigo Julio Serra, um dos precursores da beatlemania no Brasil e que já fazia nas décadas de 60, 70 e 80 o que Teran e eu fazemos hoje.
E a família, como encara esse fanatismo pelos Beatles? Toda a família Araújo é beatlemaníaca, ou você também é uma "ovelha negra"?
Meus irmãos admiram e respeitam o grupo mas, não posso dizê-los beatlemaníacos. Eles sempre gostaram de outras vertentes do Rock. No tocante ao gostar, digamos, "exagerado" pelos Fab Four, nunca deixei que ultrapassasse a barreira do real. A obra do grupo está veia, mas os pés tem sempre de estar no chão.
Sendo um fã "das antigas", que comparação voce faria da Beatlemania atual com a dos anos 70, 80 e 90?
Nas décadas passadas, até pela dificuldade em se obter informações e material, acho que o romantismo era maior. Hoje ficou tudo muito fácil. Sabe-se de tudo o que acontece sobre os Beatles com um clique de botão. Lembro que no final da década de 70 uma das únicas publicações sobre música no Brasil era a revista Somtrês e que ficava esperando ansiosamente para ler a coluna do Malagolli. Quando um vinil chegava ao Brasil, já havia sido lançado no exterior há vários meses e pouco ou nada sabíamos sobre o álbum. Hoje, sabemos dos passos de Paul McCartney ou Ringo em tempo real e, se quisermos, podemos comprar um disco no máximo um ou dois dias após o mesmo ter sido lançado no mercado internacional. Cada época, pois, tem seu diferencial.
Qual o seu momento máximo como Beatlemaníaco?
Sem dúvida alguma a visita em 1996 a Londres e Liverpool. Atravessar Abbey Road, parar em frente ao portão de Strawberry Fields, caminhar em Penny Lane ou estar na Mathew Street são sensações inigualáveis para qualquer fã do grupo. De repente aquilo tudo é história mas está bem ali, na sua frente. É como se tudo o que você já viu apenas em fotografia nos livros e revistas se materializasse. Inesquecível.
Não sei quantos discos você tem mas, tem gente por ai que diz ter mais de mil discos da banda. Existem mesmo tantas gravações piratas assim?
Olha, não tenho mil discos dos Beatles e nem acho que uma coleção deva ser medida pela quantidade de álbuns que você tem na estante. De que me vale ter dez discos onde somente a capa é diferente? Sim, porque hoje é preciso ter cuidado, pois, os ditos "pirateiros" pegam faixas já lançadas em outros CD's, montam uma nova embalagem e jogam no mercado. Acima de tudo há que se separar o joio do trigo. E pra fazer isso, pra comprar com critério você tem que ler, você tem que se cercar de fontes de pesquisa e saber onde estão realmente as gravações raras. Veja o exemplo das sessões do Let It Be. Quantas centenas de discos já saíram sobre aquelas gravações até que, enfim, se chegasse a uma série concisa e coerente como a 30 Days?
Penso que tudo é uma questão de critério. Posso até estar errado, mas não acho de todo interessante ter todos os discos piratas, por exemplo, de uma turnê de Paul McCartney onde o track list não se alterou. Tome-se a título de ilustração essa última turnê de Paul. O cara fez mais de 20 apresentações e somente em uma delas, em Toronto, fez algo de diferente, tocando Mull of Kintyre. O que importa então? Adquirir dois ou três shows e mais o show de Toronto, exatamente por diferenciar-se dos outros. Assim ocorre com os takes de estúdio. De repente alguém diz ter vinte CD's com outtakes do disco All Things Must Pass. Escute-se atentamente e logo se vai perceber que a maioria das gravações são repetidas. Costumo às vezes comprar um disco por causa de uma faixa, pois, se essa música for rara e importante para uma coleção, há que ser adquirida. Também questiono bastante as pessoas que se importam mais em comprar discos piratas que mesmo os álbuns oficias. Acho um contra-senso. Como ter dez álbuns piratas de Ringo Starr se a coleção oficial não está completa? Critério e pesquisa são palavras chave.
Como você definiria o disco promocional dentro de uma coleção?
Você tocou num ponto bem interessante. Veja bem: quando se consegue adquirir todos os discos oficiais dos Beatles, carreira solo e a parte que realmente interessa da pirataria, o colecionador costuma se perguntar: e agora? Pra onde ir? O caminho dos promos é uma boa resposta e explico o porquê. O Cd promo ocupa uma posição intermediária onde, apesar de não fazer parte da discografia oficial do artista, é produzido pela gravadora e com a participação do músico, ou seja, o cara opina na capa do promo e nas músicas que vão fazer parte do track list. E mais: o promo geralmente vem numa embalagem especial por ser feito em baixa tiragem e não raro, traz uma ou outra faixa exclusiva. O caso dos Beatles é sintomático. Como não comprar o promo do álbum Vertical Man de Ringo Starr, por exemplo, se somente nesse disco saíram duas faixas que não constam no disco oficial? Como não ter o Howitis, de Lennon, se só ali se encontra uma rara versão da faixa I'm Loosing You? Gosto sempre de lembrar também que o último disco lançado por George Harrison foi na realidade um promo, contendo uma entrevista de mais de vinte minutos concedida a um jornalista americano. O disquinho saiu em fevereiro/março de 2001 e George morreria poucos meses depois. Dá pra ignorar isso? É verdade que são itens caros, por terem sua venda proibida mas, acho que vale a pena.
Na sua avaliação, qual a importância de um site como o BeatlesBrasil para a beatlemania nacional dos dias de hoje?
Olha , fica meio difícil responder essa pergunta exatamente por eu escrever três colunas para o site. De repente qualquer coisa que eu fale aqui, pode parecer que estou "puxando o saco". Mas, vamos lá. Achei ótima a iniciativa do portal, principalmente por haver preenchido uma lacuna. Não havia no Brasil até então, nada parecido. Sites de Beatles até que se encontrava mas, sempre para comercializar material. Nada de informação. Acho que o diferencial do BeatlesBrasil está justamente nisso, pois, da forma como está caminhando consegue dar informações a novos fãs dos Beatles e fazer com que mais e mais pessoas conheçam a obra do grupo.
Paul McCartney, sem nenhum desmerecimento a genialidade dos outros três.
Música:
Norwegian Wood (apesar de ser quase impossível escolher só uma)
Disco:
Abbey Road
Frase:
"Turn off your mind relax and float down stream" (Tomorrow Never Knows)
Vinil ou CD:
CD e que me perdoem os puristas.
Entrevista concedida a Jose Carlos Almeida
Uma pergunta que sempre me fazem: "o Vladimir possui mesmo todos aqueles lançamentos que comenta no portal?". E então, você tem mesmo tantos discos?
Veja bem. Quando tive a iniciativa de fazer uma coluna onde fossem comentados discos piratas e gravações alternativas dos Beatles, procurei firmar comigo mesmo um compromisso: jamais comentar um álbum sem que antes o ouvisse. Jamais falar sobre um livro sem antes tê-lo lido. Dessa forma, sempre procuro adquirir o disco antes de pô-lo na coluna. É mais honesto com quem está lendo. Sempre me impressionou o fato de que vários sites internacionais com pouco tempo no ar já exibiam mais de mil CD's comentados. Depois descobri que a maioria deles funciona com o envio de resenhas feitos por fãs, não necessariamente conhecedores da obra do grupo. Assim fica fácil. É por isso que existe tanta informação errada por aí. Respondendo, pois, a pergunta, sim, os discos em sua grande maioria são meus, adquiridos arduamente no decorrer dos anos.
Como é que dá tempo para ouvir tantos discos, ler tantos livros e assistir tantos vídeos - além de levar uma vida de "gente normal"?
Se estivesse começando agora a colecionar itens dos Beatles, ler sobre o grupo e ouvir tantas gravações, com certeza não daria tempo. Mas é que já estou nesse meio há uns bons vinte anos e antes minha vida não era tão atribulada. Conseguia, pois, ler tudo o que podia e ouvia os discos com maior tranquilidade. Com o tempo, surgem as preocupações do trabalho, família e é normal haver uma espécie de retração. No entanto, sempre sobra um tempinho pra ler um novo livro e escutar os últimos lançamentos do mercado alternativo.
Todo colecionador esconde suas "fontes". Você poderia pelo menos responder através de que métodos você consegue tantas raridades em CD e vídeo?
Quase a totalidade do material é conseguido, é comprado no exterior. Muitas vezes não se trata de esconder as fontes, mas é que os próprios vendedores destas gravações não gostam de ser identificados.
Qual o item mais querido da sua coleção e qual foi o mais difícil de se obter?
Vladimir com o seu Mersey Beat original, ao fundo Poderia listar vários, pois, para o colecionador de material dos Beatles existem alguns itens que simplesmente fazem a diferença. Falando de CD's, um dos meus preferidos é um promo lançado durante a febre do disco "The Beatles 1" e chamado "The Beatles Soundbites". Trata-se de um single onde cada um dos Beatles e ainda o produtor George Martin comenta as faixas do álbum 1. Na época o disquinho chegou a custar em lojas especializadas quase R$ 600,00 e hoje é extremamente raro. Foi um dos mais difíceis de conseguir. Em se tratando de livros, poderia citar as primeiras edições dos dois livros lançados por John Lennon em 1964 e 1965. Adorei consegui-los. Tem também o jornal Mersey Beat, de Liverpool, original, datado de janeiro de 1963 com uma das primeiras publicidades do grupo e onde o nome de Paul McCartney aparece grafado de forma errada. Agora, xodó mesmo, e como não poderia deixar de ser, são os autógrafos de Paul McCartney e George Harrison, todos devidamente emoldurados.
Antes da Internet, como eram feitos os contatos com os outros colecionadores, para aquisição das raridades?
Antes da Internet tudo era mais difícil e demorado. Os contatos eram feitos por carta e não podemos esquecer que o advento da Internet quase que coincide com o aparecimento do CD. Sendo assim, além tudo levar mais tempo, lembro que ficava rezando para o velho vinil chegar para mim em bom estado. Não tinha esse negócio de débito on line ou via cartão de crédito. Era tudo em cash. Uma verdadeira temeridade, mas tinha lá seu charme.
A coluna "Por Dentro da Maçã" completou recentemente 1 ano de vida. Como você vê esse momento? Está satisfeito com o resultado?
Muito. Principalmente por observar pelos comentários dos que acessam o site que o objetivo está sendo atingido. Procuro visar principalmente o fã neófito, aquele que ao se deparar com um álbum pirata não sabe o que é , desconhece a qualidade da gravação e a história do disco. Lembro que quando comecei a adquirir álbuns piratas, a maioria das compras eram feitas no escuro. O acesso a livros sobre bootlegs não era tão fácil como hoje e os que existiam eram importados. Cansei de comprar discos com takes iguais onde só a capa era diferente. O que mais me deixa feliz é quando recebo um e-mail de alguém que comprou um CD pirata e me diz que a coluna o ajudou de alguma forma e que o comentário batia exatamente com o que ele estava escutando no disco. Isso pra mim não tem preço. Ressalto também, que sempre que posso procuro não me ater totalmente ao disco em si, buscando sempre que possível contar um pouco da história das gravações, analisando o contexto em que as faixas foram feitas.
Além dos Beatles, você coleciona material de outros artistas, ou pelo menos gosta? Quais?
Não diria que coleciono, mas compro muitos discos de outros artistas. Desde os seis anos que escuto Rock'n Roll, pois, meus irmãos sempre compraram muitos álbuns. Dai, tenho coisas do Led Zeppelin, The Who, Yes, Pink Floyd, Genesis, Bob Dylan, Rolling Stones enfim, da maioria dos representantes do bom e velho Rock'n Roll .
Apesar de ser tão longe do eixo Rio-SP, Fortaleza parece ter um cenário Beatle bem intenso. Como você analisa essa realidade?
Essa pergunta merece uma resposta cuidadosa. De início, não acho que o cenário beatle em Fortaleza seja tão intenso assim. Poderia ser melhor se tivéssemos espaços para exposições, workshops, apresentações de filmes e tudo mais. No entanto, a cena beatle em Fortaleza resume-se praticamente a algumas bandas cover que tocam músicas dos Beatles e a um programa de rádio (Frequência Beatles) que vai ao ar todo sábado por uma rádio universitária local e do qual participo com um quadro sobre as novidades do mundo beatle. Particularmente acho pouco. Na maioria das vezes as iniciativas partem de colecionadores individuais. Não se vê por aqui , por exemplo, bandas de outros estados, locais onde possa haver troca e venda de material etc.
Todos conhecemos as realizações da dupla Vladimir Araújo/Claudio Teran aí no Ceará. Você incluiria outras pessoas daí como importantes para a Beatlemania nacional? Quem?
Certamente que existem em Fortaleza outras pessoas que compram discos e material relativo aos Beatles. Contudo, e pra não correr o risco de esquecer alguém, gostaria no momento de citar o nome do grande amigo Julio Serra, um dos precursores da beatlemania no Brasil e que já fazia nas décadas de 60, 70 e 80 o que Teran e eu fazemos hoje.
E a família, como encara esse fanatismo pelos Beatles? Toda a família Araújo é beatlemaníaca, ou você também é uma "ovelha negra"?
Meus irmãos admiram e respeitam o grupo mas, não posso dizê-los beatlemaníacos. Eles sempre gostaram de outras vertentes do Rock. No tocante ao gostar, digamos, "exagerado" pelos Fab Four, nunca deixei que ultrapassasse a barreira do real. A obra do grupo está veia, mas os pés tem sempre de estar no chão.
Sendo um fã "das antigas", que comparação voce faria da Beatlemania atual com a dos anos 70, 80 e 90?
Nas décadas passadas, até pela dificuldade em se obter informações e material, acho que o romantismo era maior. Hoje ficou tudo muito fácil. Sabe-se de tudo o que acontece sobre os Beatles com um clique de botão. Lembro que no final da década de 70 uma das únicas publicações sobre música no Brasil era a revista Somtrês e que ficava esperando ansiosamente para ler a coluna do Malagolli. Quando um vinil chegava ao Brasil, já havia sido lançado no exterior há vários meses e pouco ou nada sabíamos sobre o álbum. Hoje, sabemos dos passos de Paul McCartney ou Ringo em tempo real e, se quisermos, podemos comprar um disco no máximo um ou dois dias após o mesmo ter sido lançado no mercado internacional. Cada época, pois, tem seu diferencial.
Qual o seu momento máximo como Beatlemaníaco?
Sem dúvida alguma a visita em 1996 a Londres e Liverpool. Atravessar Abbey Road, parar em frente ao portão de Strawberry Fields, caminhar em Penny Lane ou estar na Mathew Street são sensações inigualáveis para qualquer fã do grupo. De repente aquilo tudo é história mas está bem ali, na sua frente. É como se tudo o que você já viu apenas em fotografia nos livros e revistas se materializasse. Inesquecível.
Não sei quantos discos você tem mas, tem gente por ai que diz ter mais de mil discos da banda. Existem mesmo tantas gravações piratas assim?
Olha, não tenho mil discos dos Beatles e nem acho que uma coleção deva ser medida pela quantidade de álbuns que você tem na estante. De que me vale ter dez discos onde somente a capa é diferente? Sim, porque hoje é preciso ter cuidado, pois, os ditos "pirateiros" pegam faixas já lançadas em outros CD's, montam uma nova embalagem e jogam no mercado. Acima de tudo há que se separar o joio do trigo. E pra fazer isso, pra comprar com critério você tem que ler, você tem que se cercar de fontes de pesquisa e saber onde estão realmente as gravações raras. Veja o exemplo das sessões do Let It Be. Quantas centenas de discos já saíram sobre aquelas gravações até que, enfim, se chegasse a uma série concisa e coerente como a 30 Days?
Penso que tudo é uma questão de critério. Posso até estar errado, mas não acho de todo interessante ter todos os discos piratas, por exemplo, de uma turnê de Paul McCartney onde o track list não se alterou. Tome-se a título de ilustração essa última turnê de Paul. O cara fez mais de 20 apresentações e somente em uma delas, em Toronto, fez algo de diferente, tocando Mull of Kintyre. O que importa então? Adquirir dois ou três shows e mais o show de Toronto, exatamente por diferenciar-se dos outros. Assim ocorre com os takes de estúdio. De repente alguém diz ter vinte CD's com outtakes do disco All Things Must Pass. Escute-se atentamente e logo se vai perceber que a maioria das gravações são repetidas. Costumo às vezes comprar um disco por causa de uma faixa, pois, se essa música for rara e importante para uma coleção, há que ser adquirida. Também questiono bastante as pessoas que se importam mais em comprar discos piratas que mesmo os álbuns oficias. Acho um contra-senso. Como ter dez álbuns piratas de Ringo Starr se a coleção oficial não está completa? Critério e pesquisa são palavras chave.
Como você definiria o disco promocional dentro de uma coleção?
Você tocou num ponto bem interessante. Veja bem: quando se consegue adquirir todos os discos oficiais dos Beatles, carreira solo e a parte que realmente interessa da pirataria, o colecionador costuma se perguntar: e agora? Pra onde ir? O caminho dos promos é uma boa resposta e explico o porquê. O Cd promo ocupa uma posição intermediária onde, apesar de não fazer parte da discografia oficial do artista, é produzido pela gravadora e com a participação do músico, ou seja, o cara opina na capa do promo e nas músicas que vão fazer parte do track list. E mais: o promo geralmente vem numa embalagem especial por ser feito em baixa tiragem e não raro, traz uma ou outra faixa exclusiva. O caso dos Beatles é sintomático. Como não comprar o promo do álbum Vertical Man de Ringo Starr, por exemplo, se somente nesse disco saíram duas faixas que não constam no disco oficial? Como não ter o Howitis, de Lennon, se só ali se encontra uma rara versão da faixa I'm Loosing You? Gosto sempre de lembrar também que o último disco lançado por George Harrison foi na realidade um promo, contendo uma entrevista de mais de vinte minutos concedida a um jornalista americano. O disquinho saiu em fevereiro/março de 2001 e George morreria poucos meses depois. Dá pra ignorar isso? É verdade que são itens caros, por terem sua venda proibida mas, acho que vale a pena.
Na sua avaliação, qual a importância de um site como o BeatlesBrasil para a beatlemania nacional dos dias de hoje?
Olha , fica meio difícil responder essa pergunta exatamente por eu escrever três colunas para o site. De repente qualquer coisa que eu fale aqui, pode parecer que estou "puxando o saco". Mas, vamos lá. Achei ótima a iniciativa do portal, principalmente por haver preenchido uma lacuna. Não havia no Brasil até então, nada parecido. Sites de Beatles até que se encontrava mas, sempre para comercializar material. Nada de informação. Acho que o diferencial do BeatlesBrasil está justamente nisso, pois, da forma como está caminhando consegue dar informações a novos fãs dos Beatles e fazer com que mais e mais pessoas conheçam a obra do grupo.
Saideiras:
Beatle preferido:Paul McCartney, sem nenhum desmerecimento a genialidade dos outros três.
Música:
Norwegian Wood (apesar de ser quase impossível escolher só uma)
Disco:
Abbey Road
Frase:
"Turn off your mind relax and float down stream" (Tomorrow Never Knows)
Vinil ou CD:
CD e que me perdoem os puristas.
Entrevista concedida a Jose Carlos Almeida
Os 10 itens mais caros da memorabília Rock
1 - Rolls-Royce Phantom V, de 1965, psicadélico, de John Lennon
2.299.000 dólares (Sotheby's New York, 29 de Junho de 1985).
2 - Piano Steinway Model Z, de John Lennon
com marcas de cigarros, onde o ex-Beatle compôs "Imagine" - 2.150.000 dólares (leilão Fleetwood-Owen online, Hard Rock Cafe, Londres e Nova Iorque, 17 de Outubro de 2000). Foi comprado por George Michael.
3 - Guitarra "Brownie", de Eric Clapton, onde gravou "Layla"
497.500 dólares (Christie's New York, 24 de Junho de 1999).
4 - Manuscrito de Bernie Taupin
da nova letra da canção "Candle In The Wind" - 400.000 dólares (Christie's Los Angeles, 400.000 dólares).
5 - Guitarra Fender Stratocaster, de Jimi Hendrix
usada em Woodstock, em 1969 - 370.260 dólares (Sotheby's London, 25 de Abril de 1990).
6 - Manuscrito de Paul McCartney de "Getting Better"
1967 - 251.643 dólares (Sotheby's London, 14 de Setembro de 1995).
7 - Guitarra acústica Gibson, de Buddy Holly
circa 1945, com caixa feita por Buddy - 242.000 dólares (Sotheby's New York, 23 de Junho de 1990).
8 - Mercedes-Benz 600 Pullman, de 1970, de John Lennon
213.125 dólares (Christie's London, 27 de Abril de 1989).
9 - Ferrari 330 GT, coupé, volante à direita, de 1965, de John Lennon
190.750 dólares (leilão Fleetwood-Owen online, Hard Rock Cafe Londres e Nova Iorque, 17 de Outubro de 2000).
10 - Livro de notas de Mal Evans, de 1967 e 1968
que inclui uma versão de Paul McCartney para a letra de "Hey Jude" - 185.201 dólares (Sotheby's London, 15 de Setembro de 1998).
Fonte: "The Top 10 Of Everything 2002", de Russell Ash (DK)
quarta-feira, 16 de outubro de 2002
Por que as lágrimas caem quando ouço os Beatles
Tenho 24 anos e me encantei com a carta da pequena Ana de 10 anos, porque eu era como ela - enquanto minhas amigas gostavam de coisas dos anos 80, eu vivia procurando músicas dos anos 50 e 60.
Na realidade, existe uma pessoa (agora está me assistindo lá de cima, junto com John e George ), que me influenciou demais: meu pai, João Daniel, que se achava parecido com John, mas no fundo era um Ringo. Me emociono demais ao lembrar dele, principalmente aos domingos, que ele nos acordava com "Yellow Submarine" bem alto (hoje é domingo, meu coração esta partido, minhas lágimas caem).
Eu cresci ouvindo Elvis, Little Richard, muito rockabilly anos 50, até jazz, Ella Fizgerald, tudo sobre rock inglês... e o principal: Beatles - é a minha primeira referência de música!
Quando tinha 15 anos, em 93, eu e meu pai realizamos um grande sonho: Assistimos o Paul no Pacaembu... enquanto eu cantava e chorava, meu pai tinha um sorriso maroto no rosto e chorava discretamente com um olhar incrédulo, mas tão maravilhado... indescritível. Mas choramos juntos quando o Paul foi até o piano e começou os primeiros acordes de "Hey Jude".
Assistimos muitos filmes juntos. Ele me explicava que ficava seção após seção de Help!, e eu ficava imaginando como seria maravilhoso ver um fime dos Beatles na tela grande.
Há quase 4 anos, meu pai foi chamado por Deus... e não pôde se despedir da gente (ele teve um ataque do coração no meio da madrugada). Fico lembrando dele, apagando a luz da sala e ouvindo a cítara de George.
Quando meu pai morreu, eu coloquei um papelzinho na mão dele (esse é um segredo entre beatlemaníacos) com a letra de "Hey Jude" - mais uma vez estava chorando, mas de tristeza.
Logo em seguida, sonhei com meu pai. Cantava "Strawberry Fields Forever" para ele.
Quando a versão remasterizada de A Hard Days Night voltou aos cinemas, pude realizar o sonho que eu comentava tanto com meu pai... e chorei... percebi a presença dele ali, como se ele estivesse ao meu lado, com aquele sorriso maroto no rosto e choro discreto, com um olhar incrédulo mas tão maravilhado... indescritível.
-- [ vivian torres ] -- designer
Na realidade, existe uma pessoa (agora está me assistindo lá de cima, junto com John e George ), que me influenciou demais: meu pai, João Daniel, que se achava parecido com John, mas no fundo era um Ringo. Me emociono demais ao lembrar dele, principalmente aos domingos, que ele nos acordava com "Yellow Submarine" bem alto (hoje é domingo, meu coração esta partido, minhas lágimas caem).
Eu cresci ouvindo Elvis, Little Richard, muito rockabilly anos 50, até jazz, Ella Fizgerald, tudo sobre rock inglês... e o principal: Beatles - é a minha primeira referência de música!
Quando tinha 15 anos, em 93, eu e meu pai realizamos um grande sonho: Assistimos o Paul no Pacaembu... enquanto eu cantava e chorava, meu pai tinha um sorriso maroto no rosto e chorava discretamente com um olhar incrédulo, mas tão maravilhado... indescritível. Mas choramos juntos quando o Paul foi até o piano e começou os primeiros acordes de "Hey Jude".
Assistimos muitos filmes juntos. Ele me explicava que ficava seção após seção de Help!, e eu ficava imaginando como seria maravilhoso ver um fime dos Beatles na tela grande.
Há quase 4 anos, meu pai foi chamado por Deus... e não pôde se despedir da gente (ele teve um ataque do coração no meio da madrugada). Fico lembrando dele, apagando a luz da sala e ouvindo a cítara de George.
Quando meu pai morreu, eu coloquei um papelzinho na mão dele (esse é um segredo entre beatlemaníacos) com a letra de "Hey Jude" - mais uma vez estava chorando, mas de tristeza.
Logo em seguida, sonhei com meu pai. Cantava "Strawberry Fields Forever" para ele.
Quando a versão remasterizada de A Hard Days Night voltou aos cinemas, pude realizar o sonho que eu comentava tanto com meu pai... e chorei... percebi a presença dele ali, como se ele estivesse ao meu lado, com aquele sorriso maroto no rosto e choro discreto, com um olhar incrédulo mas tão maravilhado... indescritível.
-- [ vivian torres ] -- designer